segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ELEIÇÕES 2010, RACISMO E O MEDO

AS RAZÕES DO MEDO


Por Mauro Santayana


É com amargura que somos obrigados a retomar o tema, mas o silêncio, nesse caso, é criminosa cumplicidade. Trata-se da estúpida e perigosa reação de jovens dos estados do Sul, sobretudo de São Paulo, contra os brasileiros do Nordeste, desta vez com relação aos resultados eleitorais. O racismo é abominável, ao não aceitar os seres humanos diferentes, mas é também incômodo ao revelar a profunda ignorância dos que o praticam. Todos os homens são iguais em sua essência, e a moderna biologia vai além: as diferenças entre os seres humanos e os demais mamíferos são insignificantes.

A vida é a aventura comum da matéria. Não conhecemos suas razões e provavelmente jamais as conheceremos. Os grandes aceleradores de partícula podem identificar o bóson de Higgs, em que, conforme a presunção de alguns físicos, Deus poderá ser encontrado. Mas, ainda que ali o encontrássemos, seria impossível com ele dialogar e conhecer as suas razões para criar o cosmo. Restará sempre a dúvida: por quê? Por que a vida, por que a morte, por que o ódio?

Como seres humanos, tivemos que lutar pela sobrevivência contra outros seres vivos, das feras pré-históricas aos vírus e bactérias identificados em nosso tempo, e contra seus vetores, como os ratos e os insetos. Como seres humanos, não temos sabido conviver uns com os outros, como provam as guerras, e o racismo – suprema manifestação da ignorância – não é só um sentimento dos homens primitivos, que sobrevive entre nós. É a exposição mais transparente da debilidade, do medo. Esses jovens de São Paulo e de outras cidades meridionais, no fundo, não desprezam os nordestinos. Temem, apenas, que eles os venham suplantar, o que já começa a ocorrer. O desempenho intelectual de moças e rapazes das universidades de Campina Grande, de Natal, de Recife – entre outras – está surpreendendo os observadores, principalmente no que se refere ao conhecimento científico.

As pessoas, quando aprendem a pensar, tornam-se poderosas – e riem dos preconceitos. Para aprender a pensar, basta duvidar das verdades tidas como absolutas. A única verdade absoluta é a morte. Temos que combater todos os racismos, mesmo quando eles se disfarçam na “defesa” da própria “raça”. Esse combate se inicia na constatação de que raça é substantivo abstrato. Não existem raças humanas. Houve, como confirma a ciência, durante a peregrinação da espécie, a partir da África, a adaptação dos seres humanos às condições próprias das latitudes, da alimentação, do clima, o que resultou na cor da pele e em outras alterações do corpo. Somos todos “afrodescendentes”, para fazer concessão a outra violação do bom-senso, que é o uso dos termos “politicamente corretos”. Se black is beautiful, por que rejeitar a palavra negro?

Mas, no caso dos nordestinos, não é o preconceito “racial” que atua. Eles são discriminados porque, em sua imensa maioria, são pobres. Sua pobreza secular é resultado de duas catástrofes: uma, natural, a da seca; outra, social, a da cruel opressão das oligarquias. Essas duas tragédias os tangeram à migração. Sendo-lhes negada a educação, viram-se, nos estados desenvolvidos, obrigados aos trabalhos mais penosos e mal remunerados. Da mesma forma que não há preconceito contra os negros ricos, tampouco há contra os nordestinos ricos; nem há no Nordeste mais mestiços do que no resto do Brasil. Ao contrário: numerosas de suas famílias descendem dos holandeses e franceses que ocuparam a região, e deixaram sua marca genética, na cor da pele, dos cabelos, dos olhos. O que eles temem é a ascensão dos pobres ao poder, nordestinos ou não, como é o caso de Lula.

É necessário impedir que a infecção se alastre. Ela deve ser cauterizada logo, pela ação rápida e severa da Justiça.


Fonte: blogdadilma

NEONAZISTAS SÃO CAÇADOS NO RIO GRANDE DO SUL

A Polícia Civil gaúcha intensificou o combate a um grupo neonazista em Porto Alegre (RS) que divulgou um vídeo com trechos de reportagens sobre a política de quotas nas universidades, cenas de violência entre agressores negros e vítimas brancas, a imagem do senador Paulo Paim (PT-RS) e da ex-ministra da Igualdade Racial Matilde Ribeiro. O material, que inclui ainda CD’s, DVD’s, fotografias, camisetas, distintivos, facas, correntes, uma soqueira e um computador portátil, foi recolhido em uma residência, sexta-feira, no Centro de Porto Alegre.

O responsável pelos objetos não foi localizado. Ele é membro do White Power Sul Skin, um dos grupos neonazistas atuantes no Sul do país que pregam a limpeza racial e a doutrina de que negros, homossexuais e judeus são inferiores.

– Isso não nos intimida. Se pensavam que iam me prejudicar no processo eleitoral, se deram mal. Pretendo fazer uma audiência pública no Congresso, chamar a CNBB, a OAB, o Ministério da Justiça, porque isso é uma situação nacional. É inadmissível, enquanto os EUA elegem um presidente negro, a Bolívia, um índio, e o Brasil, um operário e, agora, uma mulher – afirmou Paim.

Neste domingo, o senador Paulo Paim (PT-RS) divulgou uma nota na qual repudia os atos de um grupo neonazista. Na nota, Paim, que foi reeleito para um mandato de oito anos no Senado, afirma que as ameaças não o intimidarão e que sua luta para o fim de todos os preconceitos prosseguirá. O parlamentar propôs a realização de uma audiência pública para debater o tema, no dia 19 deste mês, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra.

Leia a íntegra da nota

“Se eles pensam que com este movimento vão calar a minha voz no Congresso Nacional, que sempre foi e será, em defesa dos discriminados, sejam eles negros, brancos, índios, ciganos, evangélicos, católicos, de matriz africana, judeus, palestinos e daqueles que lutam pela livre orientação sexual, estão enganados. Pelo contrário. Continuarei a minha luta para que todos os preconceitos e discriminações sejam eliminados em nosso país. Se o material elaborado por essas pessoas foi feito para me intimidar ou prejudicar, isso não aconteceu, pois não me intimido e tampouco os gaúchos. Lembro que há oito anos fui eleito para o Senado com 2 milhões de votos e o povo gaúcho numa demonstração de repúdio a esse tipo de atitude neonazista me reelegeu com quase o dobro de votos, 3.9 milhões. Sou o único senador negro eleito e reeleito na história da República Brasileira. Sei das minhas responsabilidades perante este momento. É inadmissível que em pleno século 21, quando os Estados Unidos elegeram um negro presidente, a Bolívia um índio presidente e o Brasil uma mulher presidente, nós tenhamos que conviver com situações como a ocorrida hoje em Porto Alegre. Tenho absoluta certeza que atitudes como essa não são aceitas pelo povo gaúcho e brasileiro. Não vou exigir segurança pessoal como foi levantado. Pretendo sim, realizar uma audiência pública aqui no Senado no dia 19 de novembro, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra com a presença da OAB, CNBB, Ministério da Justiça, Direitos Humanos, Movimento Negro.

Senador Paulo Paim”

Fonte: Correio do Brasil
PSDB E DEM EM SENTIDOS OPOSTOS

A aliança de direita que perdeu as eleições no país começa a se desmanchar. A série de atritos entre os partidos conservadores que apoiavam a candidatura de José Serra (PSDB-SP) teve seu clímax com a escolha do deputado Índio da Costa (DEM-RJ), sob os protestos de tucanos até do Rio de Janeiro, domicílio eleitoral do concorrente derrotado à Vice-Presidência da República. Serra demorou meses até se decidir por honrar o acordo com a leganda de extrema-direita, que ameaçava, em plena campanha eleitoral, abandonar a coligação do “Brasil pode mais”.

Neste sábado, porém, o presidente nacional do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ) disse a jornalistas que a “prioridade” de seu partido para 2014 é o lançamento de um presidenciável próprio, colocando um fim no agrupamento de legendas que seguiu para a derrota com o candidato Serra.

– DEM e PSDB devem construir os seus projetos em conjunto, mas em vias paralelas. Juntos no Congresso e nas eleições municipais de 2012, mas cada em condições de chegar a 2014 com candidatos próprios – afirmou.

Segundo Maia, filho do candidato derrotado ao Senado Cesar Maia, “o eleitor decidiu pela continuidade”, o que parece credenciar os integrantes da oposição a disparar seus mísseis contra a recém-chegada ao Palácio do Planalto.

– Voto (foi) no Lula, não na Dilma. É o terceiro mandato do Lula por meio da Dilma. Legítimo. Entraremos no nono ano do governo Lula. É um governo velho. Por isso, a oposição não deve aguardar. A Dilma prometeu 1 milhão de casas. Entregou 200 mil. Prometeu mais 2 milhões. Vamos cobrar 2,8 milhões de casas. O PAC registra execução de 40%. Vamos cobrar os outros 60%. Não se justifica esperar três meses. Lula disse que só fez um bom governo por causa da Dilma. Se é assim, ela vai tocar tudo já no dia 2 de janeiro – disparou.

Rodrigo Maia acrescenta que a prioridade do DEM, no atual momento, é tentar reciclar o que restou do partido nas urnas.

– Nossa prioridade é dar sequencia à renovação do partido, iniciada em 2007. O DEM deve ter a coragem de expor com clareza as teses que defende. Aprofundaremos nossas posições em temas como saúde, segurança pública e redução da carga tributária – concluiu.

Fonte: Correio do Brasil

PAÍSES EMERGENTES E UNIÃO EUROPÉIA EXIGIRÃO DOS ESTADOS UNIDOS RESPONSABILIDADES COM A ECONOMIA

Os Brics e a Europa se unem para exigir que a declaração final da cúpula do G-20 nesta semana inclua um chamado político para que países abandonem a adoção de medidas que acabem colocando em risco as demais economias. O chamado que será proposto será um recado direto ao governo dos Estados Unidos, depois que o Fed anunciou a injeção de US$ 600 bilhões em sua economia.

A medida gerou críticas de emergentes e europeus. Neste fim de semana, porém, o presidente do Fed, Ben Bernanke, defendeu a decisão de injetar liquidez no mercado.

A partir de hoje, na Coreia do Sul, começa a fase final da negociação do texto da declaração final da cúpula. Ontem, ativistas coreanos tomaram as ruas e a polícia de Seul foi obrigada a usar força e até gás de pimenta para dispersar os manifestantes.

Fontes próximas à negociação confirmaram que o apelo para um reforço da mensagem contra atitudes como a dos Estados Unidos será um dos principais pontos de atuação das diplomacias da Europa, China, Rússia, Índia e Brasil. A ofensiva tem como meta a de tentar obrigar governos a coordenar suas políticas, além de forçar muitos a desenvolver estratégias de recuperação que considerem a situação dos demais países.

Negociadores mais irônicos chegam a afirmar que finalmente os Brics e a Europa começaram a se entender dentro do G-20, ainda que seja para atacar de forma unânime os Estados Unidos. "Isso está parecendo mais um G-19 contra 1 que o G-20 harmonioso e confiante que víamos há dois anos", disse uma fonte próxima à negociação. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), uma ação coordenada do G-20 para salvar a economia mundial poderia gerar 52 milhões de empregos no médio prazo. Mas a constatação é de que a lua de mel no G-20 é coisa do passado.

De fato, a pressão sobre os americanos começou no fim de semana. Bancos centrais de todo o mundo pedem do Fed uma explicação sobre sua decisão. A medida, para muitos, ameaça fortalecer o risco de uma bolha de ativos nos mercados emergentes, já que a experiência nos últimos dois anos revelou que a injeção de liquidez na economia americana não está sendo absorvida e os recursos acabam aquecendo o fluxo de capital especulativo nos mercados emergentes.

Desde ontem, os xerifes das finanças internacionais estão reunidos na Basileia, num encontro que promete ser um ensaio para a tensão na cúpula do G-20, na quinta-feira, em Seul. "O que foi feito precisa ser explicado", cobrou um alto funcionário do BC argentino. "Há muitos países irritados e o clima não é bom", admitiu. Henrique Meirelles, presidente do BC, é o representante brasileiro na reunião.

Traição. Do lado europeu, banqueiros ressaltam não entender como é que os Estados Unidos tomaram tal rumo, poucas semanas depois de assinar uma declaração entre ministros de Finanças em que ficava claro que governos serão "vigilantes" em relação ao impacto de suas medidas nos demais parceiros. O comportamento americano chega a ser classificado de "traição". Agora, Berlim e Paris insistem que precisam de garantias políticas de que tais práticas não vão se repetir. "A pressão será forte sobre os Estados Unidos no G-20", admitiu um dos presidentes de BC de um país escandinavo.

Do ponto de vista americano, seus representantes também negam que tenham violado o espírito da declaração dos ministros. Washington não acredita que o impacto de suas medidas seja profundo no fluxo de capitais aos emergentes e insiste que é do interesse de todos ver a maior economia do mundo crescer.

"Não estamos tentando criar inflação. Nosso objetivo é o de dar estímulo adicional para ajudar a economia a se recuperar e evitar a desinflação potencial", explicou Bernanke. "Acho que todos concordam que isso seria o pior resultado." Ele alertou que a economia americana sofreu uma "desinflação significativa" desde o começo da crise.

Alguns BCs concordam com Bernanke. "Precisamos da economia americana forte e com sinais de recuperação", admitiu Mohamed Al Jasser, governador do BC da Arábia Saudita. "Entendo que Brasil e outros mercados estejam preocupados. Mas temos de pensar qual outra medida os americanos têm hoje para relançar sua economia", afirma.

Mas a tese não tranquilizou os emergentes nem a Europa. Há alguns dias, o governo alemão de Angela Merkel já havia alertado que a atitude do Fed "apenas criava problemas extras ao mundo". Merkel deve ser uma das vozes mais duras contra os Estados Unidos.

Superávit. Alemanha, Brasil e China ainda vão voltar a rejeitar os planos americanos de criar um teto para superávits de países. A proposta do Fed era de que esse teto seria de 4% dos PIBs nacionais, num esforço para equilibrar as contas do planeta. Negociadores, porém, garantem que Brasil, os demais países do Bric e Europa bloquearão qualquer tentativa dos americanos de recolocar o tema na agenda.

Pequim, Berlim e Brasília defenderão a tese da redução dos déficits públicos como maneira de equilibrar as contas, algo que já havia sido fechado na cúpula do G-20, em Toronto.

Fonte: Estadão

RECORDE NA PRODUÇÃO DE VEÍCULOS NO BRASIL


A produção de veículos no país cresceu 15,3% no acumulado dos dez primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período em 2009, atingindo a fabricação de 3,043 milhões de unidades e batendo mais um recorde. A maior marca até então (2,922 milhões) havia sido contabilizada em 2008.

De acordo com os dados divulgados pela Anfavea (associação das montadoras) nesta segunda-feira, em outubro foram produzidos 321.814 automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões, o melhor resultado para o mês, com alta de 5,5% ante setembro e aumento de 1,5% no confronto com igual intervalo em 2009, ano que teve o desempenho afetado pelo agravamento da crise econômica mundial.

Já as exportações tiveram acréscimo de 74,8% no acumulado do ano, totalizando 649.302 veículos. Considerando apenas outubro, as vendas para o mercado externo (78.072) tiveram expansão de 6,8% na comparação com o mês passado e alta de 61,1% em relação a igual intervalo em 2009.

O número de empregados nas montadoras somou ao final do mês passado 116.673 trabalhadores, superando o patamar contabilizado em setembro (115.577). Levando em conta também os funcionários em fabricantes de máquinas agrícolas, a indústria empregava 135.253 pessoas, também acima dos 134.026 registrados no mês anterior.

As vendas de veículos novos no país apresentaram expansão de 8,0% no acumulado dos dez primeiros meses deste ano, no confronto com o mesmo intervalo em 2009, batendo o recorde para o período com o emplacamento de 2,805 milhões de unidades.

Em outubro, 303,2 mil automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões foram licenciados, atingindo também um novo patamar para o mês, mesmo com a redução de 1,3% ante setembro. No comparativo com igual período no ano passado, houve acréscimo de 3,0%.

Fonte: Folha