segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

REMÉDIOS ANTI-HIV SÃO ROUBADOS NA ÁFRICA DO SUL PARA A FABRICAÇÃO DE ALUCINÓGENOS

Um novo coquetel que mistura medicamentos anti-Aids com detergente e veneno de rato está ameaçando a saúde de portadores do vírus HIV na comunidade sul-africana de Umlazi, na província de KwaZulu-Natal.

Pacientes cujas vidas dependem do antirretroviral Stocrin para conter o avanço do vírus se tornaram vítimas frequentes de gangues de ladrões que procuram matérias-primas para a fabricação da chamada "whoonga", uma droga recreacional.

A mistura de substâncias químicas, altamente tóxica e viciante, tem como um dos ingredientes as pílulas antirretrovirais, que são misturados a outras substâncias e adicionadas a cigarros de maconha.

Os traficantes crêem que a droga anti-HIV potencializa os efeitos alucinógenos da marijuana – embora não haja provas científicas de tal efeito.

"Por um lado, estamos em uma batalha para permanecer vivos. Agora, temos de nos cuidar contra vândalos que querem roubar a nossa única chance de vida – porque é isso que eles estão levando quando roubam o nosso medicamento", resume Phumzile Sibiya, que toma o antirretroviral há seis meses.

Por causa do risco de roubos, em vez de levar os medicamentos para casa, ela agora visita a clínica em grupo para tomar a pílula.

"Simplesmente não me sinto segura para coletar as pílulas. Nunca se sabe o que pode acontecer. É muito doloroso", diz Sibiya, enquanto espera na fila de uma clínica ao sul da cidade de Durban.

O chefe de polícia da África do Sul, Bheki Cele, descreveu o coquetel como "um grande problema nacional" e disse que a sua contribuição para os números do crime está sendo investigada pela força de elite sul-africana, os Hawks.

Crise de abstinência

A clínica de Ithembalabantu é o maior ponto de distribuição de drogas anti-Aids nesta parte de KwaZulu-Natal, a província com o maior número de infecções por HIV no país.

O diretor da clínica, o médico Bright Mhlongo, diz que o uso de Stocrin na whoonga "limita os nossos já restritos recursos em termos de tratamento com antirretroviais na África".

"A pílula é a espinha dorsal do tratamento, é o que usamos para a maioria dos nossos pacientes", disse. "Se deixarmos de utilizá-la como a base do tratamento, podemos ser obrigados a usar medicamentos que são muito mais caros e não estão facilmente disponíveis."

Comparada a outras drogas, a whoonga é barata: um tablete custa apenas 20 rands (cerca de R$ 5).

Mas os viciados na mistura precisam de várias doses por dia, segundo Vukani Mahlase, que conseguiu abandonar o vício, e que passou o último ano preso por roubo.

"Quando bate a necessidade e está sem dinheiro (para comprar outra dose), você topa qualquer coisa. Eu e meus amigos podíamos usar armas de fogo e facas, qualquer coisa ao alcance, para conseguir algum dinheiro para comprar um pouco mais", afirma.

Mahlase, que também é portador do HIV, diz que quer largar o vício.

"Os médicos me disseram que se eu continuar a fumar a whoonga, pode afetar a maneira como meu corpo responde ao tratamento", conta.

Entre outros riscos da whoonga apontados pelos médicos estão hemorragias internas, úlceras de estômago e, em alguns casos, até a morte.

'Gosto amargo'

Outro dependente de whoonga, que não quis ser identificado, afirmou que, como é comumente o caso, a experiência com o novo coquetel começa como "um barato" e termina com gosto amargo.

"(A whoonga) é altamente viciante. Você precisa fumar só para se sentir normal", contou o jovem, usuário da droga há três anos.

"Quando a vontade chega tenho dores nas juntas e dores fortes no estômago. É como se os órgãos internos estivessem em chamas. Preciso fumar só para aliviar a dor."

Jovens participantes do projeto Whoonga Free, na comunidade de KwaDabeka, nos arredores de Durban, responsabilizam a pressão dos amigos pelo vício.

Thabane Chamane, 21, diz que "não há emprego suficiente aqui e você acaba se envolvendo com as coisas erradas".

"Whoonga era o que havia no meu tempo e foi por isso que comecei a fumar. Eu queria ser igual a todo mundo", disse Chamane.

Siphesihle Pakisi, 19, concorda: "Eu tinha muitas dificuldades de lidar com o divórcio dos meus pais e meus amigos me contaram que a droga fazia esquecer tudo isso. Eles diziam que tirava todo o estresse – e funcionou, mas por pouco tempo".

Pakisi e seus amigos gastavam até 200 rands por dia (R$ 50) em whoonga. Quando um deles morreu de overdose, ele conta, veio a decisão de abandonar o vício.

"Meu amigo morreu bem debaixo do meu nariz. Ele vomitou até as tripas. Foi assustador e eu não queria que o mesmo acontecesse comigo", diz Pakisi, olhando para o horizonte.

Vida nova

Até 2008, o tratamento de HIV/Aids na África do Sul com antirretrovirais enfrentava limitações por causa do alto custo das drogas.

Estima-se que em 2007 as mortes por Aids na África do Sul alcançaram 350 mil. O país tem 1,4 milhão de órfãos da Aids.

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, eleito há dois anos, prometeu aumentar a distribuição dos medicamentos. Mas o governo precisa garantir que os medicamentos acabem nas mãos certas.

Além disso, Thokozani Sokhulu, que fundou o Whoonga Free em 2008, diz que é preciso também oferecer possibilidades de uma vida melhor para os jovens que acabam se viciando na droga pela falta de perspectiva.

"Não basta prender os traficantes; é preciso oferecer alternativas para os usuários", diz Sokhulu. "Nossos jovens estão pedindo ajuda."

Fonte: BBC Brasil

NASA CAPTURA IMAGEM DE ERUPÇÃO SOLAR

Imagens feitas pela Agência Espacial Americana (Nasa) mostram uma imensa erupção solar que ocorreu no dia 24 de fevereiro. O observatório dinâmico solar capturou o momento em que a tempestade produziu esta gigantesca tocha de plasma incandescente, um fenômeno conhecido como proeminência solar.


A erupção completa durou cerca de uma hora e meia e foi classificada como de intensidade média. Recentemente, o sol entrou numa fase de maior atividade, com uma série de tempestades solares que começou há cerca de uma semana - depois de anos de baixa atividade.

Esta última erupção não aconteceu na direção da Terra e por isso não deve causar dificuldades de comunicação para satélites e outros sistemas eletrônicos. As tempestades solares costumam atingir picos a cada 11 anos.

Fonte: BBC Brasil

ESTADOS UNIDOS CONGELARAM 30 BILHÕES DE DÓLARES DA LÍBIA

Os Estados Unidos congelaram US$ 30 bilhões [R$ 49 bilhões] em ativos da Líbia depois das sanções impostas pela Casa Branca contra o regime do ditador Muammar Gaddafi na semana passada, informou nesta segunda-feira um alto responsável do Tesouro em Washington.

"Ao menos 30 bilhões de dólares foram bloqueados em virtude do decreto" assinado na sexta-feira (25) pelo presidente Barack Obama, informou à imprensa o secretário de Estado do Tesouro interino encarregado da luta contra o terrorismo e da inteligência financeira, David Cohen.

"É o maior congelamento de fundos jamais feito em virtude de um programa de sanções" nos Estados Unidos, completou Cohen.

O governo americano impôs na sexta-feira (25) sanções contra Gaddafi e quatro de seus filhos, congelando ativos e propriedades nos Estados Unidos.

Cohen declarou que mais sanções estão a caminho. "Estamos considerando aumentar a lista de indivíduos" afetados por essas sanções, declarou.

CERCO MILITAR

Também hoje, o Pentágono anunciou que as Forças Armadas dos EUA estão reposicionando equipes navais e aéreas nos arredores da Líbia. A medida foi anunciada depois de a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, dizer que "nenhuma opção está fora da mesa" para encerrar a onda de violência no país africano --o que incluiria uma intervenção militar.

O porta-voz do Departamento de Defesa, coronel Dave Lapan, disse que a equipe de planejamento do Pentágono trabalha com várias opções e planos de contingência e, como parte desses, estava reposicionando suas forças.

Em entrevista a jornalistas, Lapan não quis dizer abertamente se os EUA consideram uma intervenção militar. Os EUA mantêm presença militar frequente no mar Mediterrâneo e tem dois porta-aviões mais ao sul, na área do golfo Pérsico.

"Nós temos planejadores trabalhando e vários planos de contenção e eu acho que é seguro dizer que como parte disso estamos reposicionando nossas forças para sermos capazes de dar esta flexibilidade assim que as decisões forem tomadas", disse.

Apesar do avanço da oposição líbia, que já controla a parte leste do país, Gaddafi se recusa a deixar o poder e atribui os protestos à rede terrorista Al Qaeda. Ele está cada vez mais isolado na capital Trípoli, que apesar da forte segurança registra protestos de oposição.

EXÍLIO

O exílio pode ser uma opção para o ditador líbio, Muammar Gaddafi, afirmou nesta segunda-feira o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Ao ser questionado se os Estados Unidos iriam facilitar o exílio do ditador, diante dos apelos internacionais para que ele deixe o poder, Carney afirmou que isso "seria especulação" e que não comentaria.

O porta-voz afirmou ainda que os EUA estão discutindo formas de fechar o espaço aéreo sobre a Líbia.

Fonte: Folha

PORTUGAL À BEIRA DE UMA CRISE ECONÔMICA

Portugal fez um forte apelo para que a Europa adote medidas mais duras nas próximas semanas contra ataques do mercado, dizendo que, se nada for feito, a reforma econômica será em vão. Portugal é considerado o próximo candidato a ter de recorrer a um resgate internacional, como Grécia e Irlanda, e há dúvidas crescentes sobre a disposição da Alemanha para apoiar a expansão ou a reconfiguração do fundo anticrise da zona do euro, algo que acalmaria os investidores e reduziria a pressão sobre os países.

O ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, disse a uma conferência organizada pela Reuters e pela rádio local TSF que Portugal está pronto para reduzir o déficit orçamentário e implementar reformas dolorosas, como prometido. Porém, ele acrescentou:

– Eu temo que, se a Europa não tomar as medidas necessárias, todo este esforço pode ter sido em vão.

A posição do ministro foi apoiada pelo diretor do BES, segundo maior banco português, que criticou a indecisão europeia sobre como combater a crise de dívida.

– A correção dos desequilíbrios nas finanças públicas está sendo encaminhada e é essencial para a economia portuguesa reconquistar a confiança do mercado – disse Ricardo Espírito Santo Salgado à conferência.

Ele disse que a falta de clareza sobre as decisões que serão tomadas nas próximas reuniões da UE está por trás da disparada nos rendimentos dos bônus de economias fracas da zona do euro, incluindo os de Portugal.

– Após uma correção nos spreads soberanos e no crédito no começo do ano, especialmente por expectativas de uma reforma dos mecanismos de estabilização financeira e de coordenação orçamentária, a incerteza sobre as decisões do Conselho Executivo em março contribuiu para uma nova alta nos prêmios de risco – disse ele.

Em ordem

Teixeira dos Santos disse que os mercados não estão convencidos com as medidas atuais europeias, embora Portugal esteja pronto para agir e colocar a economia em ordem.

– Os mercados querem ação e resultados em três frentes — consolidação fiscal, crescimento econômico e fortalecimento do setor financeiro. Isso depende de nós e nós estamos comprometidos a isso. Nós temos de proceder firmemente com iniciativas nessas três frentes. Existe uma deficiência na construção do euro. Falta uma perna, e essa perna é a componente orçamentária ou fiscal. Temos uma moeda única mas não temos um instrumento orçamentário ou fiscal à escala europeia – disse ele.

Fonte: Correio do Brasil

BANCO CENTRAL ALERTA CONTRA FALSAS FINANCEIRAS

O Banco Central (BC) alerta os consumidores que querem pegar empréstimos oferecidos em anúncios de jornal, na rua, por telefone ou internet para conferir se a instituição tem autorização de funcionamento da autoridade monetária antes de fechar a operação.

O chefe do Departamento de Prevenção a Ilícitos Financeiros e de Atendimento de Demandas de Informações do Sistema Financeiro do BC, Ricardo Liáo, destaca que, geralmente, instituições financeiras falsas ou não autorizadas oferecem muitas facilidades e pedem para depositar dinheiro como garantia.

– Qualquer transação que esteja iniciando com alguém que não é autorizado, o grau de risco é muito grande, como ter que pagar pelo dinheiro (empréstimo) sem ter recebido, pagar consórcio e não ter o bem. Ou ter que pagar uma taxa de cadastramento ou avaliação cadastral – disse, neste domingo.

Segundo Liáo, a maioria dos casos de estelionato não chega a ser comunicada ao BC. De março de 2009 até 15 de fevereiro de 2011, foram feitas apenas 42 denúncias formais de golpes relacionados a operações ou produtos privativos do sistema financeiro. De acordo com Liáo, entre as poucas denúncias feitas ao BC, estão golpes relacionados a empréstimos de pequeno valor, mas também prejuízos milionários.

Já o número de consultas para saber se uma instituição financeira é autorizada a funcionar é um pouco maior: no mesmo período, foram feitas 31.374 consultas ao BC sobre cadastro e informações referentes a instituições financeiras e outras 6.164 sobre consórcios. As dúvidas relacionadas a golpes ficaram em 5.715.

Segundo Liáo, a atuação do BC, neste caso, está restrita à prevenção. Quando o consumidor já caiu em um golpe, a orientação é procurar a Polícia Civil. “A competência é das políticas civis. Meu limite de atuação é no mundo das instituições autorizadas. Se percebemos que a pessoa interessada não fez nenhuma provocação à autoridade policial, no limite, fazemos isso ou orientamos para que ela faça isso. Não temos competência [legal] para correr atrás de agiota”, diz Liáo.

Fora das estatísticas do BC e da Polícia Civil, está o caso da professora Fernanda (nome fictício), de 32 anos. Em 2007, ela caiu em um golpe, mas teve medo de ser perseguida pelos criminosos. Com vergonha por ter sido enganada, ela não registrou ocorrência na polícia. Tudo começou quando, com o nome inscrito em um cadastro de devedores, a professora viu em um anúncio de jornal a solução para seus problemas financeiros: a oferta de empréstimo mesmo para quem não tinha o “nome limpo”.

Toda a operação foi feita por meio de fax e telefone, já que a falsa financeira ficava em São Paulo e a professora viu o anúncio em Brasília. Ela iria pegar um empréstimo de R$ 12 mil reais para pagar em prestações, durante 30 anos. Para liberar o dinheiro, a falsa financeira exigiu como garantia três depósitos – de R$ 150, R$ 250 e R$ 200. Para depositar uma das parcelas da “garantia” exigida, ela tomou R$ 250 emprestados da irmã. “Ela estava tão obcecada para pegar o dinheiro que não se tocou que era um golpe”, conta a irmã da professora.

A falsa financeira chegou a depositar um cheque no valor de R$ 12 mil na conta de Fernanda. Assim, aparecia no extrato bancário o dinheiro ainda bloqueado. Depois de serem feitos os três depósitos pela professora, o cheque foi sustado e a falsa financeira não atendeu mais suas ligações.

Para consultar se uma instituição financeira está autorizada a funcionar, basta acessar a página do BC. Para pessoas com deficiência auditiva ou de fala, a opção é ligar para o número 0800 979 2345 ou 0800 642 2345. A ligação é gratuita.

Fonte: Correio do Brasil

GMAIL APRESENTA FALHAS E USUÁRIOS BUSCAM RESPOSTAS

Milhares de usuários do Gmail enfrentam na manhã desta segunda-feira o mesmo problema: seus e-mails, anexos e conversas no Gtalk - serviço de bate-papo do Google - simplesmente desapareceram. Segundo o Daily Mail, a falha no Google pode ter atingido mais de 600 mil usuários do Gmail em todo o mundo. Entretanto, outro site, o Mashable, fala em 150 mil contas.
O problema, relatado ao Google ainda no domingo à tarde, teria afetado 0,29% dos usuários do serviço, mas o próprio Google revisou esse número para 0,08% pouco antes da meia-noite, de acordo com o The Huffington Post.
Um porta-voz do Google disse que desde o domingo vem tentando solucionar o problema. "Nós já corrigimos o problema para algumas pessoas. Nossos engenheiros estão trabalhando o mais rápido possível e nós temos esperança de que tudo volte ao normal em breve. Lamentamos muito o inconveniente aos nossos clientes".
Sobre os problemas, usuários relataram em fóruns de ajuda que eram capazes de enviar novas mensagens, mas que nenhuma das suas conversas anteriores estavam disponíveis. Os contatos parecem ter sido preservados.
Fonte: Jornal do Brasil

COMEÇA NESTA TERÇA-FEIRA A ENTREGA DA DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA

O supervisor nacional do Imposto de Renda, Joaquim Adir, dá entrevista coletiva nesta segunda-feira sobre o Programa de Preenchimento da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2011, que estará disponível na página da Receita Federal a partir desta  terça-feira, dia 1º de março. Será às 10h30, na sala de reuniões da Receita, no sétimo andar no Ministério da Fazenda.
Também participa da coletiva a coordenadora-geral de Atendimento e Educação Fiscal, Maria Helena Cotta Cardozo. Ela apresentará as novas facilidades oferecidas no site da Receita, que ajudarão os contribuintes na entrega de suas declarações.
Vale lembrar que começa amanhã o prazo para a entrega da declaração do imposto de renda ano-calendário 2010. Quanto mais cedo a declaração for entregue, mais rapidamente será liberada a restituição.
A partir deste ano, a Receita Federal não aceitará a declaração por meio de formulário de papel. O programa para o preenchimento do documento também estará disponível para download a partir de amanhã. Além do envio online, é possível entregar a declaração em CD ou disquete nas agências da Caixa Econômica e do Banco do Brasil.
Pelo segundo ano consecutivo, a Receita aumentou o limite para isentos do imposto de renda. Agora, quem obteve rendimentos tributáveis de até R$ 22.487,25 durante 2010, está isento de declarar. Na declaração relativa a 2009, o teto era de R$ 17.215,08.
Os documentos básicos para fazer a declaração são os mesmo de sempre: comprovante de rendimentos; extrato bancário e de investimentos, além dos comprovantes de gastos. Os empregadores, bancos e corretoras têm obrigação de entregar esses documentos até esta segunda-feira.
Fonte: Jornal do Brasil

REBELDES AVANÇAM E TOMAM MAIS UMA CIDADE NA LÍBIA

Rebeldes armados adversários de Muammar Gaddafi assumiram o controle de Zawiyah, perto da capital Trípoli, no domingo, com o líder líbio novamente prometendo continuar no poder do seu governo, que já dura 41 anos.

'O povo quer a queda do regime', gritava uma multidão de várias centenas de pessoas, usando as palavras de ordem que ecoaram em todo o mundo árabe em protesto contra governos autoritários.

'Esta é a nossa revolução', acrescentavam, levantando o punho em celebração e desafio. Alguns se posicionaram em cima de um tanque capturado, enquanto outros se aglomeraram ao redor uma arma antiaérea. As mulheres estavam no topo de edifícios saudando os homens abaixo.

'A Líbia é a terra dos livres e honrados', lia-se em uma faixa. Outra representava a cabeça de Gaddafi com o corpo de um cachorro.

Buracos de bala marcavam prédios carbonizados em Zawiyah e veículos queimados haviam sido abandonados.

A cena, a apenas 50 quilômetros a oeste de Trípoli, foi mais um indício de que o poder de Gaddafi está se enfraquecendo.

Moradores de áreas de Trípoli montaram barricadas proclamando sua oposição ao governo, depois que as forças de segurança debandaram.

A televisão sérvia disse que Gaddafi responsabilizou os estrangeiros e a Al Qaeda pela agitação e condenou o Conselho de Segurança da ONU pela imposição de sanções e pelo pedido de um inquérito de crimes de guerra.

'A Líbia está segura, não há conflitos, Trípoli está segura', disse ele. 'O Conselho de Segurança não acredita que Trípoli é segura.'

A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton disse que os Estados Unidos estão tentando se comunicar com grupos de oposição na Líbia.

'Estamos nos aproximando de muitos libaneses diferentes no leste do país. É cedo demais para prever resultados', disse ela antes de partir para Genebra para consultar aliados.

O Conselho de Segurança impôs, por unanimidade, a proibição de viagens e o congelamento dos bens de Gaddafi e seu círculo mais próximo no sábado. O Conselho aprovou um embargo de armas e pediu que a repressão aos manifestantes fosse investigada pelo Tribunal Criminal Internacional.

O número de mortes de quase duas semanas de violência na Líbia foi estimado por alguns diplomatas em cerca de 2 mil pessoas.

A agitação aumentou o preço do petróleo para mais de 112 dólares o barril nos EUA. Embora a Líbia produza apenas dois por cento do petróleo mundial e a Arábia Saudita tenha aumentado a produção, o mercado teme que os tumultos se intensifiquem em todo o mundo árabe.

REBELDES NO CONTROLE

O filho de Gaddafi Saif al-Islam disse que havia uma 'grande lacuna entre a realidade e a mídia'. 'O sul todo está tranquilo. O oeste está calmo. A região central está calma, assim como o leste.'

Para comprovar o fato, as autoridades levaram um grupo de jornalistas estrangeiros a Zawiyah, para mostrar que ainda controlavam a cidade. Mas ficou evidente que os rebeldes estavam no controle.

Residentes do local disseram que houve uma luta violenta pelo controle contra os paramilitares pró-Gaddafi munidos de armamento pesado.

'Vamos acabar com Gaddafi. Ele vai cair em breve. Ele tem que sair agora. Estamos perdendo a paciência', disse um homem chamado Sabri.

'Gaddafi é louco. Seu pessoal atirou contra nós usando granadas de propulsão', disse um homem, que deu o nome de Mustafá. Outro homem, chamado Chawki, disse: 'Nós precisamos de justiça. Pessoas estão sendo mortas. O pessoal de Gaddafi atirou contra o meu sobrinho'.

Um médico de uma clínica improvisada na mesquita da cidade disse que 24 pessoas haviam sido mortas em confrontos com correligionários do governo nos últimos três dias, e um pequeno parque ao lado da praça principal havia sido transformado em um cemitério.

'Precisamos de mais medicamentos, mais comida e mais médicos', disse o médico Youssef Mustafá. 'Há muitos bons médicos na Líbia, mas não podem entrar em Zawiyah.'

Moradores do local disseram ter capturado 11 combatentes pró-Gaddafi, sem ferimentos, e mostraram aos repórteres dois sendo detidos em uma cela na principal mesquita da cidade. Cerca de 50 mil pessoas, muitos trabalhadores migrantes, fugiram para a Tunísia desde 21 de fevereiro.

'INIMIGO DE DEUS'

Moradores de Tajoura, um bairro pobre de Trípoli, ergueram barricadas com pedras e palmeiras em ruas repletas de lixo e paredes estavam cobertas por pichações. Os buracos de bala nas paredes das casas eram provas da violência.

Moradores da área disseram que tropas dispararam contra manifestantes que tentaram marchar até a Praça Verde, no centro de Tajoura, à noite, matando pelo menos cinco pessoas. O número não pôde ser confirmado de forma independente.

'Gaddafi é o inimigo de Deus!', gritava uma multidão no sábado, no funeral de um homem que teria sido morto por partidários de Gaddafi.

A televisão estatal líbia mostrou novamente pessoas cantando a sua lealdade para com Gaddafi na Praça Verde, no sábado. Mas jornalistas estimaram o número em menos de 200 pessoas.

Havia filas em frente aos bancos de Trípoli para sacar os 500 dinares líbios (400 dólares) que o governo havia prometido que iria começar a distribuir no domingo para cada família.

Muitos não conseguiram o dinheiro. 'Eles só ficaram com uma fotocópia da nossa identidade e cadastraram as pessoas em uma lista', disse um homem.

Em Misrata, uma cidade 200 quilômetros a leste de Trípoli, uma resistência de forças leais a Gaddafi, operando do aeroporto, foi controlada pelo derramamento de sangue, disseram moradores do local pelo telefone.

Mas grupos de exilados da Líbia afirmaram que aviões estariam atirando contra a estação de rádio local.

Na segunda maior cidade, Benghazi, que se libertou da autoridade de Gaddafi há uma semana, opositores do líder de 68 anos disseram que formaram um Conselho Nacional da Líbia para ser o representante da revolução, mas não ficou claro quem eles representavam. O grupo disse que não quer a intervenção estrangeira e não tinha feito contato com governos no exterior.

SANÇÕES DA ONU

Líderes ocidentais, aliviados depois das evacuações que reduziram o número de cidadãos estrangeiros retidos na Líbia, falaram mais claramente contra o governo de Gaddafi.

'A União Europeia já começou a trabalhar em medidas restritivas, como congelamento de bens, proibição de viagens e embargo de armas', disse em declaração a alta representante de Assuntos Estrangeiros da UE, Catherine Ashton.

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, disse que um tratado de amizade e cooperação com a Líbia foi 'de fato suspenso'.

'Chegamos, eu acredito, a um ponto sem volta', disse Frattini, acrescentando que ser 'inevitável' que Gaddafi deixe o poder.

O Reino Unido revogou a imunidade diplomática do líder líbio. 'Está na hora de o coronel Gaddafi partir', disse o ministro das Relações Exteriores, William Hague.

A possibilidade de uma ação militar por parte dos governos estrangeiros continua vaga. Não se sabe por quanto tempo Gaddafi, que ainda tem milhares de correligionários leais --incluindo sua tribo e unidades militares comandadas por seus filhos-- poderá resistir contra as forças rebeldes, compostas por homens armados jovens e soldados amotinados.

Fonte: Reuters