quinta-feira, 12 de maio de 2011

MINISTÉRIO PÚBLICO INVESTIGARÁ O FIM DA ESTAÇÃO ANGÉLICA EM SÃO PAULO

O Ministério Público de São Paulo vai apurar se a desistência do Metrô de construir uma estação na avenida Angélica, em Higienópolis, bairro da elite paulistana na região central, foi motivada por questões técnicas ou por pressão de moradores e comerciantes.

O promotor Mauricio Antonio Ribeiro Lopes pediu ontem esclarecimentos ao secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. "Quero saber se ele cedeu a uma pressão da elite ou se a questão foi técnica. Se a questão foi de quem pode mais chora menos, é um absurdo para a cidade."

A Folha revelou ontem (11) que o Metrô retirou a estação Angélica do projeto da linha 6-laranja (Brasilândia-Liberdade), que será substituída por outro terminal na região do estádio do Pacaembu.

A decisão veio após protestos liderados pela Associação Defenda Higienópolis, que temia o aumento do fluxo de pessoas na região e a instalação de camelôs, além de questionar a escolha do local para a estação --na esquina da Angélica com a rua Sergipe, onde hoje há um supermercado Pão de Açúcar.

Segundo o promotor, o governo pode ser denunciado por desrespeito à Constituição, que garante tratamento igual a todos os cidadãos.
Rodrigo Capote/Folhapress 
Esquina da avenida Angélica com rua Sergipe, na região de Higienópolis; local iria receber estação do metrô

A investigação também focará a conveniência da estação no Pacaembu. Um problema seria o fluxo em dias de shows e jogos. Para o coronel Carlos Savioli, comandante do batalhão especializado em policiamento de estádios, a estação não será problema. "A PM tem condições de garantir a segurança."

Anna Claudia de Salles, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) de Perdizes/Pacaembu, prevê mais furtos e roubos no entorno. "Infelizmente, seremos mais abordados por pessoas flutuantes."

Em nota oficial, o Metrô reafirmou ontem que a decisão de reavaliar o local onde ficará a estação na região foi técnica e que vai colaborar com o Ministério Público.

A companhia diz que a estação Angélica ficaria a apenas 610 m da futura estação Higienópolis/Mackenzie e a 1.500 m da PUC-Cardoso de Almeida. "Essa reavaliação tem caráter exclusivamente técnico, em nada motivada por pressão dos moradores da região de Higienópolis."

A companhia voltou a dizer que a localização exata da nova estação ainda depende da conclusão de estudos técnicos de solo, mas ela deve ficar situada no entorno do Pacaembu.

Fonte: Folha

RAJ RAJARATNAM É CONDENADO POR CRIMES FINANCEIROS NOS EUA

Um bilionário foi condenado nesta quarta-feira nos EUA por ter lucrado dezenas de milhões de dólares em negociações financeiras consideradas de “inside trading”, ou seja, com uso de informações privilegiadas.

A pena de Raj Rajaratnam, 53, será anunciada em julho e deve ser entre 15 e 19 anos de cadeia. Ele já disse que vai recorrer da condenação.

Segundo os promotores, trata-se do maior caso de “inside trading” em fundos hedge da história dos EUA. Rajaratnam é acusado de fraude e conspiração, entre outros 14 crimes financeiros.

A Promotoria afirma que ele lucrou até US$ 63,8 milhões ilegalmente entre 2003 e 2009, negociando ações com base em dicas passadas por informantes corporativos.

Entre as provas apresentadas pela acusação estão conversas telefônicas grampeadas entre Rajaratnam e executivos financeiros.

Ele teria obtido informações privilegiadas sobre os resultados financeiros de empresas como IBM, Google, Sun Microsystems e Intel. Um empregado da agência de classificação de risco Moody’s, por exemplo, teria contado a Rajaratnam planos secretos de um fundo de private equity de comprar o grupo hoteleiro Hilton.

Nas acusações iniciais contra Rajaratnam, a Comissão de Valores Monetários americana declarou que ele “cultivava uma rede de altos executivos e informantes (...) para obter detalhes confidenciais sobre lucros (das empresas) e aquisições”.

Já o advogado de defesa John Dowd alega que as conversas de Rajaratnam abordavam temas já conhecidos dos demais investidores – não seriam, assim, informações privilegiadas.

Fiança

Rajaratnam foi libertado sob fiança até a data da sentença, 29 de julho, ainda que promotores tenham pedido para que ele fosse mantido preso, temendo que ele fugisse para seu país natal, o Sri Lanka.

Outras 47 pessoas foram acusadas formalmente por “inside trading” nos últimos 18 meses, e Rajaratnam é o 35º a ser condenado.

Rajaratnam é uma figura central numa ofensiva americana contra o uso de informações privilegiadas no mercado de fundos hedge.

O editor de negócios da BBC News em Nova York, John Mervin, explica que, se de fato o “inside trading” ocorrer de forma “desenfreada” em Wall Street – como alegam os promotores –, o veredicto de Rajaratnam pode provocar cautela entre os investidores.

Fonte: BBC Brasil