domingo, 30 de outubro de 2011

LATINO-AMERICANOS SÃO MAIS EXIGENTES COM OS SEUS GOVERNOS

Os latino-americanos, incluindo os brasileiros, estão mais exigentes com seus governos e com os serviços prestados pelo setor privado. A conclusão é da pesquisa da ONG Latinobarómetro, divulgada nesta sexta-feira, em Santiago do Chile.

Com a queda nos índices de pobreza, o surgimento de uma nova classe média e o maior nível de educação das novas gerações, os habitantes da América Latina "ficaram mais exigentes", segundo afirmaram à BBC Brasil a diretora da ONG, Marta Lagos, e o pesquisador da entidade, Carlos Macuada.

O levantamento foi realizado em dezoito países da região.

"As novas gerações têm maior nível de educação em relação à geração anterior. Também conhecem seus direitos e acham que o governo não corresponde (a suas demandas)", diz Macuada.

O estudo mostra que quatro de cada dez latino-americanos têm um nível de educação superior ao dos antepassados.
Democracia

De acordo com a ONG, a satisfação com a democracia também tem regredido na região.

"O apoio à democracia caiu na região de 61% em média a 58%, depois de quatro anos de crescimento", diz o relatório.

Segundo Marta Lagos, "os habitantes da América Latina voltaram a ligar a democracia com o que ocorre com as economias dos países".

Por causa disso, a desaceleração econômica provocada pela crise é uma das razões apontadas pelo documento como causa na baixa da aprovação à democracia.

No quesito "grau de eficiência do Estado", segundo os entrevistados na pesquisa, o Brasil acompanha a média da América Latina (5,3, numa escala de zero a dez).

O relatório mostra ainda que 72% dos brasileiros confiam na capacidade do Estado de "solucionar os problemas" de delinquência, narcotráfico, pobreza e corrupção. A confiança é maior apenas entre argentinos e uruguaios.

Ainda assim, a média da confiança dos latino-americanos no governo caiu de 45% para 40% entre 2010 e 2011. No Brasil este índice foi de 39% em 2011.

O estudo aponta ainda que a confiança na Igreja e nas Forças Armadas também está em queda na região.
Ônus e bônus

Entre os brasileiros, 26% dos entrevistados disseram que a política pública que mais os beneficiou foi a de educação.

No Chile, que vive uma série de protestos estudantis, apenas 9% escolheram a educação ao responder a pergunta.

No entanto, os brasileiros apontaram a saúde pública como o principal problema. No Brasil, 47% se disseram mais satisfeitos com os serviços privatizados do que com os oferecidos pelo setor público.

No Equador esse percentual é de 48% e na Bolívia, de 45%.

Cerca de 56% dos latino-americanos também considera que o caminho para o desenvolvimento passa pela economia de mercado. No Brasil, esse índice é de 58%.

Cumprir obrigações

O Brasil aparece na pesquisa como "o único país da região" onde existem mais cidadãos dispostos a "cumprir suas obrigações do que a exigir seus direitos".

Os brasileiros também voltaram a ser apontados como os mais otimistas da América Latina, seguindo o padrão observado nos levantamentos anteriores.

"O Brasil é o único país onde a maioria dos entrevistados (54%) espera que nos próximos doze meses aumente a renda familiar e onde se registra o maior índice de otimismo (64%) em relação a sua situação econômica", diz o documento.

Brasil e Equador são, ainda, os países mais tolerantes com a pirataria.

O documento diz também que, de um modo geral, aumentou a "percepção de que os cidadãos cumprem a lei" na região. O percentual passou de 27% em 2010 para 31% em 2011.

Fonte: BBC Brasil

ATAQUES REBELDES MATAM 75 NO SUDÃO DO SUL


Sudão do Sul. Foto: BBC

Rebeldes atacaram neste sábado uma cidade em um Estado rico em petróleo no norte do Sudão do Sul, deixando pelo menos 75 mortos, informou o Exército nacional.

Entre os mortos na cidade de Mayom, no Estado de Unidade, estão nove soldados, 15 civis e pelo menos 50 rebeldes, disse um porta-voz do Exército à BBC.

O Sudão do Sul tornou-se independente em julho, depois que um acordo de paz com o governo do norte acabou com décadas de guerra civil.

Depois disso, alguns dos movimentos rebeldes da região chegaram a acordos com o governo, mas muitos continuam hostis.

Os dois lados envolvidos deram relatos bastante díspares sobre o número de mortos no ataque deste sábado, que ocorreu nas primeiras horas da manhã.

O Exército de Liberação do Sudão do Sul diz que matou mais de 700 soldados na ofensiva deste sábado. Os rebeldes alegam que agora estão com o controle da cidade, o que é negado por moradores e autoridades locais.

Alerta

Nessa sexta-feira, os rebeldes avisaram a funcionários da ONU e integrantes de missões de ajuda humanitária que deixassem o Estado de Unidade. O alerta agora foi estendido ao Estado vizinho de Warrap.

O Exército de Liberação diz que está combatendo a corrupção, o subdesenvolvimento e o domínio do Movimento pela Liberação do Povo do Sudão, os antigos rebeldes que agora governam o Sudão do Sul.

O correspondente da BBC em Cartum James Copnall afirma que esta rebelião é particularmente delicada, já que a maioria dos campos de petróleo do Sudão do Sul - responsáveis por 98% da renda do país - ficam no Estado de Unidade.

Fonte:BBC Brasil