quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

PRIVATARIA TUCANA: A REPÚBLICA NO FIO DA NAVALHA

O Congresso equilibra-se na linha das denúncias contidas no livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., A Privataria tucana, igual a quem anda sobre o fio da navalha. É de competência dos parlamentares apurar os fatos sobre o maior assalto aos cofres públicos já visto ao Sul do Equador, desde o saque do Pau Brasil, do ouro e do açúcar, arrancados das Terras Brasilis pelas coroas de Portugal, Holanda, França e Inglaterra, entre outras menos cotadas, ainda nos primórdios da nação. Desta feita, no entanto, a patifaria privatista diluiu no caldo tóxico da corrupção o patrimônio de uma Vale do Rio Doce inteira, com uma Companhia Siderúrgica Nacional, de quebra, na sopa de entulhos da propinagem que, segundo documentos anexados à obra, ganhou o reforço de todo o sistema nacional de telefonia e de algumas companhias elétricas. Por pouco, pouco mesmo, não traçam a Petrobras e o Banco do Brasil, para ficar no raso.
Privataria

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) convocada na Câmara para apurar os fatos e indicar a punição dos responsáveis pela roubalheira é, hoje, a última linha de defesa da moralidade nacional antes de, segundo o conselho lapidar do saudoso Stanislaw, locupletar-mo-nos todos. A barbárie está lá fora, à espreita, de prontidão para assolar o país caso alguém seja louco de oferecer uma pizza para calar Opinião Pública e as instituições, a exemplo da cabeça coroada que perguntou sobre os brioches, antes de se separar, irremediavelmente, do belo corpinho. Trata-se de uma questão de justiça para com a magistratura brasileira reconhecer que, apesar das falhas, integra um sistema hábil e eficaz. O processo do dito ‘Mensalão’ segue em análise no Supremo Tribunal Federal. Os casos mais comezinhos de corrupção trilham as cortes inferiores e, se ninguém foi preso até agora, agradeçam os réus à qualidade dos profissionais inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Que o diga o ex-governador do Distrito Federal, José Inácio Arruda. Os privateiros seguem na mesma direção.

Pesa sobre os ombros dos parlamentares, na CPI da Privataria, a responsabilidade de passar a limpo esse período enlameado da História do Brasil. O deputado e delegado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), acostumado já às lides deste porte comandou, em boa hora, a reação da sociedade brasileira diante do pântano de imundícies que marcou a gestão tucana, durante a ‘Era FHC’, revelado no livro de Amaury Ribeiro Jr. Trata-se, segundo o autor, de um achaque de bilhões de dólares aos cofres públicos, o equivalente a ainda mais bilhões de reais retirados do país com o beneplácito de setores vitais da máquina estatal. Dinheiro suficiente para comprar votos, burlar a Justiça, patrocinar o escárnio ao suor sagrado do rosto de cada trabalhador que, feito escravo, paga pelas mansões cinematográficas dos próceres tucanos.

Não há mais espaço, na democracia brasileira, para acordos como aquele patrocinado ao raiar da ‘Era Lula’, no caso da CPI do Banestado, entre a esquerda e a direita, que enterraram juntas, na cova rasa da mentira, a base de um dos maiores escândalos financeiros da história nacional. Na época, o recém-empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva agiu com sabedoria ao perceber que a força do Partido da Imprensa Golpista (PIG) era de alguns megatons, capaz de levar os brasileiros a atitudes impensadas das quais, no futuro, iríamos todos nos arrepender. Os diários conservadores haviam demonstrado seu poderio ao derrubar, uma década atrás, o presidente da República que o próprio PIG elegeu. Embora amargassem, sem uma explicação fácil, a derrota do emplumado tucano José Serra para o operário classificado de semianalfabeto, pobre e burro, os grandes conglomerados da mídia estavam mais afiados do que nunca.

Por Gilberto de Souza, editor-chefe do Correio do Brasil

CPI DA PRIVATARIA É PROTOCOLADA

Após conferência da Secretaria-Geral da Mesa Diretora verificou-se o apoio de 185 parlamentares à CPI das privatizações proposta pelo deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP). Inicialmente, o parlamentar estimou em 206 o número de colegas que assinaram. Mesmo com o novo número, foi atingido o mínimo necessário, que é de 171. Caberá agora ao presidente Marco Maia (PT-RS) decidir pela criação ou não da comissão ao analisar se tem um fato determinado a ser investigado. Ele pediu à secretaria-geral da Mesa que emita um parecer sobre o tema e só deve tomar sua decisão em 2012.

O protocolo feito pelo deputado Protógenes nesta manhã tinha 197 assinaturas. Delas, sete não conferem e cinco estavam repetidas. Segundo a secretaria-geral da Mesa não é possível mais incluir ou retirar as assinaturas do requerimento.

O requerimento pede a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara para investigar as privatizações realizadas no governo Fernando Henrique Cardoso. A ação tem como base o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr, que no ano passado esteve envolvido no escândalo da violação de sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB.

Veja abaixo a lista dos deputados que assinaram a CPI:

1 ABELARDO CAMARINHA PSB SP
2 ADEMIR CAMILO PSD MG
3 ADRIAN PMDB RJ
4 ALBERTO FILHO PMDB MA
5 ALESSANDRO MOLON PT RJ
6 ALEXANDRE LEITE DEM SP
7 ALICE PORTUGAL PCdoB BA
8 ALINE CORRÊA PP SP
9 ALMEIDA LIMA PPS SE
10 AMAURI TEIXEIRA PT BA
11 ANDRÉ FIGUEIREDO PDT CE
12 ANDRE MOURA PSC SE
13 ANDRE VARGAS PT PR
14 ÂNGELO AGNOLIN PDT TO
15 ANGELO VANHONI PT PR
16 ANÍBAL GOMES PMDB CE
17 ANTHONY GAROTINHO PR RJ
18 ANTONIO BALHMANN PSB CE
19 ARIOSTO HOLANDA PSB CE
20 ARNON BEZERRA PTB CE
21 ARTUR BRUNO PT CE
22 ASSIS CARVALHO PT PI
23 ASSIS DO COUTO PT PR
24 ASSIS MELO PCdoB RS
25 BETO FARO PT PA
26 BIFFI PT MS
27 BOHN GASS PT RS
28 BRIZOLA NETO PDT RJ
29 CABO JULIANO RABELO PSB MT
30 CARLOS ZARATTINI PT SP
31 CHICO ALENCAR PSOL RJ
32 CHICO D’ANGELO PT RJ
33 CHICO LOPES PCdoB CE
34 CIDA BORGHETTI PP PR
35 CLÁUDIO PUTY PT PA
36 CLEBER VERDE PRB MA
37 DANIEL ALMEIDA PCdoB BA
38 DANILO FORTE PMDB CE
39 DELEGADO PROTÓGENES PCdoB SP
40 DEVANIR RIBEIRO PT SP
41 DOMINGOS DUTRA PT MA
42 DR. GRILO PSL MG
43 DR. JORGE SILVA PDT ES
44 DR. PAULO CÉSAR PSD RJ
45 DR. ROSINHA PT PR
46 DR. UBIALI PSB SP
47 EDINHO ARAÚJO PMDB SP
48 EDSON EZEQUIEL PMDB RJ
49 EDSON SILVA PSB CE
50 EFRAIM FILHO DEM PB
51 ELCIONE BARBALHO PMDB PA
52 ELIANE ROLIM PT RJ
53 EMILIANO JOSÉ PT BA
54 ENIO BACCI PDT RS
55 ERIKA KOKAY PT DF
56 EUDES XAVIER PT CE
57 EVANDRO MILHOMEN PCdoB AP
58 FÁTIMA BEZERRA PT RN
59 FERNANDO FERRO PT PE
60 FERNANDO FRANCISCHINI PSDB PR
61 FERNANDO MARRONI PT RS
62 FRANCISCO ARAÚJO PSD RR
63 FRANCISCO ESCÓRCIO PMDB MA
64 FRANCISCO PRACIANO PT AM
65 GABRIEL GUIMARÃES PT MG
66 GERALDO SIMÕES PT BA
67 GIACOBO PR PR
68 GIVALDO CARIMBÃO PSB AL
69 GLAUBER BRAGA PSB RJ
70 GONZAGA PATRIOTA PSB PE
71 HENRIQUE FONTANA PT RS
72 HENRIQUE OLIVEIRA PR AM
73 IRACEMA PORTELLA PP PI
74 IVAN VALENTE PSOL SP
75 IZALCI PR DF
76 JAIR BOLSONARO PP RJ
77 JANDIRA FEGHALI PCdoB RJ
78 JANETE CAPIBERIBE PSB AP
79 JANETE ROCHA PIETÁ PT SP
80 JÂNIO NATAL PRP BA
81 JEAN WYLLYS PSOL RJ
82 JÔ MORAES PCdoB MG
83 JOÃO ANANIAS PCdoB CE
84 JOÃO PAULO CUNHA PT SP
85 JOÃO PAULO LIMA PT PE
86 JORGINHO MELLO PSDB SC
87 JOSÉ DE FILIPPI PT SP
88 JOSÉ GUIMARÃES PT CE
89 JOSÉ MENTOR PT SP
90 JOSE STÉDILE PSB RS
91 JOSEPH BANDEIRA PT BA
92 JOSIAS GOMES PT BA
93 KEIKO OTA PSB SP
94 LAERCIO OLIVEIRA PR SE
95 LAUREZ MOREIRA PSB TO
96 LEONARDO MONTEIRO PT MG
97 LINCOLN PORTELA PR MG
98 LOURIVAL MENDES PTdoB MA
99 LUCI CHOINACKI PT SC
100 LUCIANA SANTOS PCdoB PE
101 LUCIANO CASTRO PR RR
102 LUIZ ALBERTO PT BA
103 LUIZ CARLOS PSDB AP
104 LUIZ COUTO PT PB
105 LUIZ NOÉ PSB RS
106 LUIZA ERUNDINA PSB SP
107 MANATO PDT ES
108 MANUELA D’ÁVILA PCdoB RS
109 MARCELO MATOS PDT RJ
110 MÁRCIO MACÊDO PT SE
111 MARCON PT RS
112 MARCOS MEDRADO PDT BA
113 MARCOS ROGÉRIO PDT RO
114 MARINA SANTANNA PT GO
115 MARLLOS SAMPAIO PMDB PI
116 MAURÍCIO QUINTELLA LESSA PR AL
117 MAURO BENEVIDES PMDB CE
118 MAURO LOPES PMDB MG
119 MENDONÇA PRADO DEM SE
120 MIRIQUINHO BATISTA PT PA
121 MIRO TEIXEIRA PDT RJ
122 NAZARENO FONTELES PT PI
123 NELSON BORNIER PMDB RJ
124 NELSON MARCHEZAN JUNIOR PSDB RS
125 NELSON MARQUEZELLI PTB SP
126 NELSON PELLEGRINO PT BA
127 NEWTON LIMA PT SP
128 ONOFRE SANTO AGOSTINI PSD SC
129 ONYX LORENZONI DEM RS
130 OSMAR JÚNIOR PCdoB PI
131 OSMAR SERRAGLIO PMDB PR
132 PADRE JOÃO PT MG
133 PADRE TON PT RO
134 PASTOR MARCO FELICIANO PSC SP
135 PAUDERNEY AVELINO DEM AM
136 PAULO FEIJÓ PR RJ
137 PAULO FOLETTO PSB ES
138 PAULO FREIRE PR SP
139 PAULO PIMENTA PT RS
140 PAULO RUBEM SANTIAGO PDT PE
141 PAULO WAGNER PV RN
142 PEDRO UCZAI PT SC
143 PEPE VARGAS PT RS
144 PERPÉTUA ALMEIDA PCdoB AC
145 POLICARPO PT DF
146 PROFESSOR SETIMO PMDB MA
147 RAIMUNDÃO PMDB CE
148 REBECCA GARCIA PP AM
149 REGINALDO LOPES PT MG
150 REGUFFE PDT DF
151 RENAN FILHO PMDB AL
152 RICARDO BERZOINI PT SP
153 RICARDO IZAR PSD SP
154 ROGÉRIO CARVALHO PT SE
155 ROMÁRIO PSB RJ
156 RONALDO FONSECA PR DF
157 RONALDO ZULKE PT RS
158 RUBENS BUENO PPS PR
159 RUBENS OTONI PT GO
160 SANDES JÚNIOR PP GO
161 SANDRO ALEX PPS PR
162 SEBASTIÃO BALA ROCHA PDT AP
163 SEVERINO NINHO PSB PE
164 SIBÁ MACHADO PT AC
165 SILVIO COSTA PTB PE
166 SUELI VIDIGAL PDT ES
167 TAUMATURGO LIMA PT AC
168 TIRIRICA PR SP
169 VALDEMAR COSTA NETO PR SP
170 VALMIR ASSUNÇÃO PT BA
171 VANDER LOUBET PT MS
172 VANDERLEI SIRAQUE PT SP
173 VICENTE CANDIDO PT SP
174 VICENTINHO PT SP
175 VIEIRA DA CUNHA PDT RS
176 WALDENOR PEREIRA PT BA
177 WALTER TOSTA PSD MG
178 WASHINGTON REIS PMDB RJ
179 WELITON PRADO PT MG
180 WELLINGTON FAGUNDES PR MT
181 WEVERTON ROCHA PDT MA
182 WILSON FILHO PMDB PB
183 WOLNEY QUEIROZ PDT PE
184 ZÉ GERALDO PT PA
185 ZOINHO PR RJ

Fonte: Folha

A PRIVATARIA TUCANA MARCA O FIM DE UMA ERA: POR LUIS NASSIF

O livro “A Privataria Tucana” marca o desfecho de uma era, ao decretar o fim político de José Serra. A falta de respostas de Serra ao livro – limitou-se a taxá-lo de “lixo” – foi a comprovação final de que não havia como responder às denúncias ali levantadas.

O livro mostra como, após as privatizaçōes, o Banco Opportunity – um dos maiores beneficiados – aportou recursos em paraísos fiscais, em empresas da filha Verônica Serra. Depois, como esse dinheiro entrou no país e serviu, entre outras coisas, para (simular) a compra da casa em que Serra vive.

Tem muito mais. Mostra a extensa rede de pessoas cercando Serra que, desde o início dos anos 90, fazia negócios entre si, utilizando o Banespa, o Banco do Brasil, circuitos de paraísos fiscais, as mesmas holdings utilizadas por outros personagens controvertidos para esquentar dinheiro

Provavelmente o livro não suscitará uma CPI, pela relevante razão de que o sistema de doleiros, paraísos fiscais, foi abundantemente utilizado por todos os partidos políticos, incluindo o PT. Aliás, uma das grandes estratégias de José Dirceu, assim que Lula é eleito, foi mapear e cooptar os personagens estrangeiros da privatização que, antes, orbitavam em torno de Serra.

Essa a razão de ter terminado em pizza a CPI do Banestado, que expunha personagens de todos os partidos.

Nesse imbróglio nacional, a posição mais sensível é a de Serra – e não propriamente para a opinião pública em geral, mas para seus próprios correligionários. Afinal, montou um esquema que em nada ficou a dever a notórios personagens da República, como Paulo Maluf. Jogou pesado para enriquecimento pessoal e da família.

Com as revelações do livro, quebra-se a grande defesa de Serra, algo que talvez a sociologia tenha estudado e que poderia ser chamada de “a blindagem dos salões”. É quando personagens controvertidos se valem ou do mecenato, das artes, ou da proximidade com intelectuais para se blindarem. O caso recente mais notável foi o de Edemar Cid Ferreira e seu Banco Santos.

Serra dispunha dessa blindagem, por sua condição de economista reputado nos anos 80, de sua aproximação com o Instituto de Economia da Unicamp. Graças a isso, todos os pequenos sinais de desvio de conduta eram minimizados, tratados como futrica de adversários.

O livro provocou uma rachadura no cristal. De repente todas aquelas peças soltas da história de Serra foram sendo relidas, o quebra-cabeças remontado à luz das revelações do livro.

Os sistemas de arapongagem, que permitiram a ele derrubar a candidatura de Roseana Sarney no episódio Lunus; o chamado “jornalismo de esgoto” que o apoiou, as campanhas difamatórias pela Internet, as suspeitas de dossiê contra Paulo Renato de Souza, Aécio Neves, o discurso duplo na privatização (em particular apresentando-se como crítico, internamente operando os esquemas mais polêmicos), tudo ganhou sentido à luz da lógica desvendada pelo livro.

Fica claro, também, porque o PSDB – que ambicionava os 20 anos de poder – jogou as eleições no colo de Lula.

Todas as oportunidades de legitimação da atuação partidária foram preteridas, em benefício dos interesses pessoais da chamada ala intelectual do partido.

A perda do bonde do real

No início do real, os economistas enriqueceram com operações cambiais, em cima de uma apreciação do real que matou a grande oportunidade de criação de um mercado de consumo interno. A privatização poderia ter sido conduzida dentro de um modelo de fundos sociais, que permitiria legitimá-la e criar um mercado de capitais popular no país. Mas os interesses pessoais se interpuseram no caminho do projeto político do partido.

O cavalo encilhado

O fim da inflação permitiu o desabrochar de um mercado de consumo de massa, dez anos antes que o salário mínimo, Bolsa Família e Pronaf abrissem espaço para a nova classe média. Estariam assegurados os 20 anos de poder preconizados por Sérgio Motta, não fosse o jogo cambial, uma manobra de apreciação do real que enriqueceu os economistas mas estagnou a economia por uma década. FHC jogou fora a chance do partido e do país. Conto em detalhes essa história no livro “Os Cabeças de Planilha”.

A falta de Mário Covas

Fica claro, também, a falta que Mário Covas fez ao PSDB. Com todas as críticas que possam ser feitas a ele, a Lula e a outros grandes políticos, havia neles o sentimento de povo. Na campanha de 2006, ouvi de Geraldo Alckmin a crítica – velada – à ala supostamente intelectual do PSDB. “Covas sempre me dizia para, nos finais de semana, andar pelas ruas, visitar bairros, cidades, para não perder o sentido do povo”.

Os construtores e os arrivistas

Não se vá julgar impolutos Covas, Lula, Tancredo, Ulisses, o grande Montoro, Grama e outros fundadores do Brasil moderno. Dentro do modelo político brasileiro, montaram acordos nem sempre transparentes, participaram dos pactos que permitiam o financiamento partidário, familiares se aproveitaram das relações políticas para pavimentar a vida profissional. Mesmo assim, imperfeitos que eram – como políticos e seres humanos – havia neles a centelha da transformação, a vontade de deixar um legado, o apelo da redemocratização.

A ala intelectual do PSDB

Esses atributos passavam ao largo das ambições da ala intelectual do partido, os economistas financistas de um lado, o grupo de Serra do outro. O individualismo exacerbado, a ambição pessoal, a falta de compromisso com o próprio partido e, menos ainda, com o país, fizeram com que não abrissem espaço para a renovação. Com exceção de Serra, FHC não legou para o partido um ministro sequer com fôlego político. Como governador, Serra não permitiu o lançamento político de um secretário sequer.

A renovação tímida

A renovação do PSDB se deu pelas mãos de Alckmin – ele próprio não revelando um secretário sequer com fôlego para sucedê-lo – e, fora de São Paulo, de Aécio Neves. Ao desvendar as manobras de Serra, o livro fecha um ciclo de ódio, personalismo, de enriquecimento de pessoas em detrimento do país e do próprio partido. No começo, será um baque para o PSDB. Passado o impacto inicial, será a libertação para o penoso reinício político.

Fonte: Viomundo

MEC DIVULGA RESULTADO INDIVIDUAL DO ENEM

O Ministério da Educação (MEC) antecipou a divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), previstos inicialmente para o início de janeiro. Os candidatos que participaram das provas aplicadas em outubro podem consultar sua pontuação a partir desta quarta-feira.


A nota pode ser usada para ingresso em 95 instituições públicas pelo Sistema de Seleção Unificado(Sisu) que está aberto a partir da próxima segunda-feira, 26.

Para acessar os resultados, o estudante precisa informar seu CPF e a senha cadastrada durante o período de inscrição. Caso o participante tenha perdido a senha é possível recuperá-la no sistema. O boletim apresenta o desempenho do candidato nas quatro provas objetivas (linguagens, matemática, ciências humanas e da natureza), além da nota de redação.

A metodologia utilizada na correção do Enem é a Teoria de Resposta ao Item (TRI), modelo estatístico que permite que diferentes edições da prova sejam comparáveis. Para o cálculo da nota, leva-se em conta não apenas o número de acertos do candidato, como nos vestibulares tradicionais, mas o nível de dificuldade de cada item. Uma questão que teve baixo índice de acertos é considerada “difícil” e, portanto, tem mais peso na pontuação final. Aquelas que têm alto índice de acertos são classificadas como “fáceis” e contam menos pontos na nota final. Dessa forma, dois participantes que acertaram o mesmo número de itens podem ter médias finais diferentes.

Na TRI não existe uma pontuação máxima e mínima que o candidato pode atingir – com exceção da redação, que não é corrigida por esse modelo e cuja nota varia de 0 a 1000. A partir do desempenho dos participantes, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) constrói uma escala de notas máximas e mínimas que permite ao aluno comparar seu desempenho com o dos demais estudantes. A escala será divulgada posteriormente pelo Inep.

Fonte: IG

NOVO ECOSPORT: MAIS BONITO, MAIS ROBUSTO


A Ford deu uma amostra do que será o novo EcoSport nesta semana ao revelar parte do modelo na internet que terá apresentação oficial no dia 4 de janeiro, simultaneamente no Brasil e na Índia.

O IG Produziu as ilustrações baseadas nas primeiras imagens que vazaram do veículo. O resultado não poderia ser mais promissor. O novo EcoSport, apesar da demora em chegar – a 1ª geração foi lançada em 2003 -, será um marco para o segmento de aventureiros leves, criado por ele mesmo e que hoje conta cada vez mais com rivais.

Seguindo o novo padrão estético da Ford, o Kinetic, o jipinho ganhou linhas mais emotivas e angulares, ao contrário do anterior, com seus traços retangulares inspirados no SUV Explorer da década de 1990. Também está mais musculoso e com dimensões ampliadas, tudo isso para voltar a ser a referência do segmento.

Não é só. Agora o “Eco” também passará a ser um carro mundial, responsável por aumentar as vendas da Ford em mercados emergentes, a princípio - nada impede, no entanto, que, caso seja bem sucedido, o modelo não acabe sendo comercializado em países mais ricos.

Estepe continua do lado de fora

Um dos grandes dilemas da montadora era projetar um crossover que carregasse o estepe do lado de dentro do veículo, como acontece com os modelos mais novos, ou continuar com ele preso à tampa do porta-malas. Valeu a tradição: como é um dos pontos mais característicos do modelo, o pneu permaneceu por lá, mas está mais centralizado que antes. Resta saber se a articulação da porta será lateral, como hoje, ou para cima, igual a de automóveis.

Outro aspecto original do EcoSport foi mantido, a terceira janela destacada na traseira, mas agora ela é menor e conectada ao vidro da tampa do porta-malas. Já a frente do Ford promete surpreender. Volumosa, ela será imponente, mas também trará linhas refinadas, seguindo o novo DNA da montadora. Em resumo, um projeto bem à frente da concorrência e que também deve melhorar em outras duas frentes, o acabamento e o nível de equipamentos.

Como é um projeto global, o novo EcoSport terá uma construção com materiais de melhor qualidade que o atual. E seus itens de série devem evoluir. A suspensão continuará a ser do tipo eixo de torção, mais simples, porém, a direção pode ser do tipo elétrica, mais leve e confortável.
Ford EcoSport 2013
Projeção: João Kléber do Amaral
A traseira manterá o estepe do lado de fora, mas ganhará linhas mais agressivas


Preço deve subir no Brasil

O crossover utiliza a mesma base do New Fiesta e por isso certamente herdará soluções desenvolvidas para o primeiro. Ou seja, equipamentos como freios ABS, controle de estabilidade e vários airbags de série. O sistema de entretenimento SYNC também deve ser levado para o EcoSport, além de recursos como Bluetooth e piloto automático.

Em relação aos motores, o EcoSport pode ter soluções diferentes, dependendo do mercado. Ele é cotado para receber o novo motor 1.0 Ecoboost, revelado há pouco tempo. Turbo com injeção direta, ele gera 125 cv de potência, bem mais que o motor 1.6 Zetec Rocam utilizado hoje. Mas no Brasil a lógica é que o modelo utilize o 1.6 Sigma, produzido aqui e com 115 cv utilizando etanol. Ah, sim, uma versão com tração integral e motor mais 2.0 deve continuar no portfólio.

Quem deve evoluir também é a transmissão automática. Se seguir a lógica, o novo EcoSport poderia utilizar o câmbio Powershift de seis marchas e dupla embreagem que equipa o New Fiesta nos Estados Unidos – aqui o Eco usa um câmbio de quatro marchas.

Como se vê, o novo EcoSport tem tudo para agradar o consumidor: será bem atraente, equipado e espaçoso, sem falar que rodará em várias partes do mundo, algo que faz bem ao ego do seu dono. A grande questão é quanto a Ford cobrará por ele quando chegar ao país, em meados de 2012. Com tanta evolução, certamente o jipinho se valorizará e aí pode mudar até de patamar. Atualmente, o EcoSport custa entre R$ 55 mil e R$ 65 mil, mas não será espanto se a versão de entrada partir desse teto. É o preço do sucesso.

Fonte: IG

JUSTIÇA MANDA PRENDER NOVAMENTE VALTER ARAÚJO, DEPUTADO POR RONDÔNIA

Duas semanas depois de conseguir habeas corpus, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia Valter Araújo (PTB) teve a prisão decretada de novo ontem, após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O deputado é suspeito de liderar um esquema de fraudes em licitações e contratos públicos e foi alvo de operação da Polícia Federal no dia 18 de novembro, que prendeu outras 14 pessoas.

Até a conclusão desta edição, ele não havia sido preso nem se apresentado à PF.

A ministra Maria Thereza de Assis Moura, da 6ª Turma do STJ, liberou Araújo no dia 7, mas recuou anteontem da decisão. No despacho, ela reclama de não ter recebido informações corretas dos advogados do deputado.

Pelo mesmo motivo, a assessoria de imprensa do STJ e a 6ª Turma alegaram que não poderiam encaminhá-la.

Segundo a cópia obtida pela reportagem, a ministra diz que os advogados asseguraram pessoalmente, em visita a seu gabinete, que o ex-presidente da Assembleia respondia a apenas uma denúncia do Ministério Público.

A Procuradoria Regional da 1ã Região, porém, afirmou que o número era maior.

Para a ministra, isso demonstra que não houve excesso na restrição da liberdade. A prisão, segundo ela, é necessária "para a garantia da ordem pública".

Araújo já é citado em pelo menos 15 denúncias, segundo o Ministério Público de Rondônia. A defesa do deputado afirma que, quando pediu o habeas corpus, só havia uma denúncia.

Araújo chegou a ficar em uma sala da superintendência da PF, em Porto Velho, mas depois foi transferido para um presídio federal na mesma cidade.

O deputado também é suspeito de repassar dinheiro a 7 dos 24 deputados estaduais, numa espécie de mensalão. Os pagamentos chegariam a quase R$ 60 mil.

OUTRO LADO

A defesa do ex-presidente da Assembleia nega que ele tenha cometido crimes.

Um dos advogados dele, Marcelo Proença Fernandes, disse que só havia uma denúncia quando fez o pedido de liberdade ao STJ.

Fernandes disse que o número de denúncias não foi o argumento principal. Segundo ele, a justificativa era que a prisão preventiva de um deputado é inconstitucional.

"As demais medidas [tomadas pela Justiça] já são suficientes. Ele teve que deixar a presidência da Assembleia e teve os bens bloqueados", disse o advogado.

Fonte: Folha

PROJETO QUE PREVIA MUDANÇA NO FUSO HORÁRIO NO ACRE É VETADO PELA PRESIDENTE DILMA

A presidente Dilma Rousseff vetou integralmente a lei que previa mudança no fuso horário do Acre. O texto determinava o retorno ao fuso horário antigo do estado, de duas horas de diferença em relação ao Distrito Federal --três horas, durante o horário de verão.

A decisão foi publicada nesta quarta-feira (21) no "Diário Oficial" da União.

Por quase 90 anos, esse foi o fuso horário do Acre --a mudança ocorreu em 2008, a partir de projeto de lei do então senador e atual governador do Estado, Jorge Viana (PT), que estabeleceu a diferença de apenas uma hora em relação à capital.

Nas eleições de outubro, no entanto, a população do estado foi às urnas em referendo sobre o tema e a maior parte dos acreanos (56,87%) rejeitou a alteração. Surgiu então a polêmica: parlamentares questionaram o fato de um referendo modificar uma lei que já está em vigor. Diante do impasse jurídico, um novo projeto foi apresentado para o Estado voltar ao seu antigo fuso horário, agora rejeitado pela presidente.

"Da forma como redigido, o projeto de lei não permite a apreciação individualizada das alterações propostas aos fusos horários nos Estados do Acre, do Amazonas e do Pará, impedindo a apreciação da matéria face às realidades locais de cada um dos entes federados", afirma a justificativa do veto, sugerido pela Secretaria de Relações Institucionais.

O projeto que tramitou no Congresso previa a mudança do fuso não apenas no Acre como também em parte dos Estados do Amazonas e do Pará.

Fonte: Folha

MINISTRO DO SUPREMO PARALISA INSPEÇÃO E BENEFICIA A SI PRÓPRIO

O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski está entre os magistrados do Tribunal de Justiça de São Paulo que receberam pagamentos que estavam sob investigação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), informa reportagem de Mônica Bergamo, publicada na Folha desta quarta-feira.

Antes de ir para o STF, ele foi desembargador na corte paulista.

Anteontem, último dia antes do recesso, o ministro atendeu a pedido de associações de juízes e deu liminar sustando a inspeção.

Por meio de sua assessoria, Lewandowski disse que, apesar de ter recebido os recursos, não se sentiu impedido de julgar porque não é relator do processo e não examinou o mérito --apenas suspendeu a investigação até fevereiro.

A corregedoria do CNJ iniciou em novembro uma devassa no Tribunal de Justiça de São Paulo para investigar pagamentos que alguns magistrados teriam recebido indevidamente junto com seus salários e examinar a evolução patrimonial de alguns deles, que seria incompatível com sua renda.

Fonte: Folha

HABEAS CORPUS LIVRA BELTRAMI DA PRISÃO

O tenente-coronel Djalma Beltrami é comandante do 7º BPM (São Gonçalo) - DivulgaçãoO tenente-coronel Djalma Beltrami, comandante do 7º BPM (São Gonçalo), no Rio, preso na última segunda-feira, 19, recebeu habeas corpus na madrugada desta quarta-feira, 21, durante o plantão judiciário do Tribunal de Justiça (TJ-RJ). Segundo a Rádio CBN, ele já deixou o quartel da PM.

O comandante e também árbitro de futebol foi preso ao chegar ao 7.º Batalhão de Polícia Militar de Alcântara, em São Gonçalo (região metropolitana do Rio), que comandava desde agosto. Ele e 12 integrantes do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 7.º BPM são acusados de receber propina de traficantes do Morro da Coruja, em São Gonçalo. Quatro traficantes também foram presos e um menor armado, apreendido. 

Fonte: Estadão

CINCO FUNCIONÁRIOS DO DETRAN DE SÃO PAULO SÃO PRESOS POR CORRUPÇÃO

As medidas administrativas anunciadas em março para livrar o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) da corrupção ainda não acabaram com os esquemas de fraude dentro do órgão. Cinco funcionários do departamento foram presos anteontem pela Polícia Civil em uma operação contra vários tipos de golpe. Outros oito servidores - e cinco despachantes - também são investigados.

Em um dos esquemas, segundo a Polícia Civil, funcionários do Centro de Processamento de Dados (CPD) permitiam a transferência de carros da capital para outras cidades sem que eles tivessem feito a inspeção veicular ambiental.

Em outro, agentes do setor de Registro Nacional de Veículos (Renavan) permitiam que carros com perda total, enviados a leilão, tivessem a documentação transferida para outros Estados - o que "esquentava" a papelada de veículos que não poderiam mais circular. Os carros, então, eram revendidos para compradores que não sabiam nada sobre o golpe.

Além de servidores dos dois setores, agentes da área de protocolo do Detran também foram detidos - mas acabaram liberados após interrogatório, por falta de provas. Nenhum servidor teve o nome divulgado pelo governo do Estado. Os presos serão acusados de formação de quadrilha e de corrupção passiva.

Dinheiro. O delegado Anderson Giampaoli, um dos coordenadores da operação, diz que despachantes que enviavam processos ao setor de protocolo já colocavam, no envelope, o valor da propina - que variava da R$ 30 a R$ 70. Os agentes do protocolo, segundo ele, repartiam o dinheiro recolhido com os setores que recebiam os processos.

A polícia encontrou R$ 12 mil no CPD. O dinheiro seria referente a propina recolhida apenas anteontem. Os cinco presos eram desse departamento. Além deles, outros três funcionários de lá são investigados. É metade do setor, que tem 15 pessoas.

A investigação começou em setembro, com três denúncias de corrupção apuradas pela Corregedoria-Geral da Administração do Estado. Como o órgão suspeitou que, além de delitos administrativos, havia a ocorrência de crimes, a Polícia Civil foi acionada e fez as prisões.

A operação foi deflagrada no final da tarde de anteontem, mas o caso só foi divulgado ontem, em uma entrevista coletiva ocorrida na própria sede do Detran, onde ocorreram as prisões, na Rua Boa Vista, no centro.

O presidente da Corregedoria-Geral, Gustavo Ungaro, disse que os investigados serão demitidos. A Corregedoria vai criar, nos próximos dias, um setor específico para investigar o Detran. Nem Ungaro nem Giampaoli, porém, deram garantias de que o Detran está livre de outros esquemas.

Fonte: Estadão

11,4 MILHÕES DE BRASILEIROS VIVEM EM FAVELAS

Em 2010, o país possuía 6.329 aglomerados subnormais (assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invasões, grotas, baixadas, comunidades, vilas, ressacas, mocambos, palafitas, entre outros) em 323 dos 5.565 municípios brasileiros. Eles concentravam 6,0% da população brasileira (11.425.644 pessoas), distribuídos em 3.224.529 domicílios particulares ocupados (5,6% do total). 

Vinte regiões metropolitanas concentravam 88,6% desses domicílios, e quase metade (49,8%) dos domicílios de aglomerados estavam na Região Sudeste. O levantamento, parte dos dados do Censo Demográfico 2010, foi divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE e também traça o perfil de serviços, como água e esgoto, disponíveis nesses locais de ocupação irregular

Os aglomerados subnormais frequentemente ocupam áreas menos propícias à urbanização, como encostas íngremes no Rio de Janeiro, áreas de praia em Fortaleza, vales profundos em Maceió (localmente conhecidos como grotas), baixadas permanentemente inundadas em Macapá, manguezais em Cubatão, igarapés e encostas em Manaus.

Nos aglomerados, 67,3% dos domicílios tinham rede de coleta de esgoto ou fossa séptica; 72,5% recebiam energia elétrica com medidor exclusivo; 88,3% eram abastecidos por rede de água; e 95,4% tinham o lixo coletado diretamente ou por caçamba.

A Região Sudeste concentrava 49,8% dos 3,2 milhões de domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais (23,2% em São Paulo e 19,1% no Rio de Janeiro). Os estados do Nordeste tinham 28,7% do total (9,4% na Bahia e 7,9% em Pernambuco). A Região Norte possuía 14,4% (10,1% no Pará). A ocorrência era menor nas regiões Sul (5,3%) e Centro-Oeste (1,8%):

Foram identificados 6.329 aglomerados subnormais em 323 municípios (5,8% dos municípios brasileiros). Na Região Norte eram 48 municípios (10,7% dos 449 municípios da região), sendo a maioria localizada no interior dos estados do Amazonas, Pará e Amapá. Nessa região, em grande parte dos municípios, os aglomerados subnormais se formaram em áreas ribeirinhas, sujeitas a inundações periódicas. No Nordeste, dos 70 municípios com aglomerados subnormais (3,9% dos 1.794 municípios da região) 52 municípios (2,9%) se localizavam nas regiões metropolitanas. 

O Sudeste concentrava quase a metade dos municípios do país com aglomerados (145, equivalente a 8,7% dos 1.668 municípios da região). Um pouco mais da metade deles estava nas regiões metropolitanas (75 municípios, ou 4,5%) e o restante em municípios do interior dos estados. Em menor escala, a Região Sul apresentou padrões semelhantes ao Sudeste: 51 municípios com aglomerados subnormais (4,3% dos 1.188 municípios da região), dos quais 38 em regiões metropolitanas. No Centro-Oeste havia somente 9 municípios com aglomerados subnormais (1,9% dos 466 municípios da região).

No Rio de Janeiro, as ocupações mais antigas situavam-se na área central e nos bairros mais próximos ao centro da cidade, onde se concentra a maior oferta de trabalho. Em São Paulo, havia um predomínio de áreas de pequeno porte, distantes da área central. Em Belém, uma das características dominantes é a grande extensão das áreas de aglomerado subnormal.

Os aglomerados subnormais predominam nas regiões metropolitanas: 20 delas abrigavam, em 2010, 88,6% do total de domicílios em aglomerados, com destaque para as regiões metropolitanas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Belém, as quais, somadas, concentravam quase a metade (43,7%) do total de domicílios em aglomerados subnormais do país. As maiores proporções de domicílios ocupados em aglomerados subnormais em relação ao total de domicílios ocupados da Região metropolitana estavam em Belém (52,5%) Salvador (25,7%), São Luís (23,9%) e Recife (22,4%):

Os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, destino do lixo e disponibilidade de energia elétrica foram levantados pelo Censo Demográfico 2010 e fornecem informações essenciais quanto à diferenciação e caracterização dos aglomerados subnormais. Foram criadas proporções para cada um desses serviços considerados como adequados:

No que diz respeito aos serviços de saneamento básico (abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo) e fornecimento de energia elétrica, o percentual de adequação dos domicílios nos aglomerados subnormais era sempre menor quando comparado com as áreas urbanas regulares dos municípios onde se localizavam. Para alguns serviços, porém, os percentuais de adequação dos domicílios em aglomerados chegavam a superar o de municípios onde não havia aglomerados:

O esgotamento sanitário era o serviço com menor grau de adequação (rede de coleta de esgoto ou fossa séptica) nos domicílios em aglomerados subnormais: 67,3% eram adequados, sendo 56,3% de domicílios ligados à rede geral de esgoto e 11,0% de domicílios ligados à fossa séptica. Era também o serviço que apresentava uma maior diferença percentual de adequação em relação às áreas urbanas regulares (85,1%). Os aglomerados subnormais de Tocantins (0,9%), Roraima (1,8%) e Amapá (7,7%) não chegavam a atingir 8,0% de adequação dos domicílios quanto ao esgotamento sanitário. Minas Gerais (87,2%), Bahia (86,8%) e Rio de Janeiro (83,2%) apresentaram percentuais acima de 80%.

Em relação ao fornecimento de água, 88,3% dos domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais eram adequados (abastecimento por rede geral de distribuição). Na Região Norte se encontravam os menores percentuais adequação, com destaque para Rondônia (30,0%) e Acre (48,7%), onde era comum o abastecimento por poço ou nascente (69,1% em Rondônia e 45,5% no Acre). Os maiores percentuais foram encontrados na Paraíba (98,5%) e Minas Gerais (98,3%).

A adequação do serviço de energia elétrica (fornecimento com medidor exclusivo) atingiu 72,5% dos domicílios em aglomerados subnormais, mas 99,7% tinham energia elétrica. A diferença é composta por domicílios com energia elétrica de companhia distribuidora, mas sem medidor ou relógio (14,8%), domicílios com energia elétrica de companhia distribuidora e medidor de uso comum (8,9%) e domicílios abastecidos com energia por outras fontes (3,5%). Estes valores mostram que, apesar da disponibilidade da energia elétrica estar bastante universalizada nos aglomerados, havia problemas na qualidade, segurança e regularização em seu fornecimento. Roraima (15,8%), Distrito Federal (45,3%) e Amapá (45,4%) apresentaram percentuais de adequação em domicílios de aglomerados menores que 50,0%. A Região Nordeste possuía oito de seus estados com percentuais de adequação do fornecimento de energia elétrica aos domicílios acima de 75%, com destaque para o Ceará (92,8%), Maranhão (91,3%) e Bahia (85,7%).

No Brasil, 95,4% dos domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais possuíam destinação de lixo adequada (coleta direta ou por caçamba), sendo que 79,8% eram atendidos por coleta direta e 20,2% por coleta indireta, por meio de caçambas de serviço de limpeza. As menores proporções de adequação em aglomerados subnormais para a coleta de lixo foram encontradas em Roraima (31,5%) e Tocantins (58,2%). Os demais estados possuíam percentuais de adequação superiores a 84,9%, sendo maiores que 98% no Paraná (99,0%), São Paulo (98,8%), Santa Catarina (98,8%) e Rio Grande do Sul (98,4%).

Fonte: Jornal do Brasil