quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

SARKOZY OFICIALIZA CANDIDATURA À REELEIÇÃO

Após meses de falso suspense, o líder francês, Nicolas Sarkozy, oficializou na noite desta quarta-feira a sua candidatura às eleições presidenciais, em abril, e entra na campanha com um discurso mais radical de direita, se posicionando contra o casamento homossexual, a eutanásia e o direito de voto dos imigrantes em votações municipais.

Sarkozy, em foto de arquivo
O presidente considerou diferentes possibilidades para fazer o anúncio e acabou optando por uma entrevista ao canal de televisão TF1, realizada durante a apresentação do jornal das 20 horas.

Ao oficializar sua candidatura, Sarkozy declarou que se não disputasse um segundo mandato, isso corresponderia a um "abandono do cargo".

"É possível imaginar um capitão de um navio, que atravessa uma tempestade, dizer que está cansado e que ele desiste?" questionou Sarkozy fazendo referência à "sucessão de crises sem precedentes" que afeta a Europa e o resto do mundo.

Sarkozy tem se posicionado justamente como o "salvador" da crise na Europa e o "protetor" dos franceses, afirmando que a situação social não França não se deteriorou de forma tão grave como na Grécia, na Espanha ou na Itália.

O presidente deu a entender que o slogan de sua campanha será "A França forte!", afirmando que se o governo continuar fazendo as reformas necessárias, o país ficará “protegido” e poderá preservar seu status e seu modelo social.

"Se a França fizer as escolhas certas no mundo atual, ela será forte", disse.

Sarkozy prometeu que trabalhará para que a França continue a ocupar um papel de destaque no mundo, apesar da crise que tem ruído boa parte da economia europeia.

"A França não pode ficar fora dos rumos do mundo e continuar agindo como se a Europa ou o mundo não existissem", afirmou.

Pesquisas negativas

Sarkozy havia previsto lançar sua candidatura somente no final de fevereiro ou início de março. Mas ele teve de avançar seus planos para entrar mais rápido em campanha e tentar, dessa forma, reduzir a grande diferença de intenções de voto que o separa do rival socialista, François Hollande, favorito em todas as pesquisas de opinião.

Em algumas pesquisas, a vantagem de Hollande no segundo turno, que ocorre em 6 de maio, chega a 20 pontos percentuais.

Em a pesquisa Harris Interactive divulgada nesta quarta-feira, Hollande lidera com 28% das intenções de voto no primeiro turno, em 22 de abril, e Sarkozy, em segundo lugar, registra 24%. Ambos conquistaram um ponto percentual.

No segundo turno, de acordo com a mesma pesquisa, o avanço do socialista é ampliado, com 57% das intenções de voto, contra 43% para Sarkozy, que registra dois pontos percentuais a menos do que a mesma pesquisa anterior.
Referendo

Analistas estimam que as eleições presidenciais devem se tornar um referendo a favor ou contra Sarkozy.

Uma pesquisa do instituto CSA realizada recentemente reforça esse tese: 63% dos franceses que pretendem votar no socialista afirmam que a principal razão razão desse voto é o desejo de evitar que Sarkozy seja reeleito.

Além de problemas de imagem e de ter o mais baixo índice de popularidade de um presidente francês nas últimas décadas, o balanço do mandato de Sarkozy é bastante criticado, sobretudo em relação às suas promessas de aumentar o poder aquisitivo da população e de reduzir o desemprego.

Analistas estimam que a pouco mais de dois meses do primeiro turno, nada ainda é definitivo, mas ressaltam que Sarkozy é o presidente em exercício que mais enfrenta, nas últimas décadas, tantas dificuldades para se reeleger.

Desde o general Charles de Gaulle, em 1958, nenhum presidente em exercício passou para o segundo turno das eleições presidenciais em segundo lugar, como indicam as atuais pesquisas de opinião.

"Há vários meses, a diferença de votos entre Hollande e Sarkozy no segundo turno é enorme e, além disso, ela permanece estável, na faixa de15 a20 pontos percentuais", diz Bruno Jeambart, do instituto Opinionway.

"Durante cinco anos, me disseram que fiz muitas reformas. Agora, tudo que não fiz nesse período, me dizem que não tenho mais o direito de falar a respeito do que pode ser feito nos próximos cinco anos. Há uma nova fase que começa", afirmou Sarkozy nesta noite.

Frente Nacional

Sarkozy nega que tenha dado uma guinada à direita em seu discurso, mesmo tendo recentemente sugerido referendos nacionais sobre a facilitação das regras de expulsão de imigrantes clandestinos e sobre a eventual obrigatoriedade de desempregados fazerem cursos de recapacitação compulsórios.

Nesta noite, ele voltou a defender a ideia dos referendos e disse que o primeiro seria sobre os cursos obrigatórios para desempregados de longa data, que deverão, nesse caso, fazer uma formação em outra área para tentar achar outro tipo de emprego.

Estima-se que ele tente, com essas propostas, atrair eleitores do partido de extrema direita Front National, que já haviam contribuído para a sua vitória em 2007, mas que agora se dizem decepcionados pelo presidente.

O novo candidato já abriu nesta quarta-feira uma conta pessoal na rede Twitter e já tem dois comícios previstos nesta semana, um na quinta-feira em Annecy, no leste do país, e outro no domingo, em Marselha, no sul da França.

Fonte: BBC Brasil

ESTADOS UNIDOS POSSUEM "ACAMPAMENTOS DA MISÉRIA"

A BBC visitou nos Estados Unidos alguns acampamentos de sem-teto, cada vez mais numerosos no país desde o início da crise econômica que explodiu em 2008.

Dados oficiais apontam que cerca de 47 milhões de americanos vivem abaixo da linha pobreza e este número vem aumentando.

Atualmente há 13 milhões de desempregados, 3 milhões a mais do que quando Barack Obama foi eleito presidente, em 2008.

Algumas estimativas calculam que cerca de 5 mil pessoas se viram obrigadas nos últimos anos a viver em barracas em acampamentos de sem-teto, que se espalharam por 55 cidades americanas.

O maior deles é o de Pinella Hope, na Flórida, região mais conhecida por abrigar a Disney World. Uma entidade católica organiza o local e oferece alguns serviços aos habitantes, como máquinas de lavar roupa, computadores e telefones.

Muitos acampamentos são organizados e fazem reuniões para distribuição de tarefas comunitárias. Para alguns com poucas perspectivas de encontrar trabalho, as barracas são habitações semi-permanentes.

Mofo

Várias destas pessoas tinham vidas confortáveis típicas de classe média até pouco tempo atrás. Agora deitam sobre travesseiros tão mofados quanto suas cobertas, em um inverno no qual as temperaturas baixam a muitos graus negativos.

"Esfregamos literalmente nossos rostos no mofo toda noite na hora de dormir", diz Alana Gehringer, residente de um acampamento no Estado de Michigan, ao programa Panorama da BBC.

O agrupamento de 30 barracas se formou em um bosque à beira de uma estrada, no limite do povoado de Ann Arbor. Não há banheiros, a eletricidade só está disponível na barraca comunitária onde os residentes se reúnem ao redor de uma estufa de madeira para espantar o frio.

O gelo se acumula nos tetos das barracas e a chuva frequentemente as invade. Mesmo assim, cada vez pessoas querem morar ali.

A polícia, hospitais e albergues públicos ligam com frequência perguntando se podem enviar pessoas ao acampamento.

"Na noite passada, por exemplo, recebemos uma ligação dizendo que seis pessoas não tinham vaga no albergue. Recebemos de 9 a 10 telefonemas por noite", diz Brian Durance, um dos organizadores do acampamento.

A realidade dos abrigados da Flórida e de Michigan é a mesma em vários lugares.

Na segunda-feira, Obama revelou planos de aumentar os impostos sobre os mais ricos. "Queremos que todos tenham uma oportunidade justa."

O presidente americano mencionou os que "lutam para entrar na classe média". Em Pinella´s Hope, em Arbor e em outros dezenas de locais no país, além dos que querem entrar na classe média, há os que foram expulsos dela pela crise e que desejam voltar.

Fonte: BBC Brasil

LINDEMBERG PEDE PERDÃO PARA A MÃE DE ELOÁ EM DEPOIMENTO

Lindemberg Alves pediu perdão em seu depoimento para a mãe de Eloá Pimentel, Ana Cristina Pimentel. O réu de 25 anos é acusado de matar a ex-namorada, Eloá, em outubro de 2008. 'Quero pedir perdão para a mãe dela em público, pois eu entendo a sua dor. Era muito amigo da família', falou o réu.

'Infelizmente foi uma vida que se foi, mas em alguns momentos levamos aquela situação como se fosse uma brincadeira', disse, afirmando que está falando a verdade.

De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, Lindemberg queria conversar sozinho com Eloá. 'Mandei os três (Victor Lopes, Iago Vilela de Oliveira e Nayara) saírem do apartamento, mas eles se recusaram', afirmou ele. 'Fiquei surpreso com a presença (deles) e a Eloá ficou assustada ao me ver'.

O acusado contou que não sabia o que fazer com a chegada da polícia ao local, pois ficou com medo. 'Quando a polícia chegou, fiquei apavorado. Não sabia o que fazer. Só não saímos pois tínhamos medo da reação da polícia', afirmou à juíza Milena Dias.

Lindemberg confessou ter atirado contra Eloá. 'Puxei a arma quando ela começou a gritar comigo, mentindo que não tinha ficado com o Victor', disse. 'Quando a polícia invadiu, a Eloá fez menção de levantar e eu, sem pensar, atirei. Foi tudo muito rápido'.

Sobre o disparo contra a amiga da menina, no entanto, Lindemberg disse não se lembrar. 'Não posso dizer se atirei ou não na Nayara. Eu não me lembro.'

O depoimento de Lindemberg Alves começou por volta das 14h30, no Fórum de Santo André, no ABC. O pronunciamento dele é aguardado desde 2008, já que o acusado de 12 crimes nunca deu sua versão sobre o caso.

Tenente

Mais cedo, o tenente Paulo Sérgio Schiavo disse que Lindemberg assumiu o crime. 'Estou vivo, estou vivo e consegui matá-la', foram essas as palavras que o réu de 25 anos teria dito de acordo com Schiavo, após a invasão policial do apartamento em que mantinha a ex-namorada e a melhor amiga dela, Nayara Rodrigues, como reféns.

Schiavo, policial do Gate, detonou a bomba no início do processo de invasão do cárcere pela polícia em 17/10/2008, depois de quase 100 horas. Ele disse que Lindemberg estava eufórico. 'Matei, matei', também teria dito após a invasão.

De acordo com o policial, houve um disparo dentro do cárcere, ele detonou a bomba para a invasão do apartamento e, depois, aconteceram mais disparos - ele próprio chegou a ver o réu disparar duas vezes a arma.

Previsto para ter duração de três dias - com início na última segunda até hoje - o julgamento já teve algumas tônicas.

Segundo dia

Ontem, o depoimento do negociador do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), capitão Adriano Giovanini, causou um choque de versões. Mais de três anos após a morte de Eloá, no ABC, ele continua a afirmar que um disparo no apartamento motivou sua invasão pela Polícia Militar. Sua versão diverge do que relatou a única testemunha ocular, a estudante Nayara Rodrigues da Silva, que alegou que Lindemberg só atirou após ação do Gate.

Na parte da manhã, os depoimentos que mais chamaram a atenção foram os dos irmãos da vítima: testemunharam o caçula, Everton Douglas Pimentel e Ronickson Pimentel dos Santos. Em ambos os relatos, os garotos ressaltaram a agressividade e o desequilíbrio de Lindemberg em querer a posse de Eloá. 'Uma pessoa dessas não pode ser considerada ser humano. Podem dizer que era trabalhador, não importa. Ele não é digno de estar na sociedade'.

Primeiro dia

Na segunda-feira, a principal testemunha foi a de Nayara, amiga de Eloá.

Emocionada ao relembrar da tragédia e mesmo confrontada pela advogada de defesa, Ana Lúcia Assad, ela garantiu que Lindemberg planejou o crime. Eloá 'não sairia de lá viva', segundo disse.

Foram ouvidos também os dois amigos de Eloá mantidos como reféns - Victor Lopes e Iago Vilela de Oliveira, ambos de 18 anos. Os dois confirmaram que Lindemberg tinha intenção de matar Eloá desde o início e relataram que foram agredidos pelo réu. Iago prestou depoimento na frente do acusado e afirmou que ele se 'gabava do poder' que adquiriu ao invadir o apartamento, no ABC paulista.

Fonte: Estadão

EDITAL DO TREM-BALA DEVE SAIR ATÉ ABRIL

O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, disse hoje que o edital do Trem de Alta Velocidade (TAV) que vai ligar São Paulo ao Rio de Janeiro deve ser publicado até abril. Segundo Figueiredo, a proposta está "tecnicamente" pronta, só restando a "validação política" do que foi feito pela agência.

A Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado aprovou, no início da tarde, por 16 votos a favor e uma abstenção, a recondução de Figueiredo ao cargo máximo da ANTT. Ao final da reunião, a presidente da comissão, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), disse que acredita ser possível votar ainda hoje a recondução dele em plenário.

Figueiredo afirmou que ainda nesta semana se reunirá com ministros envolvidos no projeto para mostrar a proposta. Em seguida, o material sobre o trem-bala seguirá para aval da presidente Dilma Rousseff. A expectativa dele, porém, é de que apenas depois do Carnaval será possível se reunir com a presidente, por questões de agenda. Depois de receber o aval da presidente, o edital poderá ser lançado dentro de um mês.

Investimento

Segundo o diretor-geral da ANTT, todo o projeto deve ficar em torno de R$ 33 bilhões. Desse valor, R$ 25 bilhões serão gastos com a obra, outros R$ 6 bilhões, para pagar o operador e outros R$ 2 bilhões serão reservados para gastos do governo, entre eles, por exemplo, desapropriações de terra e estudos de impacto ambiental decorrentes do projeto.

Figueiredo disse que, desde o mês passado, começou a contratação dos projetos executivos do TAV. O diretor-geral da ANTT pretende estar com todos os projetos executivos e avaliações imobiliárias prontas até o segundo semestre de 2012. A expectativa é de ter todas as contratações prontas - projetos executivos e do concessionário - até 2013 para iniciar a construção da obra no ano seguinte. Pelo cronograma, o trem bala ficaria pronto em 2019. 

Fonte: Estadão

ECONOMIA NA ZONA DO EURO ENCOLHEU 0,3% NO QUARTO TRIMESTRE


O PIB (Produto Interno Bruto) calculado para os 17 países que fazem parte da zona do euro encolheu 0,3% no último trimestre de 2011, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, informou nesta quarta-feira o Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia. Trata-se da primeira contração econômica num trimestre desde a primeira metade de 2009.

Somente o PIB da Alemanha, a maior economia do bloco, encolheu 0,2% no trimestre final de 2011, enquanto o PIB da França, a segunda maior da zona do euro, teve um modesto aumento de 0,2%.

Na comparação com o trimestre final de 2010, o PIB dos países da moeda comum teve um incremento de 0,7%. Para o bloco dos 27 países, o aumento foi de 0,9% na mesma base de comparação.

Os números mostram uma desaceleração do crescimento, já que anteriormente o incremento das economias havia sido superior a 1%.

Em todo o ano de 2011, o PIB da zona do euro cresceu 1,5%, enquanto a economia da UE aumentou 1,6% no mesmo período. No ano passado, estima-se também um incremento de 1,5% para a economia dos EUA, e de apenas 0,8% para a economia japonesa, todos bem abaixo dos 9,3% previstos no caso da China.

Nos anos anteriores, o PIB da zona do euro cresceu 0,4% em 2008, encolheu 4,3% em 2009 e teve um aumento de 1,9% em 2010.

Taxa de crescimento do PIB (%)
200620072008200920102011
Zona do euro3,330,4-4,321,5
Reino Unido2,63,6-1,1-4,42,10,9
França2,52,3-0,1-2,71,51,6
Alemanha3,73,31,1-5,13,73
Itália2,21,7-1,2-5,11,50,3
Espanha4,13,59-3,7-0,10,7 (*)
Portugal1,42,40-2,91,4-1,5
Grécia (*)5,53-0,2-3,3-3,5-5,5
(*) Estimativas/Projeções / Eurostat

Fonte: Folha

CRESCE O DESEMPREGO NA GRÃ-BRETANHA

O número de desempregados na Grã-Bretanha aumentou 48.000 para 2,67 milhões no trimestre terminado em dezembro, de acordo com informações oficiais.

Grã-Bretanha

A taxa de desemprego no período foi de 8,4%, a maior em 16 anos, segundo o Escritório Nacional de Estatística.

O número de jovens sem trabalho avançou 22 mil, para 1,04 milhão, elevando a taxa de desemprego entre os que têm 16 e 24 anos para 22,2%.

Embora a taxa de desemprego seja a mais alta desde 1995, o número de vagas cresceu para 476.000 em janeiro. O total de pessoas empregadas também avançou, 60 mil, para 29.130.000.

De acordo com o governo, o cenário mistura sinais positivos e negativos. A oposição, por sua vez, culpou o plano de austeridade pelo aumento do desemprego.

Já Howard Archer, da IHS Global Insight, afirmou que os números mostram que a piora nos indicadores arrefeceu.

– Isso reforça esperanças de que a economia retomará o crescimento no primeiro trimestre do ano, disse.

Fonte: Correio do Brasil

CORTE NO ORÇAMENTO GERAL SERÁ DE R$ 55 BILHÕES

O governo anunciou agora há pouco que o corte no Orçamento Geral da União de 2012 será R$ 55 bilhões. Desse total, a maior parte, R$ 35 bilhões, virá da redução das despesas discricionárias (não obrigatórias). Com a redução da estimativa das chamadas despesas obrigatórias, serão economizados mais R$ 20,5 bilhões.

Foram revisadas as projeções de gastos com benefícios previdenciários, assistência social,subsídios e complementações para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

O detalhamento dos cortes no Orçamento está sendo explicado, neste momento, no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, pela ministra Miriam Belchior e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Fonte: Agência Brasil

FAZENDA DE RICARDO TEIXEIRA ABRIGOU EMPRESA DE ACUSADOS DE SUPERFATURAR JOGO



Um documento revela que uma fazenda do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, é o elo entre o dirigente e a Ailanto Marketing. Essa empresa é investigada por superfaturar o amistoso da seleção brasileira contra Portugal em 2008.

Segundo o documento obtido pela reportagem, por 26 meses, a Ailanto foi dona de uma outra empresa (a VSV Agropecuária Empreendimentos Ltda) que tinha como endereço uma fazenda de Ricardo Teixeira, na estrada Hugo Portugal, 13.330, em Piraí, a 80 km do Rio.

Teixeira sempre negou relacionamento com a Ailanto, que recebeu R$ 9 milhões do governo do Distrito Federal para organizar o jogo contra Portugal. O presidente da CBF alegava que o amistoso era responsabilidade da Ailanto. Por isso, dizia que não poderia responder sobre as suspeitas.

OUTRO LADO

Agora, por meio de sua assessoria de imprensa, Ricardo Teixeira informou que a ligação da VSV Agropecuária Empreendimentos Ltda com a sua fazenda "é legal". De acordo com o dirigente, a relação dele com a empresa, que tem a Ailanto como sócia, foi declarada em seu Imposto de Renda.

Uma das sócias da Ailanto Marketing Ltda e da VSV, Vanessa Precht não foi localizada. O advogado Demian Guedes, que representa Vanessa, disse, por meio de sua secretária, que não estava autorizado a fazer comentários sobre a empresa. A Folha ligou para três telefones da empresária e não conseguiu contato. Foi deixado recado para Vanessa na sua casa, mas ela não respondeu.

Nos telefones registrados em nome da Ailanto, ninguém foi localizado.


Cecília Acioli/Folhapress




A fazenda do presidente da CBF em Piraí, interior do Rio
A fazenda do presidente da CBF em Piraí, interior do Rio


Fonte: Folha

INCÊNDIO EM PRISÃO MATA 272 PESSOAS EM HONDURAS

Um incêndio em uma prisão de Honduras deixou centenas de mortos, segundo as autoridades do país.

Algumas agências de notícias afirmam que o número de mortos já chega a 357, outras fontes afirmam que pelo menos 272 pessoas morreram no incêndio.

Segundo as autoridades, o número ainda pode aumentar e muitas outras pessoas ficaram feridas.
Bombeiro durante operação para controlar incêndio em prisão de Comayagua (AFP/Getty)

O incêndio começou na noite de terça-feira na prisão de Comayagua, cerca de 80 quilômetros ao norte da capital, Tegucigalpa.

Mais de 800 detidos estavam na prisão e alguns dos sobreviventes escaparam quebrando o telhado e saltando do alto do prédio, segundo familiares dos presos que foram para o local tentar conseguir notícias.

As autoridades temem que muitos dos prisioneiros tenham fugido em meio à confusão.

No entanto, dezenas de outros prisioneiros morreram pois não conseguiram escapar de suas celas.

Josué Garcia, porta-voz dos bombeiros de Comayagua, descreveu cenas "infernais" dentro da prisão e disse que muitos prisioneiros ou morreram carbonizados ou foram sufocados pela fumaça. Segundo Garcia, alguns presos se rebelaram para tentar escapar do fogo.

"Não conseguíamos chegar até eles, pois não tínhamos as chaves e não conseguimos encontrar os guardas que tinham as chaves", disse.

"A situação é grave. A maioria morreu sufocada", disse o diretor do sistema prisional do país, Daniel Orellana, à agência de notícias AFP.
Problema elétrico?

Hector Ivan Mejia, da Secretaria de Segurança de Honduras, disse a jornalistas que um curto-circuito no sistema elétrico na prisão pode ter causado o incêndio.

Mas a imprensa hondurenha divulgou informações sobre uma rebelião na prisão de Comayagua pouco antes do início do incêndio.

No entanto, Daniel Orellana negou esta possibilidade.

"Temos duas hipóteses. Uma é de que um prisioneiro incendiou um colchão e outra é que houve um curto-circuito no sistema elétrico", disse o diretor do sistema prisional à agência de notícias Reuters.

A polícia do país está investigando as possíveis causas do fogo.

Hospitais locais estão tratando dezenas de pessoas com queimaduras e alguns dos feridos foram levados para Tegucigalpa, junto com 30 pessoas com queimaduras graves.

"Estou procurando pelo meu irmão. Não sabemos o que aconteceu com ele e não nos deixam entrar", disse Arlen Gomez à uma rádio hondurenha.

As prisões em Honduras apresentam uma das maiores taxas de homicídios do mundo e geralmente sofrem com problemas como superlotação.

Fonte: BBC Brasil

SEM EDUCAÇÃO E TRABALHO, MILHARES DE BRASILEIROS FICAM À MARGEM DO CRESCIMENTO DO PAÍS

Ao chegar de carro por uma estrada de terra arenosa, uma placa dá as boas-vindas a Assunção do Piauí, "a capital do feijão". Mas as letras desbotadas, quase apagadas, deixam claro que a principal atividade econômica local já viu melhores dias.

Assunção do Piauí. Foto: Júlia Carneiro - BBC Brasil
Na pequena cidade, a 270 km de Teresina, as colheitas fracas estão fazendo muitos desistirem de plantar feijão.

"Aqui é assim, a gente só trabalha no escuro. Num ano dá e no outro não dá", diz a dona de casa Francisca Pereira Moreno, mãe de cinco filhos.

Depois de conversar com alguns moradores de Assunção, perguntar onde cada um trabalha parece perder sentido. Os principais empregos da cidade são na prefeitura local, mas para adultos como Francisca, que não sabe ler nem escrever, a única opção está na roça ou nos serviços domésticos. Sem alternativas, a maioria sobrevive do Bolsa Família.

"Tem que ter o Bolsa Família. Porque a renda aqui do feijão não está dando dinheiro. Dá R$ 60, R$ 70", diz Francisca.

A cidade é um dos retratos de um Brasil que ficou praticamente à margem do crescimento econômico nacional registrado nos últimos anos e que tem colocado o país próximo de economias consideradas de primeiro mundo como a Grã-Bretanha.

Apesar do recuo constante da pobreza desde o início do Plano Real, em 1994, e da emergência da classe C, na última década, o país ainda tem focos de pobreza extrema que se caracterizam por baixo rendimento domiciliar, acesso limitado a serviços como saúde e educação e poucas perspectivas de trabalho para os moradores locais.

Oportunidades insuficientes

“Com o crescimento e a geração de empregos, uma parte da população saiu da pobreza extrema. (Mas) as oportunidades não foram suficientes para todos – sobraram os com menos condições de aproveitar, como os que não tinham vínculos com o mercado de trabalho ou acesso à Previdência e à assistência social”, explicou Rafael Osório, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).

Segundo o Censo 2010, em média 8,5% da população brasileira ainda vive com renda per capita mensal de até R$ 70. Isso equivale a cerca de 16,2 milhões de pessoas – praticamente a população do estado do Rio de Janeiro.

Com 7,5 mil habitantes, Assunção do Piauí, visitada pela BBC Brasil em janeiro, teve em 2010 o 10º pior rendimento per capita domiciliar do país – uma média de R$ 137 reais, contra R$ 1.180 de São Paulo.

A taxa de analfabetismo é de quase 40% entre pessoas com 15 anos ou mais. A cidade tem quase 1.500 famílias beneficiárias do Bolsa Família.

"Muitos ficam na fila de espera (do programa) porque Assunção já extrapolou a cota que o Ministério do Desenvolvimento estipula para cada cidade", diz a assistente social Ana Alaídes Soares Câmara, que trabalha no Centro de Referência de Assistência Social da cidade.

‘O terço mais difícil’

Desde o Plano Real, a pobreza caiu 67% no Brasil, algo inédito na série estatística, disse à BBC Brasil o pesquisador Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV. “Falta o último terço, que é o mais difícil da jornada.”

Para Neri, é possível que o número de extremamente pobres seja até menor do que o estimado pelo Censo, se for levada em conta a renda obtida em transações não monetárias, como trocas e agricultura familiar.

“Pelo Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios, também do IBGE), essas pessoas seriam 5,5% da população”, disse o pesquisador da FGV.

A incerteza a respeito do tamanho dessa população revela, na verdade, uma boa notícia: como o grupo de extremamente pobres está cada vez menor, eles ficam pouco representados na amostra geral dos brasileiros, explicou Rafael Osório, do Ipea.

“As pessoas extremamente pobres são mais difíceis de se investigar. Algumas sequer são achadas, não interagem com o Estado, não têm documentos, e o acesso a elas é complicado”, disse.

Além disso, a pobreza extrema não é apenas uma questão de renda: diz respeito também à falta de acesso a serviços básicos, como saneamento, moradia e educação de qualidade, e ao isolamento em relação ao mercado de trabalho.

Faltam atividades econômicas

Mas, um relatório do Ipea tenta traçar um perfil desse Brasil que demora a crescer: em 2009, 41,8% das famílias extremamente pobres eram formadas por casais com uma a três crianças; 29% eram agricultores e 34% eram inativos (não trabalhavam nem procuravam emprego).

Dados do Censo 2010 indicam que muitos desses bolsões extremamente pobres se concentram em cidades de porte mediano, de entre 10 mil e 50 mil habitantes.

“São cidades onde faltam atividades econômicas”, explicou Osório. “Muitas têm poucos atrativos para empresas e dependem cada vez mais de políticas sociais, e algumas têm um vácuo generacional (sua população economicamente ativa migra em busca de empregos).”

Mas o pesquisador ressalva que não se trata de uma população fixa e estagnada: “Uma parcela tem rendimento incerto e transita entre uma camada de renda e outra. É o caso, por exemplo, de um guardador de carro – se ele ficar doente, perde a renda (e passa a figurar entre os extremamente pobres)”.
Estratégias

Como, então, combater essa pobreza extrema?

A presidente Dilma Rousseff lançou como uma das prioridades de seu governo o programa Brasil Sem Miséria, que tem a ambiciosa meta de erradicar a pobreza extrema até 2014 e que foca as pessoas com renda per capita mensal de até R$ 70.

Iniciado em junho do ano passado, o plano contém ações que complementam o Bolsa Família, com programas para fomentar o emprego, a capacitação profissional e atividades econômicas locais, bem como o aumento da oferta de serviços públicos como saúde, educação e saneamento.

Os especialistas ouvidos pela BBC Brasil elogiam o foco estabelecido pelo programa, mas o projeto tem óbvias dificuldades em levar serviços, renda e oportunidades para as pessoas mais excluídas.

“É preciso localizar (as populações empobrecidas), levar serviços públicos, com agentes sociais. É algo mais caro, mais artesanal”, afirmou Neri, da FGV.

Para Osório, uma alternativa seria aumentar os valores pagos pelo Bolsa Família. “A maior parte dos extremamente pobres já faz parte do programa. Se aumentarem os valores, daremos um baque na pobreza.”

Mas os pesquisadores concordam que o grande estímulo para a saída da pobreza é a geração de empregos – e o desafio do Brasil é conseguir gerar vagas em áreas mais pobres justamente num momento de desaceleração econômica.

"Gerar empregos depende, em última instância, da economia", disse Osório. "E o cenário é adverso, apesar de ser o melhor caminho. Isso pode não ocorrer com a mesma intensidade do que nos anos de crescimento."

Fonte: BBC Brasil

DESCOBERTA DE LAGO PODE AJUDAR A ENCONTRAR VIDA EXTRATERRESTRE

A descoberta do lago Vostok, localizado na Antártida e que fica a 4 mil m sob o gelo, é o primeiro passo para encontrar vida em outros planetas, como Marte, onde as condições são parecidas com as do continente gelado, disse à Agência Efe o chefe da expedição antártica russa. "Na estação russa de Vostok, a temperatura chega a 89,2 graus negativos, e em Marte é de 90 graus abaixo de zero", afirmou Valery Lukin, subdiretor do Instituto de Pesquisas Árticas e Antárticas (IIAA).

O cientista russo destacou que "os equipamentos usados para perfurar o gelo que cobria o lago e desenhados com esse único fim pelo Instituto de Engenharia de Minas de São Petersburgo foram um sucesso, por isso essa tecnologia poderia ser utilizada agora para explorar outros planetas".

"O lago da vida", como foi batizado pela comunidade científica, e que tem cerca de 300 km de comprimento, 50 km de largura e quase mil m de profundidade em algumas regiões, pode ter a água mais pura do planeta, espécies desconhecidas ou muito antigas. (...) Provavelmente é a água mais antiga e pura do planeta. Não temos provas concretas, mas sim informações de que a superfície é estéril, apesar de esperarmos encontrar formas de vida como termófilos e extremófilos (microorganismos que vivem em condições extremas) no fundo do lago", comentou.

Lukin revelou que a expedição russa, cujas perfurações demoraram mais de 20 anos para alcançar a superfície do lago, encontraram "rastros do DNA de termófilos" a 3,6 km de profundidade, por isso é provável que haja vida nessa massa de água líquida formada há 40 milhões de anos. "Se não encontrarmos nada, isso também seria uma descoberta. Mas se acharmos algum organismo, poderemos estudar a evolução de espécies que não tiveram nenhum contato durante milhares de anos com a atmosfera terrestre", disse.

O cientista também está convencido de que o Vostok será um "polígono promissor" para estudar as zonas polares de Marte e o satélite de Júpiter, o Europa, que abriga uma camada de gelo e, possivelmente, água. "E se houver água, significa que também pode haver vida", disse, citado pelas agências russas.

De acordo com Lukin, os resultados da investigação no lago serão fundamentais também para o estudo da mudança climática na Terra durante os próximos séculos, pois o Vostok foi e continua sendo uma espécie de termostato isolado do resto da atmosfera e da superfície da biosfera. Vários expedicionários russos vão hibernar na estação, mas ninguém tocará o lago até dezembro, quando a expedição será retomada. "Se tudo correr bem, traremos amostras de água congelada à Rússia em maio de 2012. Aí saberemos se o Vostok é o lar de novos microorganismos, bactérias ou nada", disse.

O chefe da expedição antártica reconhece que alguns cientistas ocidentais se mostraram "céticos" com a descoberta e com o risco de que os russos infectem o lago, saturado de oxigênio com níveis de concentração 50 vezes superiores aos da água doce. "Há muita disputa. Muitos países queriam ser os primeiros. Usamos equipamentos especiais de perfuração para não danificar o ecossistema do Vostok e respeitamos todos os protocolos internacionais da Antártida", garantiu Lukin. Para a demonstração, o IIAA informou em seu relatório que 40 l de água do lago foram bombeados à superfície, porém congelaram no caminho.

Os russos desenharam uma máquina dragadora térmica que utiliza fluido de silicone não contaminante depois que a secretaria do Sistema do Tratado Antártico pôs impedimentos à expedição russa por temer a contaminação do lago com o querosene usado pela perfuradora. "Nem tudo se faz com dinheiro. Sem conhecimento, entusiasmo e capacidade, é impossível. Tenho certeza de que nem a revista britânica Naturenem a americana Science publicarão nossas conquistas, mas isso não importa", declarou.

Lukin garante que a Rússia é, pela primeira vez, líder mundial em algum campo científico desde que Yuri Gagarin se tornou o primeiro astronauta da história, em abril de 1961. "É preciso reconhecer que a casualidade jogou a nosso favor. Os soviéticos não sabiam quando abriram a estação em 1957, e que justo debaixo dela havia um lago", confessa.

De qualquer forma, não faltaram elogios aos cientistas russos, que chegaram ao lago às 18h25 (de Brasília) do dia 5 de fevereiro, em particular por parte do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin - que foi presenteado com uma amostra de água do Vostok em um frasco de vidro hermeticamente fechado -, e do departamento de Estado americano.

O Vostok tem uma superfície de 15,6 km², parecida com a do Baikal, a maior reserva de água doce do mundo, e é o maior lago subterrâneo entre os mais de 100 que se encontram sob o continente.

Fonte: EFE