terça-feira, 24 de abril de 2012

AÉCIO NEVES CONFIRMA QUE EMPREGOU PRIMA DE CACHOEIRA

Escutas telefônicas da Polícia Federal indicam que o senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO) recorreu a seu colega no Senado Aécio Neves (PSDB-MG) para conseguir emprego para uma prima do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, de acordo com reportagem publicada nesta terça-feira (24) pelo jornal "O Estado de S.Paulo".

Por meio de sua assessoria, Aécio confirmou na segunda (23) que, em 2011, indicou Mônica Beatriz Silva Vieira para um cargo no governo de Minas atendendo a um pedido de Demóstenes, então líder do DEM no Senado e "sobre o qual, à época, não recaía qualquer tipo de questionamento".

Aécio afirmou que "desconhecia o parentesco e a origem do pedido". Segundo sua assessoria, a solicitação foi encaminhada para avaliação da Secretaria de Governo de Minas Gerais, a quem cabia a análise.

O governo mineiro informou que a prima de Carlinhos Cachoeira foi nomeada para um cargo DAD 4, com salário de R$ 2.310,00. Em um diálogo interceptado pela PF em 26 de maio do ano passado - um dia após a publicação da nomeação no "Diário Oficial do Estado" - Cachoeira pergunta a Mônica se "o salário lá é bom". Ela diz não saber. "Eu tentei pesquisar, mas não sai. Esses cargos comissionados não sai o salário". Cachoeira responde: "Aqui (em Goiás) no mínimo um cargo desses aí é uns 10 mil reais". A prima conta que trabalhava na diretoria de qualificação profissional da Prefeitura de Uberaba. "Até briguei, falei 'se for menos eu tô perdida'".

Ao jornal "O Estado de S. Paulo", Mônica alegou que foi indicada para o cargo por sua "competência". "Pode ter certeza disso. Eu sou funcionária de carreira há 25 anos, coordenei vários órgãos e o meu convite veio por competência", disse a diretora.

Para o governo mineiro, o currículo da servidora preenchia a qualificação para o cargo e ela possui experiência profissional como coordenadora dos programas federais.

O secretário Danilo de Castro disse que a nomeação de Mônica foi em "comum acordo" com o deputado federal Marcos Montes (PSD-MG, ex-DEM). "Agora, pedido eu não lembro de quem. Todas as nomeações do interior partem daqui, da Secretaria de Governo. Esses cargos regionais têm indicações políticas. " Montes foi procurado nesta segunda no seu escritório em Uberaba, mas não respondeu às ligações. O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, também não respondeu.

Fonte: G1

CHELSEA ELIMINA O BARCELONA EM CAMP NOU


Um gol do brasileiro Ramires e outro do espanhol Fernando Torres calaram o Camp Nou e eliminaram o Barcelona da Liga dos Campeões nesta terça-feira. Busquets e Iniesta abriram 2 a 0 para os anfitriões, mas o Chelsea buscou o 2 a 2 e se classificou para a final do torneio. Nos acréscimos do primeiro tempo, Ramires recebeu ótimo passe de Lampard e tocou por cobertura para vencer o goleiro Valdés . Depois, também nos de contos - mas da segunda etapa - Torres driblou o arqueiro e jogou a última pá de cal nos catalães, recolocando o time londrino em uma decisão de Champions após quatro anos (a última final foi a de 2007/08, contra o Manchester United ).

O maior choque, porém, foi o pênalti perdido por Lionel Messi , no início do segundo tempo. Após ver Fábregas ser derrubado por Drogba na grande área, o argentino pegou a bola e colocouna marca da cal. O chute, porém, foi ruim, e acabou acertando o travessão do goleiro Cech - que teve grande atuação no duelo. O Chelsea, que jogou durante boa parte da partida com um a menos (graças à polêmica expulsão do zagueiro Terry ), se defendeu com bravura no restante do duelo e arrancou uma classificação que parecia impossível. Veja o golaço por cobertura marcado por Ramires:

Nesta quarta-feira, Real Madrid e Bayern de Munique se enfrentam para definir quem vai pegar o Chelsea na final da Liga dos Campeões, no dia 19 de maio, na Allianz Arena, em Munique. O duelo entre espanhóis e alemães está marcado para às 15h45 (horário de Brasília).

O jogo 

Como era de se esperar, o Barcelona partiu para a pressão logo nos primeiros instantes do duelo. Aos 3min, Messi mandou na rede pelo lado de fora, arrancando os primeiros gritos da torcida. Os jogadores do Chelsea mantinham firmes a mesma retranca vista em Londres, na última quarta, mas sofreram um desfalque muito cedo: o zagueiro Cahill - um dos melhores em campo no jogo de ida - sentiu fisgada e saiu aos 12min para a entrada de Bosingwa. O time azul-grená acabou sofrendo problema semelhante logo depois: após trombada com o goleiro Valdés , o defensor Piqué caiu desacordado no chão. O camisa 3 até tentou voltar para o jogo, mas sentiu tonturas e foi substituído pelo brasileiro Daniel Alves.

Na troca de passes, o Barça tentava furar o ferrolho adversário, e quase conseguiu aos 18min. Messi rolou para Fábregas , que devolveu de calcanhar, deixando o argentino na cara do gol. O camisa 10 bateu rasteiro, mas Cech pegou com a perna. Isolado na frente, Drogba era o único a oferecer perigo aos catalães. No mano-a-mano, acabou chegando bem aos 24min, quando invadiu a área pela esquerda e chutou torto. Na insistência, porém, o Barcelona achou seu gol, aos 35 min: Daniel Alves abriu na esquerda para Cuenca, que cruzou rasteiro para Busquets completar para as redes.

Para aumentar a felicidade catalã, o árbitro Cüneyt Çakir expulsou o zagueiro Terry , do Chelsea, por joelhada em Alexis Sánchez . O buraco na zaga deixou as coisas fáceis para os anfitriões, que ampliaram antes do intervalo: Messi lançou Iniesta, que aproveitou condição dada pelo brasileiro Ramires para tocar na saída de Cech e reveter a vantagem do Chelsea. Ramires, no entanto, se recuperou da falha logo em seguida, em um gol "de Messi". Ele recebeu ótima enfiada de bola e tocou por cobertura, para calar o Camp Nou e levar o time inglês classificado para os vestiários.Foto: AFPRamires calou o Camp Nou com seu gol

No retorno ao gramado, o Barcelona começou martelando logo no início. Ainda no primeiro minuto, Fábregas finalizou na grande área e só não marcou porque a zaga do Chelsea desviou. No lance seguinte, o meia foi derrubado na área por Drogba: pênalti para os catalães. Messi pegou a bola e acertou o travessão, perdendo seu 8º pênalti em 33 cobrados pela equipe. O panorama da partida, todavia, não se alterou: o Barça tocava a bola de um lado para o outro, buscando um novo buraco na retrancada defesa dos ingleses. Aos 18min, Cuenca acabou achando a brecha, mas foi parado por Cech.

Com um a menos, o Chelsea se defendia com muita garra, abusando dos carrinhos e chutões para a frente. Para garantir o resultado, o técnico Roberto Di Matteo foi fazendo substituições e esfriando o jogo, segurando com bravura os anfitriões. O tempo foi passando e o Barça até achou um gol com Alexis Sánchez, mas o auxiliar anulou por impedimento. Em seguida, aos 37min, Messi proporcionou o último suspiro aos catalães, chutando forte na trave. O time londrino se defendeu bravamente e achou contra-ataque com Fernando Torres , que driblou Valdés e colocou os ingleses de vez na final da Liga dos Campeões.

FICHA TÉCNICA - Barcelona-ESP 2 x 2 Chelsea-ING (agregado: 2 x 3)

Liga dos Campeões da Europa 2011/12 - semifinal
Local: Estádio Camp Nou, em Barcelona-ESP
Data: 24 de abril de 2012, terça-feira
Horário: 15h45 (de Brasília)
Árbitro: Cüneyt Çakir (TUR)
Assistentes: Bahattin Duran e Tarik Ongun (ambos TUR)
Público: 95.845 torcedores
Cartões amarelos: Iniesta e Messi (BAR); Cech, Raúl Meirelles, Lampard, Ivanovic, Ramires e Obi-Mikel (CHE)
Cartões vermelhos: Terry (CHE)

GOLS

BARCELONA: Busquets, aos 35, e Iniesta, aos 43 minutos do primeiro tempo
CHELSEA: Ramires, aos 46 minutos do primeiro tempo, e Fernando Torres, aos 46 minutos do segundo tempo

BARCELONA: Valdés; Piqué (Daniel Alves), Mascherano e Puyol; Busquets, Fábregas (Keita), Iniesta e Xavi; Cuenca (Tello), Alexis Sánchez e Messi Técnico: Josep Guardiola

CHELSEA: Cech; Ivanovic, Cahill (Bosingwa), Terry e Ashley Cole; Raúl Meireles, Obi-Mikel, Ramires e Lampard; Mata (Kalou) e Drogba (Fernando Torres) Técnico: Roberto Di Matteo

Fonte: IG

GOVERNO DESTINA R$ 32 BI PARA O PAC MOBILIDADE URBANA

A presidenta Dilma Rousseff anunciou hoje (24) os projetos selecionados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a área de mobilidade urbana nas grandes cidades. Ela defendeu a necessidade de ampliar os investimentos na construção de metrôs para dar mais agilidade e conforto aos usuários do transporte urbano.

“O Brasil tem que investir em metrô. Antes, as cidades não tinha condições de fazer isso porque era muito caro. Hoje, os governadores têm enorme dificuldade para construir metrôs com a cidade funcionando. É um duplo desafio”, disse a presidenta. "Além disso, temos que olhar pelo lado sustentável, garantir menos tempo de vida a ser perdido pelas pessoas em um transporte de menor custo e de melhor adequação ao meio ambiente”

Ao apresentar o que chamou de “matemática humana do projeto”, o ministro das Cidades, Agnaldo Ribeiro, reiterou que os canteiros de obras ligados a essa vertente do PAC vão gerar milhares de empregos. “Mas, além do novo traçado urbano, vamos deixar um legado muito importante se considerarmos que hoje os brasileiros ficam quatro horas por dia no trajeto casa-trabalho”.

“Em muitas situações será possível fazer esse mesmo trajeto em apenas uma hora”, acrescentou o ministro. “Isso significa que, na vida, serão três anos que deixarão de ser desperdiçados. Tempo livre que poderá ser dedicado a descanso, estudo e para ficar com os seus”, completou.

O PAC Mobilidade Urbana vai destinar R$ 32 bilhões – dos quais R$ 22 bilhões têm como origem recursos do governo federal – para projetos de metrô, veículo leve sobre trilho (VLT) e corredores de ônibus que beneficiam moradores de cidades com mais de 700 mil habitantes.

Entre as obras previstas estão a construção de mais de 600 quilômetros (km) de corredores exclusivos para ônibus, pelo menos 380 estações e terminais para esse tipo de transporte, além de 200 km de linhas de metrô e da aquisição de mais de 1.000 veículos sobre trilhos.

No total, serão beneficiados 51 municípios em 18 estados. Com isso, o alcance previsto pelo governo federal é 53 milhões de brasileiros. O prazo para a entrega dos projetos finalizados por estados e municípios é 18 meses a partir da publicação da seleção das propostas no Diário Oficial da União.

Fonte: Agência Brasil

SARKOZY ENDURECE O TOM SOBRE A ENTRADA DE ESTRANGEIROS NO PAÍS

O presidente da França e candidato à reeleição, Nicolas Sarkozy, e o socialista François Hollande, vencedor do primeiro turno, com 28,63% dos votos, mantêm uma postura diferente sobre as relações com os estrangeiros.

Sarkozy disse nesta terça-feira que o país não pode continuar recebendo tantos estrangeiros. Por isso, anunciou que pretende reduzir à metade o número de estrangeiros que chegam a cada ano ao país. E foi mais longe: "todos os estrangeiros que queiram se fixar na França serão submetidos a um exame de francês".

O atual presidente declarou que o seu adversário, o candidato socialista François Hollande, quer regularizar todo mundo.

Como resposta a Sarkozy, Hollande declarou que o direito de voto dos estrangeiros nas eleições locais será aprovado durante seu mandato de cinco anos, caso seja eleito.

No entanto, o socialista enfatizou que isso não será uma prioridade imediata: "Já apresentei um calendário do que farei no começo de governo, como conceder mais poder aquisitivo às famílias, reformas que devemos fazer de maneira imediata para sanear nossas contas públicas, nossas indústrias. E depois revisar nossas instituições o que acontecerá em seu devido tempo".

Segundo ele, a revisão das instituições, que inclui o direito de voto dos estrangeiros nas eleições municipais, deve acontecer até junho de 2013.

Atualmente, apenas os estrangeiros de países da União Europeia (UE) têm direito a voto nas eleições municipais francesas. A proposta de Hollande, incluída em seu programa, ampliaria o direito a todos os que não procedem da União Europeia.

Fonte: Jornal do Brasil

GOVERNO VAI LIBERAR R$ 2,7 BI PARA COMBATE À SECA NO NORDESTE

Em reunião com governadores de estados do Nordeste, a presidenta Dilma Rousseff anunciou na segunda-feira, em Aracaju (SE), medidas para minimizar efeitos da estiagem no Nordeste.
Nordeste
Concessão de crédito para garantir seguro a pequenos produtores, expansão da rede de abastecimento de água, antecipação dos recursos do programa Água para Todos e recuperação de poços artesianos estão entre as medidas anunciadas.

No total, entre liberação de créditos e linhas especiais, os investimentos somam cerca de R$ 2,7 bilhões, segundo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que acompanhou a presidenta Dilma Rousseff na reunião com os governadores nordestinos.

Serão enviadas ao Congresso quatro medidas provisórias para que haja mais liberação de recursos para a região. A primeira medida será para a abertura de crédito extraordinário de cerca de R$ 200 milhões a pequenos produtores que não são segurados pelo programa Garantia Safra, que paga aos agricultores prejudicados pela estiagem R$ 680, valor parcelado em cinco vezes.

— Já estamos chamando esse programa de Bolsa Estiagem, disse o ministro de Integração Nacional, Fernando Bezerra. Para receber o Bolsa Estiagem, o agricultor terá de fazer parte do sistema de Cadastro Único. Com esse programa, o governo pretende pagar até R$ 400, em cinco vezes de R$ 80.

A segunda medida provisória a ser enviada ao Congresso será para a expansão da distribuição de água por meio de carros-pipa, medida tomada anteriormente em municípios que têm falta de água.

Em 2011, na mesma operação, o Ministério da Integração gastou cerca de R$ 230 milhões. Segundo o ministro Bezerra, deverá ser aberto crédito extraordinário de R$ 164 milhões para atender à operação com carros-pipa nos próximos seis meses.

A terceira medida é referente à antecipação dos recursos do programa Água para Todos. Esse programa faz parte do principal programa do governo, o Brasil sem Miséria.

De acordo com o ministro da Integração Nacional, o governo pretende liberar até R$ 799 milhões, já previstos no Orçamento Geral da União (OGU) deste ano, para a construção de cisternas e a instalação dos sistemas de abastecimento simplificado, que atendem de 50 a 100 casas. Os recursos também deverão ser empregados para a construção de aguadas [mananciais] e pequenos barreiros [lagoas] destinados à agricultura familiar.

Esses recursos, de acordo com o ministro, serão totalmente liberados até dezembro deste ano e poderão ser usados pelo Ministério da Integração ou por convênios entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e os governo estaduais.

A presidente também deverá enviar ao Congresso outra medida provisória para conceder cerca de R$ 60 milhões para a implantação e a recuperação de poços artesianos.

O governo identificou a existência de quase 5 mil poços já perfurados e que podem ser equipados para ampliar a oferta de água até novembro. O governo estima que, desses poços, 2,4 mil sejam economicamente viáveis para receberem equipamentos nos próximos seis meses.

DEPUTADO ODAIR CUNHA SERÁ O RELATOR DA CPI CACHOEIRA

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP) anunciou há pouco, em reunião da bancada do partido na Câmara, o nome do deputado Odair Cunha (MG) como relator da CPI que vai investigar as relações do empresário do jogo ilegal, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados.
Deputado Odair Cunha (PT-MG) será o relator da CPI do Cachoeira
A comissão, que reúne deputados e senadores, terá ainda outros dois titulares do PT: Cândido Vaccarezza (SP) e Paulo Teixeira (SP) e três suplentes: Doutor Rosinha (PR), Luiz Sérgio (RJ) e Sibá Machado (AC).

Odair Cunha tem trânsito no Palácio do Planalto e com a bancada da Câmara. O ex-líder do governo na Câmara, deputado Vaccarezza, era um dos cotados, mas não tinha a simpatia do Planalto, nem da maioria da bancada. Ao entrar na reunião o deputado Paulo Teixeira afirmou que apesar de cotado não assumiria o cargo, porque já é o relator do projeto de mudança no Código Civil.

Apesar de cotado, Vaccarezza tinha muitos críticos na bancada. Petistas consideraram que a indicação do ex-líder seria uma sinalização de que poderia haver um 'acordão' entre os demais partidos da base em torno das investigações da CPI. Vaccarezza é visto com desconfiança por setores do PT, por conta da proximidade com a cúpula do PMDB. Ele mantém também livre trânsito com outras lideranças partidárias.

Hoje, às 19h30, em sessão do Congresso, será lida a lista com os nomes dos 15 deputados e 15 senadores que comporão a CPI. A comissão será instalada amanhã. O presidente já indicado pelo PMDB será o senador Vital do Rego (PB).

Fonte: Estadão

ELEITORES EUROPEUS ESTÃO DIZENDO NÃO AOS PACOTES DE AUSTERIDADE FISCAL

O resultado do primeiro turno das eleições na França e a queda do governo da Holanda causaram preocupações nos mercados, que veem sinais de que os eleitores europeus podem estar se voltando contra os pacotes de austeridade fiscal.

A bolsa de Nova York registrou queda de 0,8% na segunda-feira. Na Alemanha, na França e na Grã-Bretanha, os mercados financeiros registraram baixas de 3,4%, 2,8% e 1,9%, respectivamente.

Diversos governos europeus estão altamente endividados, o que tem aumentado os seus custos de empréstimos de longo prazo nos mercados financeiros. Ao mesmo tempo, a Europa passa por uma desaceleração econômica, queda do PIB e altos índices de desemprego.

Como solução para a crise econômica, e sob liderança da Alemanha e da França, países como Espanha, Portugal, Itália e Grécia têm promovido rigorosos pacotes de austeridade fiscal para tentar reduzir o endividamento.

No entanto, uma nova corrente de políticos que são contra as medidas de austeridade está ganhando força na França e na Holanda. Este grupo acredita que neste momento os governos deveriam tomar mais dinheiro emprestado e aumentar os seus gastos públicos como forma de estimular o crescimento e acabar com a recessão.

A austeridade fiscal ficaria para um segundo momento, quando a economia da Europa estivesse crescendo novamente.

Eleitores em outros países do bloco europeu – como Grécia e República Tcheca – também dão sinais de que podem estar se voltando contra a austeridade.

Socialistas na França

Na França, o socialista François Hollande ficou em primeiro lugar no primeiro turno e lidera as pesquisas de opinião no segundo turno, contra o presidente Nicolas Sarkozy, que tem sido um dos principais proponentes da política de austeridade fiscal na Europa.

Já Hollande declarou que seu maior inimigo é "o mundo das finanças". Entre suas propostas está a contratação de 60 mil novos professores para a rede pública de ensino, o que elevaria os gastos públicos da França.

"[A vitória de Hollande no domingo] é um voto contra a austeridade e por uma nova dinâmica econômica a ser criada na Europa, especialmente na França", disse o ex-ministro da Educação, o socialista Jacques Lang, na segunda-feira, durante um comício celebrando o resultado de François Hollande no primeiro turno. "Nós não aceitamos esta situação em relação à indústria, aos salários e aos empregos, e precisamos mudar isso."

Mesmo se a vitória de Hollande não for confirmada, analistas políticos já veem nas urnas uma rejeição à ideia de austeridade fiscal entre os eleitores franceses. Entre os candidatos mais votados, dois deles – Hollande (que obteve 28,6% dos votos) e o esquerdista Jean-Luc Mélenchon (11,1%) – são a favor de aumentar os gastos públicos.

A terceira candidata mais votada, Marie Le Pen (17,9%), da extrema direita, quer que a França abandone o euro como um todo, e também rechaça medidas de austeridade.

Crise política na Holanda

A austeridade fiscal está diretamente ligada à queda do governo centrista do premiê da Holanda, Mark Rutte.

A economia holandesa – a quinta maior da zona do euro – sobreviveu sem sobressaltos à crise do euro. No entanto, economistas acreditam que o endividamento do governo holandês está subindo e que deve atingir 4,7% do PIB em 2013.

Um novo acordo de estabilidade fiscal firmado pelos líderes da União Europeia no final do ano passado determina que o endividamento não pode superar 3% do PIB.

Desde março, o governo liderado por Rutte vinha buscando apoio de diversos partidos políticos da Holanda para tentar implementar cortes no orçamento que reduzissem a dívida pública.

Na segunda-feira, os dois partidos que negociavam com o premiê anunciaram que não estão dispostos a adotar medidas de austeridade que, segundo eles, prejudicariam o crescimento da economia holandesa e o custo de vida da população.

Mudanças de rumo

Há temores também de mudanças de rumo na Grécia e na República Tcheca.

A Grécia é o país europeu que precisou adotar as medidas mais drásticas de austeridade fiscal até agora - e que provocaram diversos protestos, muitos deles violentos, por todo o país. No dia 6 de maio, os gregos vão às urnas para eleger um novo Parlamento.

Pesquisas indicam que os partidos de correntes que seriam a favor de cortes orçamentários somam 36% da preferência dos eleitores neste momento. Já comunistas, trotskistas e o partido verde – que são contra qualquer proposta de austeridade – somam 37%.

Na República Checa, o governo de centro-direita do premiê Petr Necas vem promovendo cortes no sistema de aposentadoria e saúde, para tentar cumprir o pacto fiscal europeu. A República Checa e a Grã-Bretanha foram os únicos países entre os 27 do bloco europeu que não adotaram o pacto, mas apesar disso o premiê acredita que é importante cumprir a meta para acalmar os mercados.

No entanto, seu governo foi alvo no sábado de um dos maiores protestos públicos desde o fim do comunismo no país.

Recentemente, diversos políticos de um partido que integra a coalizão de governo checo renunciaram, devido a um escândalo de corrupção. O futuro do governo de Petr Necas é incerto. Analistas políticos acreditam que as forças de coalizão não conseguiriam se manter no poder no caso da convocação de uma nova eleição.

Punição nos mercados

Mas para muitos, as mudanças políticas na Europa não seriam necessariamente um sinal de que os pacotes de austeridade estariam com seus dias contados.

O líder do partido de Angela Merkel no Parlamento alemão, Peter Altmaier, disse à BBC que mesmo uma vitória do socialista François Hollande na França não será suficiente para alterar o pacto fiscal europeu e o caminho adotado até agora.

"No fim das contas, eu não consigo ver nenhuma alternativa viável ao que foi decidido na cúpula europeia do ano passado", disse Altmaier na segunda-feira.

"Se Hollande começar a gastar mais, desrespeitando os princípios de estabilidade financeira, ele será punido pelos mercados financeiros. Estou otimista que depois de um tempo poderemos continuar consolidando (o plano de austeridade), em vez de permitir mais déficit público do que podemos pagar. Eu não vejo o risco de nenhuma grande mudança na política econômica da Europa."

"O dinheiro está indo para a Alemanha. Hoje a Alemanha paga juro de 1,6% se precisa de empréstimos de dez anos no mercado. Outros países precisam pagar 3 ou 4 pontos percentuais a mais. Isso é um sinal da confiança dos mercados financeiros, e a Europa não pode sobreviver sem essa confiança", diz Altmaier.

Dados divulgados na segunda-feira mostram que os pacotes de austeridade da União Europeia estão conseguindo reduzir o endividamento do bloco como um todo – que caiu de 6,2% em 2010 para 4,1% no final do ano passado.

No entanto, a crise econômica está longe de uma solução. No mesmo dia, o Banco Central espanhol confirmou que a economia do país decaiu 0,4% no primeiro trimestre do ano, e que a Espanha está oficialmente em recessão.

Fonte: BBC Brasil

HOLANDESES VENDEM SOBRAS DE COMIDA PARA SUPERAR A CRISE

Durante o auge da crise financeira internacional, a Holanda parecia estar lidando relativamente bem com as ondas de problemas econômicos.

Mas, agora, depois da queda do governo do primeiro-ministro Mark Rutte por discordâncias sobre cortes no orçamento, os sinais dos efeitos da crise ficam cada vez mais claros no país.

Muitos holandeses vêm usando soluções criativas para driblar a crise, como vender o que sobra da comida feita em casa ou frequentar bares onde se pode levar a própria refeição.

Outros recorrem a doações de alimentos. Fome não é um conceito geralmente associado a países ricos europeus, mas a economia holandesa está em recessão e o índice de desemprego chegou a 6%, o índice mais alto em seis anos.

Uma em cada seis famílias tem dificuldades em pagar a conta do supermercado.

Em Amsterdã, uma das soluções é se juntar às filas em frente a um dos cinco "bancos de alimentos" da cidade, onde voluntários organizam doações para quem precisa.

"Recebemos cerca de 1,3 mil famílias por semana aqui. A demanda vinha crescendo já havia algum tempo, mas agora vemos um aumento mais acentuado", disse à BBC Piet van Diepen, do Banco de Alimentos de Amsterdã.

"Estamos vendo os efeitos da crise. Essas pessoas estão sem emprego, têm pouco dinheiro e muitas dívidas. O governo está diminuindo os benefícios também, então as pessoas precisam vir aqui", diz ele, acrescentando que, hoje, 60 mil pessoas em toda a Holanda dependem dessas doações.

Uma das primeiras da fila é Petra, que diz que os 40 euros (R$ 100) por semana que recebe do governo não são suficientes para alimentar a família. Segundo ela, sem as doações, ela seria forçada a roubar.

"Há muita pobreza na Holanda, mas ela está escondida, ninguém sabe."

Microondas no bar

Não muito longe dali, o badalado Basis Bar está lotado de pessoas determinadas a não deixar a crise atrapalhar sua vida social. No bar, os clientes trazem sua própria comida, que é aquecida pelos funcionários de graça. Só é preciso pagar pelas bebidas.

"É muito caro sair e comer fora, mas aqui é ótimo porque você não precisa gastar muito. Essa salada custa cinco euros (R$ 12) do outro lado da rua, mas em um restaurante normal, seria algo entre 10 e 15 euros (R$ 25 e R$ 37)", diz Sophie, que além da salada, levou também uma pizza de muçarela e rúcula, que está no microondas do Basis Bar.

O dono do Basis (que quer dizer Básico, em holandês) diz que não pensou em se beneficiar da crise quando criou o local, mas admite que vem notando um aumento no movimento recentemente.

"Temos pessoas que trazem sopa de casa. Basta colocar umas baguetes no forno e você pode ter uma noite agradável sem gastar muito", diz Michiel Zwart.

E os funcionários ainda lavam sua louça e reciclam as embalagens.

Culinária contra a crise

Do outro lado da cidade, Denise Dulcic, de 32 anos, nem cogita a possibilidade de comer fora.

Quando o governo cortou os gastos com educação para crianças com necessidades especiais, ela perdeu seu emprego como psicóloga infantil e ainda não conseguiu achar outro trabalho na área.

"Agora, cozinho para sobreviver. Eu tenho qualificações, mas não há mais empregos", diz ela, que decidiu fazer parte de um programa chamado "Mesa para Dois", em que as pessoas preparam sua própria comida e vendem as sobras.

Além disso, ela criou um negócio que combina culinária e terapia.

"É difícil conseguir pagar meu aluguel, que é muito alto. Cozinhar é minha paixão, mas eu estou fazendo isso porque é a única maneira de sobreviver."

Com os políticos holandeses em uma difícil negociação para cortar mais 9 bilhões de euros (RS 22 bilhões) do orçamento, cada vez mais pessoas no país vão ter de lutar para evitar ter suas vidas completamente transformadas pela crise.

Fonte: BBC Brasil