quinta-feira, 30 de junho de 2011

PLANO DE ESTÍMULO MONETÁRIO DOS ESTADOS UNIDOS NÃO GARANTE CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL

Chega ao fim nesta quinta-feira a segunda rodada do chamado relaxamento quantitativo, política pela qual o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) injetou US$ 600 bilhões (cerca de R$ 942 bilhões) na economia americana por meio da compra de títulos do Tesouro de longo prazo.

Iniciado em novembro do ano passado com o objetivo de impulsionar a lenta recuperação da economia americana, esse novo ciclo de relaxamento quantitativo (QE2, na sigla em inglês) teve resultados modestos, como mostram os dados econômicos mais recentes.

“Não ajudou muito”, disse à BBC Brasil o economista Rafael Amiel, da consultoria IHS Global Insight. “Não teve um impacto na economia real.”

Ao recorrer à medida pela segunda vez – na primeira, durante o auge da crise econômica mundial, entre 2008 e 2009, foram investidos US$ 1,75 trilhão (cerca de R$ 2,75 trilhões) na compra de títulos – o Fed esperava que, no final de junho, data programada para encerrar o QE2, a recuperação econômica já estivesse em uma “trajetória sustentável”.

No entanto, ao confirmar o fim do QE2, na semana passada, o presidente do Fed, Ben Bernanke, admitiu que a recuperação da economia americana segue num ritmo menor que o esperado.

“A recuperação econômica parece estar ocorrendo em um ritmo moderado, apesar de um pouco mais lento do que o comitê (Federal Open Market Committee, ou Fomc, órgão equivalente ao Comitê de Política Monetária brasileiro) esperava, e alguns indicadores recentes do mercado de trabalho também foram mais fracos do que o esperado”, disse Bernanke na ocasião.

Crescimento

As declarações de Bernanke foram feitas logo após reunião do Fomc na qual a previsão de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos foi reduzida para ficar entre 2,7% e 2,9% neste ano – abaixo da projeção anterior, divulgada em abril, que colocava o aumento do PIB entre 3,1% e 3,3%.

A projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional) é ainda mais pessimista.

Em um relatório anual sobre a economia americana divulgado nesta quarta-feira, o FMI prevê avanço de 2,5% neste ano e 2,7% em 2012 e afirma que o crescimento deve permanecer fraco por algum tempo.

A taxa de desemprego, que em novembro do ano passado estava em torno de 10%, hoje é de 9,1%, patamar ainda considerado alto e sem perspectivas de grandes mudanças no curto prazo.

O Fed prevê que a taxa de desemprego chegue ao fim deste ano em torno de 8,6% a 8,9%, e o próprio Bernanke já afirmou que deve levar “vários anos” até que esse patamar volte a um nível considerado “normal”, entre 5% e 6%.

Com a recuperação em marcha lenta, a economia americana não tem crescido o suficiente para recuperar os cerca de 8 milhões de postos de trabalho perdidos durante a recessão – que se estendeu por 18 meses, até junho de 2009.

Somados a esses problemas estão ainda o déficit recorde no orçamento, calculado em US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 2,2 trilhões) para o ano fiscal que termina em setembro, e o risco da dívida pública, que já chegou ao teto de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 22,5 trilhões) ultrapassar o limite legal.

Caso a Casa Branca e o Congresso não cheguem a um acordo para elevar o teto da dívida até o dia 2 de agosto, os Estados Unidos correm o risco de ter de parar de cumprir seus compromissos financeiros, o que, segundo o governo e o FMI, pode não apenas mergulhar a economia americana em uma nova crise, mas também provocar “choques severos” nos mercados globais.

Há também o déficit comercial com países como a China, o mercado imobiliário ainda em crise e fatores externos, como os altos preços das commodities e o impacto do terremoto e do tsunami que atingiram o Japão em março sobre alguns setores, como o manufatureiro.

Críticas

Apesar do cenário pouco otimista, os resultados do QE2 não chegam a surpreender, já que desde seu início analistas alertavam que a medida não ia resolver os problemas da economia americana.

No entanto, mesmo diante das dúvidas iniciais de analistas, o Fed sempre disse que não poderia deixar de agir diante das dificuldades da economia americana, ao lembrar que tem a dupla tarefa de controlar a inflação e ao mesmo tempo estimular o crescimento.

Como os Estados Unidos permanecem desde dezembro de 2008 com sua taxa de juros inalterada em entre 0% e 0,25% e sem previsão de aumento, o governo não tinha mais espaço para recorrer à medida tradicionalmente adotada para impulsionar a economia, que seria a redução dos juros.

Nesse quadro, o relaxamento quantitativo – que, na prática, significa imprimir dinheiro para comprar os títulos de longo prazo – tinha o objetivo de baixar os juros de longo prazo, aumentando a liquidez e estimulando a demanda.

Oito meses depois, o nível de confiança de consumidores e empresas permanece baixo. Mas a inflação, que na época do lançamento do QE2 registrava seu menor aumento em décadas, tornando-se uma das razões da implementação da medida, devido ao temor de deflação, voltou a crescer, e deve ficar entre 2,3% e 2,5% neste ano, segundo o Fed.

A trajetória do QE2 também foi marcada por críticas de países emergentes, como o Brasil, que acusaram os Estados Unidos de provocar um fluxo excessivo de capital em suas economias, provocando a valorização das moedas locais frente ao dólar e prejudicando as exportações.

No campo doméstico, a pouco mais de um ano para as eleições presidenciais, a oposição republicana não cansa de culpar as ações do Fed por problemas como os altos preços dos combustíveis.

Por ora, o Fed anunciou que não pretende implementar uma terceira rodada de relaxamento quantitativo. Mas já avisou que essa medida não está totalmente descartada e depende de como a economia americana irá se comportar.

Fonte: BBC Brasil

GOVERNO DEFINE META DE INFLAÇÃO EM 4,5%

O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu em 4,5% a meta de inflação para 2013, pelo nono ano consecutivo. O intervalo de tolerância será novamente de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Segundo o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, a decisão desta quinta-feira vai garantir o controle inflacionário e dar flexibilidade à política monetária "compatível com o Produto e com o cenário internacional de incertezas".

A decisão adia a possibilidade, já defendida pelo presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, de o País reduzir o alvo para um patamar mais próximo ao dos demais países emergentes. Apesar de praticar juros que estão entre os mais elevados do mundo, o país ainda trabalha com metas de inflação elevadas - quando considerado o intervalo de tolerância, o teto chega ao desconfortável nível de 6,5%.

"A determinação do governo é em duas direções: manter a inflação controlada, preferencialmente dentro do centro da banda, e a outra é enveredar esforços para menores metas no futuro", acrescentou Holland. "Mas o ambiente internacional obviamente não é adequado."

A previsão no mercado financeiro é de que neste ano a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 6,16%, segundo o último relatório Focus.

Fonte: Terra

FHC REVELA QUE ASSINOU SEM LER DOCUMENTOS IMPORTANTES QUE PERMITEM O SIGILO ETERNO DE DOCUMENTOS

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje (30) que não vê mais razão para manter em sigilo eterno documentos do governo. Homenageado por seu partido, o PSDB pela passagem de seus 80 anos, que completou no último dia 18, o ex-presidente revelou que assinou sem ler o decreto que permite manter em segredo, por tempo indeterminado, documentos oficiais do governo.

“Não precisa ter sigilo eterno. Mas podem me perguntar: 'Por que você fez?'. Fiz sem tomar conhecimento, no último dia de mandato. [Assinei] Uma pilha de documentos e só vi dois anos depois”, disse Fernando Henrique. “Mandei reconstituir para saber o que era. Agora, o presidente da República pode alterar o sigilo. Então, não vejo mais razão para sigilo”, acrescentou.

Há dois anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou um projeto ao Congresso Nacional propondo a redução do tempo máximo que o governo pode manter em sigilo documentos oficiais, de 30 para 25 anos. Pela proposta, em tramitação no Senado, o prazo do sigilo poderia ser renovado indefinidamente, a critério do governo.

Fonte: Agência Brasil

SUPERAVIT PRIMÁRIO EM 12 MESES É O MAIOR DA SÉRIE HISTÓRICA

A economia feita pelos governos federal, estaduais e municipais para pagar os juros da dívida pública, o superávit primário, em 12 meses encerrados em maio, R$ 126,639 bilhões, é a maior da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 2001. O resultado está acima da meta para o ano, que é R$ 117,9 bilhões.

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, o superávit primário correspondeu a 3,29%, no período de 12 meses, o maior resultado desde dezembro de 2008, quando ficou em 3,42%.

De janeiro a maio, o superávit primário ficou em R$ 64,820 bilhões, o que corresponde a 55% da meta para este ano. No mesmo período do ano passado, o setor público havia cumprido 35% da meta. Em 2009 e 2008, também de janeiro a maio, esses percentuais estavam em 41% e 77%, respectivamente. Em maio, o superávit primário ficou em R$ 7,506 bilhões, contra R$ 487 milhões registrados em igual período de 2010.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o resultado fiscal do mês passado mostra “convergência para uma situação de normalidade”. “Estamos em trajetória de pleno cumprimento da meta do ano”, disse.

Já os gastos com o pagamento de juros da dívida pública foram os piores da série do BC para o período tanto de janeiro ao mês passado (R$ 100,760 bilhões) quanto no resultado de 12 meses até maio (R$ 219,768 bilhões) e apenas em maio (R$ 22,175 bilhões). Em relação ao PIB, os gastos com juros em 12 meses encerrados em maio ficou em 5,71%.

Segundo Maciel, o aumento dos gastos com juros se deve ao crescimento da inflação e aos aumentos da taxa básica de juros, a Selic, indicadores que corrigem parcela expressiva de títulos da dívida pública. “Além do efeito de acumulação do estoque [saldo] da dívida”, disse Maciel.

A expectativa do BC para os gastos com juros em relação ao PIB neste ano subiu de 4,8% para 5,4%. A estimativa para a relação entre PIB e déficit nominal (cálculo que leva em consideração o superávit primário e os gastos com juros) foi ajustada de 1,9% para 2,5%. Em 2010, esse relação ficou em 2,55%.

A projeção para a dívida líquida (considerados ativos e passivos) do setor público em relação ao PIB subiu de 38% para 39%. De acordo com Maciel, o motivo para esse aumento é a mudança na estimativa do mercado financeiro para a cotação do dólar ao final do ano de R$ 1,70 para R$ 1,60, o que é levado em consideração na hora de o BC fazer a projeção para a relação entre a dívida e o PIB. A influência do câmbio ocorre porque o país é credor em dólar, ou seja, as reservas internacionais e outros ativos são maiores do que a dívida externa.

A dívida líquida do setor público chegou a R$ 1,531 trilhão em maio, o que correspondeu a 39,8% do PIB, com manutenção do percentual registrado em abril. Para este mês, a projeção do BC é 39,7%.

A estimativa do Banco Central para a dívida bruta (considerados apenas os passivos) em relação ao PIB é 56%, em junho, e 55% neste ano, contra 55,5% previstos anteriormente para 2011.

Fonte: Agência Brasil