No caso do Brasil, essas inovações começam a ser testadas num projeto de cooperação com os Estados Unidos. Sete Lagoas, em Minas Gerais, e Richland, no Estado de Washington, serão as cidades "cobaias" no uso da rede inteligente, ou "smart grid", um conjunto de inovações tecnológicas que vai mudar a forma como se usa energia. "Vamos aprender juntos", explicou o superintendente de Desenvolvimento e Engenharia da Distribuição da Cemig, Denys Cláudio de Souza. A Cemig é a responsável pela experiência pelo lado brasileiro.
"Usar smart grid é mais ou menos como mudar da máquina de escrever para o computador", disse o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Wilson Grüdtner. Ele observou que as atividades de geração e transmissão de energia já incorporaram novas tecnologias, mas a parte de distribuição, que vai até as casas dos usuários, é a mesma de décadas atrás.
No momento, o governo está fazendo um mapeamento de tudo o que pode ser feito com o "smart grid" para, se for necessário, criar novas regras para o relacionamento entre usuários e concessionárias. O experimento em Sete Lagoas será útil para indicar que caminho poderá ser seguido pelo Brasil.
Fazer negócios. Mais do que isso, o trabalho em conjunto com os EUA servirá para fazer negócios, segundo explicou o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Reginaldo Arcuri. "Não queremos mais um debate acadêmico, e sim abrir espaço para as empresas pensarem em negócios conjuntos", diz Arcuri.
Se as empresas brasileiras conseguirem uma boa inserção no mercado americano, elas estarão em vantagem porque o uso do "smart grid" está em estágio inicial no mundo inteiro.
O uso conjunto do "smart grid" deve ser a estrela da 2ª Conferência de Inovação Brasil-Estados Unidos, que começa esta semana na capital americana. A parceria entre distribuidoras de energia, empresas de software e fabricantes de equipamentos dos dois países é um dos resultados mais concretos da 1ª Conferência, realizada no Brasil há três anos. "Buscamos uma entrada mais eficiente no tecido econômico dos EUA", diz Arcuri.
"Em algumas coisas, estamos à frente dos americanos", disse o empresário Gilberto Teixeira, da Elo Electronic Systems, fabricante de medidores inteligentes. "É bom para o ego e bom para os negócios."
Outro resultado do trabalho conjunto dos dois países foi a produção de uma peça importante para transformar o etanol em uma commodity internacional.
Etanol padronizado. O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e seu correspondente nos EUA, o National Institute of Standards and Technology (Nist), criaram uma amostra-padrão para o etanol.
Ela serve como modelo para calibrar equipamentos que vão certificar a homogeneidade. Essa amostra permite que os países adotem o novo combustível sabendo que vão adquirir um produto com características padronizadas. "Estamos vendendo para a União Europeia", contou Roberto Alvarez, gerente de Assuntos Internacionais da ABDI.
Três empresas brasileiras de alta tecnologia e três americanas poderão ainda testar os mercados umas das outras com o apoio da academia. A Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul e a Universidade do Arizona firmarão um acordo durante a 2ª Conferência segundo o qual funcionarão como incubadoras.
A intenção, segundo o professor Dario Azevedo, da PUC-RS, é proporcionar um pouso suave das empresas brasileiras num mercado com cultura e regras diferentes como o americano. "A ideia surgiu nos laboratórios que realizamos após a 1ª Conferência", explicou. "Vamos trabalhar na formação da empresa, na sua colocação de mercado e assim reduzir os traumas iniciais."
Fonte: Estadão
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