Na estreia como palestrante internacional, o ex-presidenteLula recebeu tratamento de chefe de Estado, com hospedagem na casa do embaixador brasileiro em Washington e forte esquema de segurança. Lula tomou o cuidado de ler um discurso previamente redigido, mas num momento de improviso disse que no passado os brasileiros eram confundidos com traficantes nas viagens ao exterior.
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"Quinze anos atrás, qualquer brasileiro tinha vergonha de mostrar o passaporte porque nos aeroportos do mundo inteiro as pessoas achavam que era traficante de drogas", disse a cerca de 200 pessoas num evento patrocinado pela Microsoft. "Hoje não temos vergonha, acabamos com nosso complexo de vira-lata."
Depois do evento, falando com a imprensa, disse que o ex-presidente da Vale Roger Agnelli não é insubstituível.
Lula chegou ao evento, promovido num hotel a poucas quadras da Casa Branca, acompanhado do embaixador em Washington, Mauro Vieira, e o governador do Rio, Sérgio Cabral. Ele posou para algumas fotos na recepção do hotel e abraçou uma brasileira que se emocionou ao encontrá-lo calçada.
Lendo um texto de nove páginas, Lula relembrou que, filho de analfabetos, foi o primeiro de uma família de oito irmãos a completar o ensino técnico. Ele passou em revista a política de educação do seu governo e fechou o discurso com lições que diz ter aprendido no poder. "Governante que não sonha não transmite esperança", disse. "Governar é sobretudo uma relação de sentimento do governante com os governados."
Ao responder perguntas da plateia, manteve a cautela em assuntos internacionais, Lula alfinetou os países desenvolvidos. "O Banco Mundial e o FMI sabiam a solução para a América Latina, mas quando acontece na Europa eles não sabem."
Seguranças americanos tentaram evitar a aproximação de jornalistas, mas Lula aceitou responder a três perguntas. "Ninguém é imprescindível nem substituível, e tive a oportunidade de dizer isso ao amigo Roger há uns 10 dias atrás", afirmou, sobre a troca de comando na Vale. "A alternância de poder vale na política e na vida empresarial."
Lula disse que, como presidente, teve divergências com Agnelli porque exigiu mais investimentos no Brasil, e afirmou não estar preocupado com a reação negativa do mercado. "Eu não pedi ao mercado para ser eleito", disse. "Tem título de eleitor, o mercado?"
Fonte: osamigosdapresidentedilma
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