terça-feira, 29 de novembro de 2011

COM A CRISE, AVÓS NA ESPANHA FICAM ESTRESSADOS POR EXCESSO DE RESPONSABILIDADE COM OS NETOS

Foto: Sociedade Espanhola de Geriatria
Cuidar dos netos pode ser um prazer, mas também um problema. Um relatório espanhol indica que, desde o início da crise econômica em 2009, o número de avós que passaram a cuidar dos netos para ajudar o bolso dos filhos aumentou 47%. E, com isso, subiu o nível de estresse entre os mais velhos.

Patologias como ansiedade e depressão foram detectadas por excesso de responsabilidades no estudo Avôs e avós para tudo - Percepções em relação à educação e cuidado dos netos, apresentado recentemente pela Fundação Obra Social Caixa Madri.

Diante dos cortes de gastos dos pais com creches, atividades extraescolares e babás, os avós viraram serviços de primeira necessidade. Assim, 50% dos maiores de 65 anos na Espanha cuidam de seus netos diariamente; 45% o fazem todas as semanas.

Essa responsabilidade quintuplicou em menos de uma década. Em 1993, apenas 9,5% dos avós tinham a tarefa de ocupar-se dos netos. Atualmente, duas em cada três famílias apelam para o que os sociólogos definem como "avós-pais" ou "avós-babás".

Em outros países, como a Grã Bretanha, uma de cada quatro famílias recorre aos avós para o cuidado das crianças.

O problema, segundo o informe, é que na Espanha "estão ocorrendo muitos casos de abusos".

'Angustiados'

Há avós que precisam eles mesmos de cuidados e que afirmam que se sentem "angustiados e utilizados por filhos que lhes delegam excessiva responsabilidade no cuidados dos netos".

"Por um lado, reivindicam seus direitos de serem avós, não educadores. Demandam que haja limites em relação as suas obrigações, porque existe um temor de interferir nas estratégias educativas dos pais. Não sabem se aplicam seus critérios ou os dos seus filhos", disse à BBC Brasil o coordenador da pesquisa e psiquiatra, Eusébio Megías.

"E, por outro, temem que depois de cuidar de filhos e netos durante toda a vida, ninguém se preocupe por cuidar deles, acrescentou ele."

Segundo as conclusões do relatório, os avós se sentem divididos entre o prazer de passar tempo com seus netos e os excessos de exigências de seus filhos nestas tarefas.

Nestas circunstâncias estão aumentando as consultas médicas por estresse, ansiedade e depressão, de acordo com as estatísticas da Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia (SEGG) feitas para o Ministério da Saúde.

Para a SEGG, "o fato de 50% dos maiores de 65 anos dedicarem em média seis horas por dia de maneira forçada ao cuidado dos netos, negligenciando suas próprias necessidades, está causando problemas nervosos, porque muitos avós se sentem sobrecarregados".

Cultura e expectativa de vida

Além da crise econômica, o aumento da expectativa de vida e a cultura de ajuda familiar também são fatores que colocam os avós espanhóis nesta nova realidade de educadores por imposição. As espanholas lideram os índices europeus de expectativa de vida, com 84,9 anos, sendo que a média continental é de 82,4; entre os homens espanhóis, 78,7 contra 76,4 anos de média na Europa) .

Ao contrário de vários países ocidentais europeus, 56% dos espanhóis acham que os parentes devem ser a primeira opção na hora de pedir apoio financeiro e ajuda com o cuidado de algum integrante da família.

A taxa cai para 20% na França, 32% na Alemanha e não chega aos 10% nos países escandinavos.

"(Isso ocorre) provavelmente porque nestas sociedades há mais ajuda social. A questão é que, na Espanha, os avós passam mais horas com os netos do que a média europeia. Aí se produz um desajuste", afirmou à BBC Brasil a investigadora Maria Teresa López.

Paulino Castells, autor de 'Queridos Abuelos', diz que, se avós 'fizessem greve, país entraria em colapso'

Professora de Economia Aplicada da Universidade Complutense de Madri e co-autora da pesquisa Dupla dependência: avós que cuidam de netos na Espanha, López disse que os idosos são os mais adequados para substituir os pais no cuidado de netos, mas com pré-condições.

"Precisam de agradecimento pelo esforço, que os filhos não abusem de suas possibilidades e que as pautas de atuação sejam negociadas, porque eles devem ter suas necessidades também atendidas e valorizadas."

O psiquiatra Paulino Castells, uma das maiores autoridades nacionais no assunto com 18 livros publicados, acredita que o papel dos avós nos tempos de crise é tão importante que, "se fizessem greve, o país entraria em colapso".

O psiquiatra e avô de três netos disse à BBC Brasil que "está havendo uma mudança hierárquica. Pais que procuram refúgios no lar da infância e se transformam em irmãos mais velhos de seus filhos. Isso é um erro".

Fonte: BBC Brasil

O EGITO VAI ÀS URNAS

Na primeira eleição após a queda do ex-presidente Hosni Mubarak, em fevereiro deste ano, os principais candidatos e partidos políticos continuam os mesmos de antes e oferecem poucas alternativas ao eleitorado, principalmente o mais jovem, na opinião de colunistas e analistas do Egito.

Em seus editoriais, os jornais Al Masry al Youme Al Ahram disseram que enquanto as eleições oferecem mais de 10 mil candidatos e 40 partidos aos eleitores, a imensa maioria é desconhecida da população.

"Os conhecidos são os mesmos de outras eleições, os líderes dos principais partidos como o secular Wafd e o islâmico Justiça e Liberdade, ligado à Irmandade Muçulmana. Novo em pleitos, o recém-criado partido Nour, dos salafistas, aparece como alternativa para o eleitorado mais conservador e identificado com uma doutrina islamista mais conservadora", publicou o Al Ahram.

Segundo o Masry al Youm, partidos seculares como o Wafd, do líder Ayman Noor, no passado um crítico opositor a Mubarak, concorre com poucas "caras" novas e não agrada aos jovens liberais que foram às ruas em protestos que derrubaram Hosni Mubarak.

"Eles querem candidatos com uma visão mais moderna de governança. Mas estes são escassos e os que existem, são pouco conhecidos em meio aos mais de 10 mil na disputa", completou o jornal.

Candidatos disputam quase 498 cadeiras para a Assembleia do Povo (Câmara dos Deputados). As eleições parlamentares se estendem até a terça-feira, dia 29.

A votação também vai determinar qual bloco político controlará o Parlamento, que elegerá um comitê de cem membros com a função de elaborar uma nova Constituição.

O Conselho Supremo das Forças Armadas, a Junta Militar que governa o país desde a saída de Mubarak, apontará o novo governo com base no resultado das urnas.

Camponeses e trabalhadores

A lei eleitoral do Egito determina que 50% dos assentos no Parlamento sejam preenchidos com candidatos que venham de zonas rurais e também aqueles ligados à classe trabalhadora.

Segundo o cientista político Walid Kazziha, da Universidade Americana do Cairo, a lei é muito vaga e aumenta a dificuldade de eleitores em ter opções mais claras no pleito e também cresce a possibilidade de manipulação do eleitorado pelas elites governantes.

"A questão é simples – quem determina quem é candidato da classe rural ou trabalhadora?", pergunta ele.

Kazziha explica que nos tempos de Mubarak, sindicatos de trabalhadores e camponeses, controlados pelo governo, eram os únicos autorizados a indicar candidatos a eleições.

"Essa lei não mudou, e deixa o eleitorado ainda mais sem opções confiáveis", salientou.

Mensagem clara

O jovem estudante universitário Hazem al Bustany estava na fila para votação nesta segunda-feira para deixar sua mensagem clara aos militares que governam o país.

"Vou anular meu voto e escrever uma mensagem no papel de votação para expressar meu desagrado com a Junta Militar e os partidos políticos", disse ele à BBC Brasil.

Para o egípcio, a juventude que foi às ruas para exigir reformas e derrubar Hosni Mubarak está desiludida com a mesma elite dominante que concorre nas urnas.

"Até a Irmandade Muçulmana e os outros partidos, que estiveram conosco na revolução, nos abandonaram nos protestos da semana passada. Perdemos nossa fé neles", enfatizou al Bustany.

A advogada Amira Alani disse que não anularia seu voto. "Vou votar no menos pior, as opções não me agradam, mas não votar é dar a vitória para os candidatos que eram do velho regime. Ao menos faremos mudanças no Parlamento", disse ela.

O ativista político Basem Fathy, diretor da Academia de Democracia Egípcia no Cairo, explicou que, após a revolução do início do ano, os jovens ativistas e estudantes pró-democracia que inciaram a revolução não criaram um partido político que representasse suas visões –, mais seculares, liberais e modernas para o Egito.

"Ao invés disso, os mesmos partidos de sempre se apresentaram como respostas para suas reivindicações. Mas suas propostas não corresponderam aos anseios dessa massa jovem, carente de mudanças mais ousadas".
Islâmicos

Segundo projeções da mídia do país, os partidos islamistas são apontados como favoritos no pleito desta segunda, e há a expectativa que tenham a maioria no Parlamento.

O Partido Justiça e Liberdade, ligado à Irmandade Muçulmana, e o Partido Nour, criado pelos salafistas, despontam como principais grupos políticos para angariar votos da classe mais pobre e parte da classe média.

De acordo com colunistas políticos do Egito, os dois movimentos são amplamente rejeitados pelo eleitorado secular, jovem e que foi às ruas em janeiro e fevereiro deste ano.

"Para eles, os discursos dos dois grupos não atendem as suas expectativas por modernidade. Os salafistas, por exemplo, só apresentam discursos com citações religiosas e acreditam que o Islã é a resposta para todos os problemas sociais, econômicos e políticos", explicou o analista Basem Fathy.

"Com esse panorama, os jovens egípcios, ao menos aqueles mais liberais, se sentem desiludidos com o Egito pós-Mubarak", completou.

Fonte: BBC Brasil

EX-GOLEIRO BRUNO TRABALHA COMO FAXINEIRO NA PRISÃO E GANHA R$ 400,00 POR MÊS

O ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza, que aguarda julgamento por envolvimento no desaparecimento de Eliza Samudio, trabalha como faxineiro dentro da Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na Grande Belo Horizonte. De acordo com informações da Secretaria de Estado de Defesa Social, Bruno é um dos 11.300 presos de Minas Gerais que trabalham para ganhar um salário e reduzir a pena. O atleta ganha três quartos de um salário mínimo pelo serviço, cerca de R$ 400, e ainda tem benefício de redução de pena.

Para três dias trabalhados, Bruno tem redução de pena de um dia. Como ele não foi condenado pela justiça mineira, o benefício está sendo utilizado para a condenação que Bruno teve pela justiça do Rio de Janeiro. Ele foi condenado a quatro anos e seis meses por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal contra Eliza Samúdio em 2009. A sentença saiu há um ano e também envolveu Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão, braço direito do ex-goleiro. Macarrão foi condenado a três anos por cárcere privado, no mesmo processo judicial.

Bruno está preso há um ano e quatro meses e seu julgamento depende de recursos da defesa, que pode tentar na última instância, o Supremo Tribunal Federal (STF). Além dele, outras sete pessoas respondem por envolvimento no desaparecimento de Eliza Samudio. Uma delas é o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola e que, conforme seus advogados, também vem trabalhando na prisão para ocupar-se durante o tempo ocioso. Bola está em um presídio em São Joaquim de Bicas, também na Grande Belo Horizonte.

Fonte: IG