quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

NO RIO, CHANCE DE ENCONTRAR SOBREVIVENTES É PEQUENA

As possibilidades de que haja sobreviventes entre os escombros dos três prédios que desabaram na noite de quarta-feira, no Rio de Janeiro, são "muito pequenas", de acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Sérgio Simões.


O militar avaliou que há condições para que sejam criados bolsões de ar entre os escombros. Diante do cenário verificado até agora, no entanto, a conclusão é que essa chance é remota. "É uma situação difícil. Sobre as causas do desabamento, ainda é prematuro fazer uma avaliação", afirmou.

Pelos cálculos dos bombeiros, o trabalho de busca a soterrados e de retirada dos escombros deve terminar nesta quinta-feira. No momento, 40 homens participam dessa operação.


Simões reafirmou que não há risco de desabamento dos prédios vizinhos. Até agora, foram retiradas cinco pessoas dos escombros. Elas se feriram levemente. Não foi informado o número de desaparecidos.


O coronel confirmou que o terceiro prédio que desabou, com quatro andares, era um anexo do Theatro Municipal. A centenária construção, no entanto, não foi afetada.

MUITO CEDO PARA APONTAR AS CAUSAS

Em entrevista à GloboNews, na manhã desta quinta-feira, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, reafirmou que ainda é cedo para apontar as causas dos desabamentos de três prédios no Centro da cidade. No entanto, ele afastou a possibilidade de ter ocorrido uma explosão. 


"Pode ter havido falha estrutural, mas ainda é cedo para avaliar. Vamos buscar salvar vidas. As informações de que haveria obras em um andar, são apenas especulações e não dá para dizer se as obras são as causas do desabamento", afirmou Paes. 

O prefeito informou ainda que pelo menos 19 pessoas devem estar desaparecidas, mas os dados também são desencontrados. Segundo os familiares que se encontram na Câmara de Vereadores, onde foi montado um centro de apoio, existe uma lista com os nomes de 20 pessoas que não retornaram para casa na noite de ontem.

Feridos passam bem e um já teve alta do Souza Aguiar

Já teve alta do Hospital Souza Aguiar uma das vítimas dos desabamentos de três prédios ocorridos na noite de ontem no Centro do Rio. Francisco Rodrigues da Costa, de 31 anos, teve ferimentos leves. Ele trabalha em um restaurante e passava em frente a um dos edifícios que desabou. Costa sofreu apenas um corte na perna.

Outros três homens e uma mulher permanecem internados. O caso mais grave é o de Cristiane do Carmo, de 28 anos, com ferimentos no couro cabeludo. Ela passou por uma cirurgia durante a madrugada, e passa bem.

Alexandre da Silva, de 31 anos, André Luís da Silva, de 37, e Marcelo Antonio Moreira, de 50, devem ter alta ainda pela manhã. Todos tiveram ferimentos leves.

Fonte: Jornal do Brasil

MEC DIVULGA A SEGUNDA CHAMADA DO SISU

O Ministério da Educação (MEC) divulgou hoje (26) a lista da segunda chamada dos candidatos do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Os que estão nessa relação têm os dias 30 e 31 deste mês para efetuar as matrículas. Caso ainda haja vagas disponíveis, o sistema gera uma lista de espera que será disponibilizada para as instituições de ensino preencherem as vagas remanescentes. O candidato interessado em participar dessa lista deverá pedir a inclusão de hoje até 1° de fevereiro.

Para se inscrever, o estudante deve ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e recebido nota diferente de zero na redação. No ato da inscrição, o aluno deve apresentar os documentos relacionados em seu boletim de acompanhamento, disponível na página do Sisu na internet (http://sisu.mec.gov.br/) e na própria instituição de ensino.

Pelos dados do Ministério da Educação, 108 mil candidatos passaram pelo processo de seleção. Se não fizer a matrícula, o participante que foi selecionado para a primeira opção de curso é retirado automaticamente do sistema e perde a vaga.

O Sisu é uma ferramenta criada pelo MEC para unificar o processo seletivo de universidades públicas por meio das notas do Enem. Por esse sistema, as instituições públicas de ensino oferecem vagas para candidatos que participaram do exame. O processo seletivo deste ano se refere a matrículas para o primeiro e o segundo semestres de 2012.

Fonte: Agência Brasil

STF AUMENTA EM 41% GASTOS COM DIÁRIAS

O Supremo Tribunal Federal aumentou em 41% as despesas com diárias de ministros e funcionários no ano passado, à frente de um aumento desse tipo de gasto promovido por outros órgãos do Judiciário e pelo Ministério Público. No mesmo período, os gastos gerais com viagens da União caíram 35% em relação a 2010.

Pesquisa no Siafi, o sistema de acompanhamento de gastos federais, também aponta aumento de gastos com diárias na Justiça Federal, na Justiça Militar e na Justiça do Trabalho, além do Conselho Nacional de Justiça, órgão responsável por fiscalizar o Judiciário.

O Supremo, com 11 ministros, foi o que mais aumentou, proporcionalmente, as despesas com diárias. Os gastos saltaram de R$ 707 mil para pouco mais de R$ 1 milhão em 2011. Questionado, o STF informou que o dinheiro atendeu a pedidos de ministros e servidores, em suas atividades de trabalho, além de deslocamento de juízes auxiliares para ouvir testemunhas.

Em família

Em maio, o presidente do STF, Cezar Peluso, levou a mulher, Lúcia, para acompanhá-lo em viagem oficial a Washington. Peluso e outros três ministros do STF viajaram aos Estados Unidos - todos de primeira classe, com passagens pagas pelo contribuinte - para participar de encontro com integrantes do Judiciário norte-americano.

Uma resolução do STF prevê o pagamento de passagem aérea para acompanhantes dos ministros em viagens de caráter protocolar ou cerimonial, quando a presença for considerada "indispensável", informou a assessoria do tribunal. "Foi o caso da esposa do ministro Peluso, que o acompanhou em viagem a Washington porque eles teriam de participar de evento realizado na embaixada do Brasil com a participação de ministros da Suprema Corte americana acompanhados de suas esposas."

O STF não detalhou os gastos com passagens. Na mesma viagem aos EUA, em maio, embarcaram Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Ellen Gracie, com diárias de US$ 485.

O STF lidera o bloco dos órgãos que aumentaram gastos em 2011. Desse grupo, faz parte um único ministério: o do Esporte.

A queda de gastos da União com viagens foi de R$ 800 milhões, em relação a 2010. Esse valor não chega perto, porém, da redução dos investimentos da União, de R$ 2,8 bilhões, em 2011, uma queda de 6,2%, ainda de acordo com dados do Tesouro Nacional.

Em março, em meio a gestos para mostrar a disposição a reduzir gastos públicos e melhorar sua qualidade, a presidente Dilma Rousseff baixou decreto com limites para os gastos com viagens no Executivo.

O Legislativo manteve estáveis seus gastos em 2011. O Judiciário e o Ministério Público não acompanharam o esforço de economia nesse tipo de gasto.

Na Justiça Federal e na Justiça do Trabalho, o aumento de gastos em 2011 superou R$ 5 milhões, valor ultrapassado pelo Ministério Público da União, de R$ 5,2 milhões.

A Procuradoria-Geral da República informou que os gastos com viagens aumentaram por conta da implantação de procuradorias nos municípios, acompanhando a interiorização da Justiça Federal, além de trabalhos da corregedoria.

Divergências

Gastos com viagens foram pivô de desentendimento entre Cezar Peluso e seu antecessor, Gilmar Mendes. Em maio de 2010, pouco depois de assumir o comando da Corte, Peluso criticou gastos do Conselho Nacional de Justiça na gestão Mendes. No ano seguinte, o STF aumentaria seus próprios gastos com viagens mais do que o CNJ, que também inflou em 10% as despesas com diárias.

Para o Ministério do Planejamento, o Executivo cumpriu as metas de redução de gastos. A exceção foi a pasta do Esporte, que desembolsou R$ 200 mil a mais do que em 2010. O ministério justificou os gastos extras como indispensáveis para a organização da Copa de 2014, além da participação nos Jogos Pan-Americanos, no México: "Pela importância dos temas e pelo papel de coordenador exercido pelo ministério, foi solicitada e concedida a ampliação dos limites."

Em relatório divulgado recentemente, o governo apontou, com base nas despesas com serviços prestados em 2011, que a redução de gastos com diárias no Executivo foi de 41%. Os gastos com passagens teriam caído 45%. A contabilidade não leva em conta despesas já pagas nem quitação de contas de anos anteriores.

Fonte: Estadão

HOMEM É DETIDO NOS ESTADOS UNIDOS POR MATAR MENDIGO E COMER SEU CÉREBRO

Um homem foi detido na Flórida sob a acusação de ter matado uma pessoa e comido um olho e parte do cérebro de sua vítima, segundo o relatório policial divulgado nesta quarta-feira.

O detido é Tyree Lincoln Smith, de 35 anos, e foi detido ao chegar à Flórida procedente da cidade de Bridgeport (Connecticut), onde ele próprio confessou a uma familiar que havia atacado um indigente latino, identificado como Ángel González.

O relatório detalha o testemunho de uma prima de Smith, chamada Nicole Rabb, que explicou que em meados de dezembro o acusado foi a sua casa e disse que queria "ter sangue nas mãos". No dia seguinte, Smith tornou a aparecer, desta vez com as calças ensanguentadas.

Segundo o relato de Nicole, o acusado passava a noite ao relento em um edifício abandonado, até que um mendigo o acordou e convidou a dormir em um andar coberto do mesmo imóvel.

Nicole relata que Smith contou que atacou o homem com um machado para depois abrir o crânio de sua vítima e comer um olho e parte do seu cérebro em um cemitério próximo.

Fonte: Folha

CRISTINA KIRCHNER CRITICA REINO UNIDO SOBRE AS MALVINAS

A presidente Cristina Kirchner retornou ao cargo, nesta quarta-feira, 21 dias após a cirurgia para a retirada da tireóide – informada a princípio como sendo um câncer. No regresso, a líder da Argentina atacou as declarações do governo do Reino Unido a respeito das ilhas Malvinas.

Cristina Kirchner. Reuters
Vestida de negro, Cristina deixou visível a marca da cirurgia no pescoço diante das câmeras de televisão. Apesar das especulações, a presidente não abandou o luto, que mantem desde a morte do do marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, em 2010.

Em um evento na Casa Rosada, Cristina respondeu as declarações do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, a respeito das ilhas Malvinas.

"Nestes dias (de sua licença médica) nos acusaram de colonialistas. O comitê de descolonização das Nações Unidas tem dezesseis causas de lugares que são colônias, das quais dez são da Inglaterra e uma das mais emblemáticas são nossas ilhas Malvinas", disse.

Na última semana, Cameron, acusou a Argentina de "colonialismo" em relação às Malvinas (chamadas pelos ingleses de Falklands), após Buenos Aires persuadir os países do Mercosul a fechar os portos a navios com a bandeira das ilhas.

"O que a Argentina tem dito recentemente parece ser colonialismo, porque o povo (das ilhas) quer permanecer britânico, e os argentinos querem que eles sejam outra coisa", disse Cameron.

Cristina contestou Cameron e disse que mais cidadãos britânicos vivem hoje na Argentina do que nas ilhas Malvinas.

"Ninguém está pedindo a eles que deixem de ser ingleses (...). Esses argumentos caem por si só. Vamos seguir com nossa política de sempre e que seja cumprida a resolução das Nações Unidas de se sentar, dialogar e negociar a questão. Não esperem da nossa parte gritos ou gestos de xenofobia. Isso deixamos para outros", afirmou Cristina.

Guerra das Malvinas

A defesa da soberania das Malvinas foi o assunto que mais tempo ocupou o discurso de mais de uma hora de Cristina, transmitido pelas principais emissoras de televisão do país.

"Querem nos converter em garotos maus, ou violentos. Mas não fazemos parte de nenhuma força invasora em nenhum país. Nossas Forças Armadas participam somente de missões de paz", disse.

"Nós vamos continuar da mesma maneira que fizemos até agora, com muito rigor jurídico, político e diplomático, reunindo apoio", afirmou.

Cristina também criticou o regime militar da Argentina, que ocupou o arquipélago do Atlântico Sul, em abril de 1982, provocando uma guerra com o Reino Unido.

"Eles quiseram esconder a tragédia de trinta mil desaparecidos (durante a ditadura militar) e uma economia em crise. E não tiveram melhor ideia do que mandar jovens a uma guerra suicida, jovens que não estavam preparados", atacou.

A presidente anunciou a criação de uma comissão para a abertura de documentos do chamado ‘informe Rattenbach’, que seria mantido como segredo militar por cinquenta anos.

Cristina afirmou ainda que em 2013 se completará “cento e oitenta anos da usurpação das Malvinas cometida pelo governo do Reino Unido em 1833”.

Petróleo

Cristina também atacou as prospecções para exploração de petróleo nas Malvinas.

"Estão depredando nossos recursos naturais. E não escutei nenhuma ONG ambientalista criticar o Reino Unido pelo que estão fazendo com os recursos naturais e internacionais. Uma exploração petroleira sem controle. Pode ocorrer um derrame, o setor da pesca pode ser afetado", afirmou.

Em 2010, a Argentina acusou a Grã-Bretanha de descumprir regras internacionais por perfurar as águas das ilhas, em busca de petróleo.
Saúde

A presidente detalhou ainda como soube do resultado do exame que indicou que não tinha câncer, como chegou a ser anunciado inicialmente.

"O médico não quis dizer, mas eu digo. Foi um milagre. Quero agradecer a todos que rezaram pela minha saúde".

A presidente contou que mais um nódulo foi encontrado, também sem sinais de câncer.

Cristina também voltou a atacar o Grupo Clarín, em mais um capítulo da ferrenha disputa entre o governo e o principal conglomerado de imprensa do país.

"Pensei em vir com lenço (para esconder a cicatriz), porque sei que não está muito estético. Mas aí, amanhã, o Clarín diria que 'essa' (ela) não operou".

Fonte: BBC Brasil

EQUIPES DE RESGATE BUSCAM SOBREVIVENTES DE PRÉDIOS QUE DESABARAM NO RIO

Três prédios desabaram na noite desta quarta-feira no centro do Rio de Janeiro. Pelo menos cinco vítimas foram resgatadas dos escombros, mas segundo a prefeitura da cidade, um número ainda desconhecido de pessoas permanece desaparecida.

Centro do Rio de Janeiro. AFP
Os prédios eram vizinhos ao Teatro Municipal, na Cinelândia. Um deles tinha 20 andares, outro dez andares e um menor, entre eles, tinha quatro andares, segundo o prefeito Eduardo Paes, que foi ao local para acompanhar os trabalhos de resgate.

De acordo com os bombeiros do Quartel Central, houve uma explosão seguida do desabamento, segundo a Agência Brasil. Especula-se que um vazamento de gás possa ter causado o acidente. O prefeito disse, no entanto, que a causa mais provável é uma falha estrutural.

Testemunhas disseram ter ouvido um estrondo na região antes do desabamento.

"Foi como um terremoto. Primeiro começaram a cair pedaços do prédio e as pessoas começaram a correr. Depois ele caiu de uma vez", afirmou à agência Reuters um homem identificado apenas como Gilberto.

A rua 13 de Maio, em frente aos edifícios, ficou tomada pelos escombros, com carros cobertos por uma espessa camada de poeira.

Dezenas de bombeiros e paramédicos foram enviados ao local para trabalhar no trabalho de resgate, que continuava na manhã desta quinta-feira.

Baixa ocupação

O desabamento ocorreu por volta das 20h30, quando os edifícios comerciais estavam com baixa ocupação, o que teria reduzido bastante o número de possíveis vítimas.

Um faxineiro foi retirado de dentro de um dos elevadores sob os escombros após ter ligado para um amigo pelo celular.

Segundo o prefeito, cães farejadores seriam usados na busca por possíveis sobreviventes. Ele afirmou que estimar o número de vítimas neste momento seria "pura especulação".

Segundo as informações iniciais, um dos edifícios, que abrigava escritórios de advocacia, passava por reformas em dois dos seus andares.

Um dos prédios abrigava um restaurante no andar térreo, mas não se sabe ainda se ele estava aberto no momento do desabamento.

Inicialmente especulou-se sobre possíveis danos a prédios vizinhos, incluindo o Teatro Municipal, mas vistorias descartaram problemas.

O incidente ocorre pouco mais de três meses após uma possível explosão de gás em um restaurante da cidade ter deixado três pessoas mortas.

Fonte: BBC Brasil

BRASIL VIRA DESTINO DE NOVOS IMIGRANTES

A maior projeção do Brasil no exterior, aliada às crescentes restrições à entrada de imigrantes na Europa e nos Estados Unidos, está provocando uma diversificação no grupo de estrangeiros que têm optado por viver em terras brasileiras.
Refugiado paquistanês em BSB. Foto: João Fellet, BBC Brasil

Além de atrair cada vez mais imigrantes de países vizinhos e executivos europeus e americanos que fogem da crise econômica, o Brasil tem assistido a um aumento expressivo na chegada de migrantes e refugiados de nacionalidades que tradicionalmente não migram ao país.

No último dia 12, o governo agiu para controlar o maior desses novos fluxos, o de imigrantes do Haiti que têm entrado no Brasil pela Amazônia, ao estabelecer um limite de cem vistos de trabalho a haitianos por mês.

Dados do Ministério da Justiça também revelam aumento considerável, ainda que sobre uma base pequena, na chegada de imigrantes de países da Ásia Meridional e da África.

Em 2009, havia 2.172 indianos vivendo regularmente no Brasil. Em junho de 2011, o número saltou para 2.639. No mesmo período, a quantidade de paquistaneses no país passou de 134 a 216, e a de bengalis (oriundos de Bangladesh), de 64 a 109. O MJ também detectou aumento na chegada de africanos de várias nacionalidades.

Os números, porém, não revelam a quantidade exata de novas chegadas ao país, já que nem todos os imigrantes se regularizam. Além disso, boa parte dos estrangeiros provenientes de países em conflito (como paquistaneses, afegãos e somalis) obtêm status de refúgio no país e não entram na conta, uma vez que o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) não divulga a quantidade de pedidos de refúgio atendidos por nacionalidade.

Tráfico humano

Segundo Paulo Sérgio de Almeida, presidente do Conselho Nacional de Imigração (Cnig), o aumento nas chegadas de migrantes ou refugiados africanos e da Ásia Meridional ao Brasil é recente e reflete a maior projeção do Brasil no exterior.

"Além da projeção pelo bom desempenho econômico num momento de crise mundial, o país conseguiu destaque por ter obtido o direito de sediar grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Isso faz com que o Brasil acabe entrando na rota mundial dos migrantes, pessoas que buscam um trabalho e viver melhor."

Para Almeida, o processo é natural. Ele diz que o Brasil já passou por vários ciclos de migração ao longo de sua história, tendo sempre conseguido absorver os estrangeiros.

"Entendemos que o país vem crescendo e gerando empregos, oportunidades. Estamos monitorando permanentemente a situação, mas por ora não há motivo para alarde."

A principal preocupação do governo, diz Almeida, é evitar que quadrilhas de tráfico humano atuem em território nacional. A ação desses grupos, que cobram para facilitar a travessia de imigrantes de um país ao outro, muitas vezes submetendo-os a riscos e práticas violentas, foi denunciada por vários haitianos que chegaram ao Brasil.

O Ministério da Justiça e a Polícia Federal estão investigando essas quadrilhas. A atuação delas, porém, não se restringe às fronteiras amazônicas, segundo relatos obtidos pela BBC Brasil.

Refugiados oriundos da fronteira do Paquistão com o Afeganistão afirmaram à reportagem terem pago cerca de US$ 5 mil a uma quadrilha local com a promessa de serem enviados ao Brasil. Após o pagamento, dizem ter obtido vistos temporários de trabalho (que permitem permanência de 90 dias no país) e viajado de avião a Dubai, onde pegaram conexão para o aeroporto de Guarulhos (SP).

Mais do que a crescente projeção do Brasil no exterior, o principal fator a motivar a vinda deles foram os elevados preços cobrados pela quadrilha para levá-los aos seus destinos prioritários – a Europa e aos Estados Unidos.

Para obterem vistos e desembarcarem nesses locais, teriam de pagar cerca de US$ 30 mil. Segundo eles, a crise econômica e as preocupações com o terrorismo têm dificultado (e encarecido) a entrada de paquistaneses e afegãos na Europa e nos EUA nos últimos anos.

Segunda opção

Há um ano no Brasil, o paquistanês Haleem (nome fictício), de 40 anos, não recorreu às gangues de tráfico humano para chegar ao país, mas também não o tinha como destino prioritário.

"Acabei aqui por acaso", ele lembra.

Formado em matemática e em jornalismo, Haleem (nome fictício; ele prefere não se identificar) trabalhava com a exportação de frutas no Paquistão. Como os negócios não iam bem e julgou que enfrentaria muitas dificuldades para se instalar legalmente nos países em que gostaria de viver (Canadá ou Suíça), tentou a sorte na Venezuela, onde tinha alguns amigos.

No entanto, ele diz que a burocracia e a desorganização do país vizinho o fizeram arrumar as malas outra vez. Após uma longa viagem de ônibus, em que passou pela Colômbia e pelo Peru, finalmente chegou ao Brasil.

"De imediato, senti que estava num país bom, com pessoas boas. No Peru, tive que subornar policiais".

Haleem se instalou em Brasília, onde logo arranjou uma namorada brasileira, com quem se casaria alguns meses depois.

Hoje tem todos os documentos regularizados e planeja abrir uma importadora de tecidos e instrumentos cirúrgicos paquistaneses.

Atento às oportunidades de negócio que a Copa do Mundo de 2014 trará, também pretende comercializar uniformes esportivos e bonés.

"Estou muito feliz no Brasil. Estaria ainda mais se não fossem os altos impostos."

Fonte: BBC Brasil