quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

PRÉDIO DESABA NO CENTRO DO RIO DE JANEIRO

Um prédio desabou na rua 13 de Maio, próximo ao Theatro Municipal, na Cinelândia, no centro, segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio. Ainda não há informações sobre vítimas.

Prédio desaba no centro do Rio

O edifício Liberdade tem cerca de 18 andares. O vigia Paulo Roberto, que trabalha no Municipal, contou ter ouvido um forte estalo antes do desabamento.

- Foi um estalo muito grande. Tinha muita poeira e entulho, não dava para ver nada.

Policiais militares e bombeiros fizeram um cordão de isolamento para afastar curiosos. Pessoas que estavam no alto de um edifício que fica ao lado do prédio pediam ajuda. Havia forte cheiro de gás no local.

Por volta de 21h15, houve corre-corre após um princípio de incêndio.

Bombeiros de diversos batalhões trabalham em busca de vítimas.

Fonte: R7

AURORA BOREAL FICA MAIS INTENSA

A tempestade solar transformou o céu frio do extremo norte da Terra em um show de luzes por causa da intensificação da aurora boreal. Até mesmo observadores mais experientes ficaram surpresos pela intensidade da aurora boreal que varreu o céu à noite no norte da Escandinávia, após a maior erupção solar em seis anos.
Foto: AP

"Foi realmente incrível", disse o astrônomo britânico John Mason do convés de um cruzeiro que opera na Noruega. "Eu vi a minha primeira aurora boreal há 40 anos, e esta é um dos melhores", disse Mason à Associated Press.

A aurora boreal é causada pelos ventos solares que carregam as partículas elétricas liberadas nas explosões solares. Ao atingirem o campo magnético da Terra, algumas partículas ficam retidas, provocando luminosidade.

Fonte: IG

LULA VISITA GIANECCHINI EM HOSPITAL

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ator Reynaldo Gianecchini se encontraram na tarde desta quarta-feira no hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Lula, que faz tratamento contra um câncer na laringe, foi submetido a sessões de radioterapia de manhã e quimioterapia à tarde. Depois das sessões o ex-presidente fez uma visita ao ator, que se recupera de um autotransplante para tratamento de um câncer no sistema linfático.

Segundo pessoas próximas ao ex-presidente, os dois conversaram cerca de meia hora e falaram sobre amenidades.

Lula voltou para seu apartamento em São Bernardo do Campo. Gianecchini deve receber alta amanhã.

Fonte: IG

EGITO COMEMORA O 1º ANO DA QUEDA DE MUBARAK

Milhares de egípcios comemoram nesta quarta-feira o aniversário de um ano do início do levante popular que levou à queda do presidente Hosni Mubarak, após quase 30 anos no poder.

Multidão na Praça Tahrir (Getty Images)
No entanto, mesmo um ano depois da revolução, o Egito ainda vive uma grande divisão entre os principais grupos políticos, o que traz incerteza sobre o futuro do país.

Nesta quarta-feira, milhares de pessoas participam de uma manifestação na Praça Tahrir, no centro do Cairo, comemorando o primeiro aniversário do levante.

Alguns comemoram o sucesso dos partidos islâmicos nas primeiras eleições depois da queda de Mubarak, enquanto outros pedem mais reformas políticas.

Além disso, para marcar o aniversário, foi anunciado nessa terça-feira que a lei de emergência que vigora quase ininterruptamente no país há mais de 40 anos será revogada.

Enquanto isso, Mubarak está sendo julgado, acusado de ordenar a morte de manifestantes. O ex-presidente nega as acusações.

Centenas de pessoas que foram condenadas à prisão por tribunais militares tiveram sua libertação marcada para esta quarta-feira, como uma concessão aos manifestantes.

Já na última segunda-feira, o Parlamento eleito em novembro se reuniu pela primeira vez. O Partido da Liberdade e Justiça, ligado à Irmandade Muçulmana - banida durante o regime de Mubarak - tem a maioria das cadeiras.

A sessão foi aberta com um momento de silêncio em memória dos mortos nos protestos contra Mubarak.

Volta à Praça Tahrir

Na noite dessa terça, milhares de pessoas já se estavam acampadas na Praça Tahrir, ponto central dos protestos de um ano atrás. Pela manhã, outros milhares de manifestantes se juntaram a eles, representando tanto o lado liberal quanto o islâmico do novo espectro político do Egito.

O correspondente da BBC no Cairo Jon Leyne diz que o clima até o momento é pacífico, lembrando mais uma grande festa a céu aberto do que um protesto político.

Segundo Leyne, os diversos grupos competem entre si para reivindicar a autoria da revolução, desde o movimento jovem que deu início aos protestos um ano atrás até a Irmandade Muçulmana, que agora domina o Parlamento egípcio, e o Conselho Supremo das Forças Armadas, que assumiu o poder após a queda de Mubarak, em fevereiro.

Os manifestantes que passaram a noite na praça ergueram barracas e entoaram cantos contra a junta militar, cuja saída imediata do poder é defendida por muitos.

"Nós não estamos aqui para comemorar, nós estamos aqui para derrubar o regime militar", disse o farmacêutico Iman Fahmy à agência AP. "Eles falharam com a revolução e não cumpriram nenhuma de suas metas."

Outros grupos cantaram "fora com o regime militar" e "revolução até a vitória, revolução em todas as ruas do Egito".

Mas algumas pessoas na praça disseram que os protestos devem acabar, e que os novos líderes devem ter tempo para levar o Egito adiante.

"O Conselho vai deixar o poder de qualquer jeito. Claro, a revolução está incompleta, mas isso não significa que nós devemos obstruir a vida", disse o contador Mohamed Othman à agência Reuters.

Já outros disseram ter ido à praça para lembrar as mais de 850 pessoas mortas durante os protestos de 2011.

"Nós não devemos nos esquecer que houve um derramamento de sangue aqui. Isto não é uma comemoração, mas sim um grande evento para enviar nossas condolências a nossos irmãos que morreram entre 25 de janeiro passado e agora", disse Walid Saad.

Lei de emergência

Nessa terça-feira, o presidente da junta militar, marechal Mohamed Hussein Tantawi, disse que a lei de emergência - em vigor no Egito quase sem interrupções desde 1967 - deverá ser revogada.

No entanto, Tantawi disse que a lei ainda seria aplicada em casos de "vandalismo", mas sem dar mais detalhes.

Os militares usaram o termo "vândalos" para justificar a repressão às pessoas que demandavam o retorno a um regime civil.

O fim da lei era uma das principais reivindicações dos manifestantes. Em seus quase 30 anos no poder, Mubarak prometeu várias vezes revogar o decreto, mas nunca cumpriu a promessa.

No ano passado, os generais ampliaram a abrangência da lei de emergência para incluir greves de trabalhadores, transtornos no trânsito e a divulgação de informações falsas.

A junta militar também anunciou que mais de 1,9 mil prisioneiros foram anistiados por Tantawi. Entre eles, estaria o famoso blogueiro Michael Nabil, detido por insultar as forças armadas.

Três facções

Analistas apontam que a luta pelo poder no Egito é travada entre os revolucionários, os islâmicos e o Exército - facções que, de acordo com os especialistas, estão longe de ser homogêneas.

"Todas (as facções) estão sendo transformadas, de maneira desconfortável, pela situação na qual elas se encontram", diz o analista Roger Hardy, autor do livro The Muslim Revolt: A Journey through Political Islam ("A Revolta Muçulmana: Uma Jornada pelo Islã Político", em tradução livre).

Segundo Hardy, os jovens revolucionários têm muita energia e moral, mas são essencialmente anárquicos e sem liderança, o que os deixa como a ponta mais fraca na disputa pelo poder.

Já os líderes islâmicos, que têm a maioria no Parlamento, precisam buscar, de acordo com o analista, a confiança dos secularistas, dos cristãos, das mulheres e dos militares, que desconfiam deles. Com isso, a busca pelo consenso com as outras partes torna-se a única saída possível para este grupo.

Por último, Hardy diz que os generais - jogados para o centro da vida política egípcia depois da revolução - estão ansiosos para deixar o poder, desde que seus interesses mais fundamentais sejam respeitados, como a garantia de que nenhum governo civil vá questionar seu orçamento ou seus privilégios.

Para o analista, um elemento chave para a barganha entre essas facções será a nova Constituição, que vai, entre outras coisas, determinar se o Egito terá um sistema presidencialista ou parlamentarista, se ele será governado por uma lei secular ou islâmica e fornecer uma base para as relações entre militares e civis.

"O consenso não é impossível, mas ele será uma estrada esburacada", diz Hardy.

Fonte: BBC Brasil

BRASIL GEROU 1,94 MILHÃO DE EMPREGOS EM 2011

O setor de serviços foi o que mais empregos formais no ano passado, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho. De acordo com o levantamento, foram abertos 925,53 mil postos com carteira assinada.

Setor de serviços continua liderando ranking de geração de empregos / José Luis da Conceição/Governo de SP

O segundo setor com o maior número de vagas formais abertas foi o comércio (452 mil postos), seguido pela Construção Civil (222,89 mil vagas) e pela indústria de transformação (215,47 mil postos).

Queda

A criação de empregos com carteira assinada em 2011 caiu 23% em relação a 2010. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, foram abertas no ano passado 1,94 milhão de vagas, contra 2,54 milhões de novos empregos registrados em 2010.

Apenas em dezembro, 408,1 mil postos de trabalho foram fechados. O número é ligeiramente superior ao registrado em dezembro de 2010 (407,5 mil empregos extintos). 

Fonte: Band

LULA PARTICIPA DA POSSE DE MINISTROS

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na tarde de desta terça-feira, no Palácio do Planalto, da cerimônia em que a presidenta Dilma Rousseff deu posse aos novos ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp.

Lula acompanhado da presidente Dilma e de Mercadante, à esquerda, e de Sarney e Haddad, à direita / Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Usando um chapéu preto, sem gravata, Lula desceu a rampa interna do Palácio do Planalto, que dá acesso ao salão onde ocorreu a cerimônia que marcou a despedida do ministro da Educação, Fernando Haddad. É a primeira vez que Lula retorna ao Palácio do Planalto após deixar a Presidência da República em 1º de janeiro do ano passado.

Em discurso, Dilma se disse emocionada por receber o ex-presidente no Planalto. “É um enorme prazer receber aqui o presidente Lula”, afirmou a presidenta. “Temos que reconhecer de público que a estratégia de democratizar o acesso à educação foi do senhor", acrescentou Dilma.

Haddad, que foi ministro da Educação também no governo Lula, deixa o governo com a intenção de se candidatar, pelo PT, à prefeitura de São Paulo, apoiado pelo ex-presidente. Lula. Assume a pasta, em seu lugar, Aloizio Mercadante, que deixa a pasta da Ciência, Tecnologia e Inovação, a partir de agora ocupada pelo ex-presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Marco Antônio Raupp. 

Fonte: Band

EM SALVADOR, HOMEM MATA CUNHADO GAY PARA ROUBAR 400 REAIS

O cobrador acusado de matar o próprio cunhado a golpes de pá no bairro de São Marcos no ano passado teve a prisão temporária decretada. Na tarde desta terça-feira (24), Carlos Alberto de Carvalho Júnior, 32 anos, foi apresentado à imprensa por investigadores do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A polícia investiga se os dois tiveram relação sexual na noite do crime - Carlos Alberto teria seduzido o cunhado, gay assumido, para roubar R$ 400 da vítima.

A vítima, Augusto Anunciação Neto, 35 anos, era pintor e proprietário da microempresa Barbosa Neto Serviços Ltda - especializada em reformas de imóveis. O crime aconteceu no dia 26 de novembro na rua Rosalvo Carvalho Silva.

De acordo com Clelba Regina Teles, delegada do DHPP que coordenou as investigações, apesar de cunhados, os dois não mantinham uma relação forte de amizade e mesmo assim, o suspeito, que estava desempregado, convidou Augusto para ir a um bar, onde beberam por várias horas. 

Ainda de acordo com a delegada, durante a de madrugada, Augusto convidou o cunhado para ir até a sua casa. No local, a dupla consumiu mais bebida além de cocaína, até às 6h30, quando Carlos teria ido para casa.

O corpo de Augusto foi encontrado no mesmo dia, por volta das 14h. Ele estava nu na cama, com o rosto desfigurado por pancadas dadas com uma pá. Preservativos usados estavam espalhados pelo quarto da vítima, segundo a delegada Clelba, que ainda vai apurar se houve relação carnal entre a vítima e o cunhado.    

Sumiço da arma

Em depoimento, o pai de Augusto contou que havia uma pá suja de sangue no quarto do filho e que pouco antes da polícia chegar no local a ferramenta desapareceu. 

Ele disse ainda que R$ 400 reais, recebidos pela vítima há poucos dias como pagamento por serviços prestados, tinham desaparecido - segundo a polícia, o valor foi roubado pelo assassino.

A perícia apurou que não havia sinais de arrombamento na residência do microempresário. Revoltados com a morte de Augusto, um grupo de vizinhos espancou Carlos quando soube que ele era suspeito pelo crime. Ele ainda exibia os ferimentos da agressão no momento da apresentação. 

Os cunhados moravam em apartamentos localizados em um sobrado pertencente à família. Carlos mora com a esposa, Joane Lima Anunciação, irmã da vítima, no primeiro andar do imóvel. Já Augusto ocupava o imóvel do andar de cima. 

Carlos está preso na carceragem da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), à disposição da Justiça.

Fonte: Infosaj

ADOLESCENTE COM DOENÇA RARA NÃO COME HÁ 18 DIAS

Cientistas em Londres estão investigando o caso de um menino que tem uma doença rara que faz com que ele não consiga comer. O jovem Muhammad Miah, de 18 anos, não consegue nem mesmo beber água da torneira.

Doença Rara

– A água precisa ser fervida ou mineral, caso contrário meu estômago não aprova. Meu estômago é muito sensível, diz ele.

Desde a infância, ele é obrigado a se alimentar de forma artificial. Durante o dia, ele toma um líquido acrescido de proteínas, carboidratos, gordura, água, minerais e vitaminas.

À noite, um aparelho especial bombeia nutrientes diretamente em seu estômago através de um tubo especial. Antigamente, ele era alimentado usando métodos intravenosos, com os nutrientes entrando direto na corrente sanguínea, sem passar pelos processos normais de digestão.

Um episódio, no entanto, marcou Muhammad. ”Meu estômago parou de funcionar totalmente. Eu não conseguia nem mesmo ser alimentado por nutrientes líquidos ou água. Isso durou por vários meses”, afirma o jovem.

Doença rara

Muhammad sofre de uma condição rara chamada pseudo-obstrução intestinal, que afeta apenas entre 12 e 15 crianças em toda a Grã-Bretanha. O intestino perde toda a capacidade de fazer a comida passar pelo aparelho digestivo.

Os médicos no hospital Great Ormond Street, em Londres, onde Muhammad está sendo tratado, acreditam que no caso do jovem a doença foi provocada por uma falha nos nervos do músculo do intestino.

Muhammad ainda consegue ver o lado positivo na sua doença. ”Às vezes eu acho que sou mais saudável do que as outras pessoas. Quando você pensa em todos os tipos de porcarias que as pessoas estão comendo… pelo menos eu não vou engordar.”

Ele conta também que nunca chega a sentir fome. ”Minhas refeições são tão bem cronometradas agora, que eu sinto fome de verdade, para ser sincero. E quando eu estou passando muito mal, eu não sinto fome. É algo normal para mim.”

Apesar da atitude positiva, ele enfrenta muitos problemas no seu cotidiano. Muhammad está estudando para entrar na universidade. Devido à sua doença, há dias em que ele fica tão sem energia que mal consegue sair da cama.

O especialista em pediatria e problemas intestinais Nikhil Tharpar, do Instituto de Saúde Infantil da University College London, afirma que há urgência na medicina em se compreender melhor como o estômago funciona.

– Nós só conseguimos controlar os sintomas no momento. O tratamento é só permitir que pacientes como Muhammad sobrevivam. Nós não vamos oferecer nenhuma cura, diz o médico.

– Mas nós queremos entender como esses defeitos de nascença surgem, e fazer um pouco de pesquisa com células-tronco para desenvolver alguns dos nervos que não existem [no paciente].

Tharpar diz que crianças com pseudo-obstrução intestinal levam o defeito consigo a vida toda. ”Essas crianças são muito corajosas, apesar de tudo. Ela vivem com uma péssima qualidade de vida, estão sempre entrando e saindo do hospital todas as semanas e sofrem de constipação crônica. Elas vivem no limite”, afirma o médico.

Fonte: Correio do Brasil

DILMA DIZ QUE NÃO HÁ LIMITE PARA INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO

Na cerimônia de posse dos novos ministros da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação, a presidenta Dilma Rousseff disse que aprendeu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a não subordinar as decisões em relação aos investimentos na área de educação a critérios meramente econômicos. Segundo ela, a regra do jogo era não ter limite para os investimentos nessa área.

Dilma lembrou que quando era ministra da Casa Civil do governo de Lula, acostumou-se a ver as portas sempre abertas para o ministro da Educação, Fernando Haddad, e que vai adotar a mesma postura no seu governo.

"Quando tínhamos que discutir com o presidente a criação e a interiorização de universidades, a criação de escolas técnicas e a criação de institutos federais de tecnologia, era a coisa mais fácil que tinha porque sempre a porta para Fernando Haddad estava aberta. Sempre não tinha limite para investimento, e que nós, Casa Civil e Planejamento, tínhamos que nos conformar porque era assim a regra do jogo", declarou.

A presidenta aproveitou para dizer ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que a sua intenção é manter a mesma política. "Eu quero informar ao Guido que eu aprendi muito com o presidente Lula", disse Dilma arrancando risadas dos presentes. "Eu continuo o mesmo projeto porque eu sei que é isso que transformará o Brasil", completou, atribuindo a Lula a iniciativa de democratizar o acesso à educação no país.

Em uma cerimônia marcada pelo tom emocional, a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva emocionou a todos. Sem cabelos, por causa do tratamento de radioterapia contra um câncer de laringe, Lula, usando um chapéu preto, sem gravata, desceu a rampa interna do Palácio do Planalto, que liga o gabinete da Presidência, no terceiro andar, ao Salão Nobre, segundo andar, onde ocorreu a cerimônia.

Em seu discurso, a presidenta, mais uma vez, defendeu o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) principal foco de críticas ao governo devido aos vazamentos e problemas na execução das provas. "Não estou aqui fazendo a defesa do Enem por nenhum princípio de teimosia, mas é porque ao fazê-lo, estou defendendo o ProUni, o Reune e o Ciência sem Fronteira", completou a presidenta referindo-se aos projetos do governo para qualificação de mão de obra e de desenvolvimento de tecnologia. Para Dilma Rousseff, sem o Enem seria impossível fazer a seleção dos beneficiados pelos programas. O vestibular, de acordo com a presidenta, não seria adequado por sua característica adotar critérios díspares.

Na avaliação de Dilma, os problemas que surgiram durante a execução do Enem resultam da própria dimensão do programa. "Nenhum de nós é soberbo de achar que um projeto que se faz nasce perfeito. Ele precisa de um teste da realidade. Ele precisa da tentativa e erro. Agora, há que reconhecer, que um projeto que abrange milhões de pessoas, é inevitável que nos primeiros tempos ocorra alguns desvios. Esses desvios nós temos a humildade de reconhecer e de corrigir. Quem não é capaz de fazer isso não faz uma boa gestão", disse.

Fonte: Agência Brasil

90% DOS BRASILEIROS APOIAM INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA DE VICIADOS


Para 9 em cada 10 brasileiros, um adulto dependente de crack deve ser internado mesmo contra a vontade. Homens e mulheres, de todas as idades, têm praticamente a mesma opinião, mostra pesquisa nacional do Datafolha feita na semana passada.

O tema é polêmico desde o lançamento do plano federal de combate ao crack, em dezembro, e o início da ação policial na cracolândia paulistana.

A pesquisa mostra que 2% dos brasileiros com mais de 16 anos (cerca de 3 milhões de pessoas) dizem já ter experimentado a droga. É mais que o dobro da estimativa de usuários no país.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defende a internação involuntária, apoiado por psiquiatras especializados na área. O Conselho Federal de Psicologia é contra.

O Datafolha ouviu 2.575 pessoas em 159 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

editoria de arte/folhapress


Fonte: Folha

PIB DO REINO UNIDO RECUA 0,2%

A economia britânica sofreu uma contração de 0,2% no último trimestre de 2011, uma queda mais importante que a esperada e que reaviva os temores de uma recessão, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS).

Esta contração do PIB (Produto Interno Bruto) é a primeira registrada pela economia britânica desde o quarto trimestre de 2010, quando diminuiu 0,5%.

O jornal "The Guardian" cita o ex-chanceler britânico Alistair Darling, para quem a queda do PIB é algo "muito, muito preocupante".

"A menos que se tomem atitudes neste país e na Europa, o melhor cenário é que vamos apenas deixar de crescer. O pior, é que vamos voltar a ter recessão", avaliou.

DEFICIT DE 1 TRILHÃO DE LIBRAS

O indicador negativo chega um dia após o país ter divulgado que a dívida pública britânica (excluindo o impacto dos 2.008 salvamentos bancários) subiu para 1,004 trilhão de libras em dezembro, o maior desde que os registros começaram em 1993 e equivalente a 64,2% do PIB (contra 59,4% um ano atrás). A informação foi revelada pelo "Guardian".

Fontes no Tesouro britânico consultadas pela publicação mostram que o governo ressaltou a necessidade de cortar os níveis de empréstimos do Reino Unido após o anúncio da marca.

Mesmo com o aumento da dívida pública, outros indicadores são considerados positivos pelo governo. O governo pediu emprestado 2 bilhões de libras a menos em dezembro em relação ao ano anterior, com o aumento da receita com impostos e a queda ligeira dos gastos públicos.

O Escritório Nacional de Estatísticas disse que os empréstimos do governo, excluindo resgates bancários, caíram para 13,7 bilhões de libras no mês passado contra 15,9 bilhões do mesmo período de 2010. O Reino Unido pediu em 2011 103,3 bilhões de libras emprestado, abaixo dos 114,6 bilhões do ano anterior. A receita arrecadada com impostos aumentou 7,3% e os gastos públicos caíram 0,9%.

A partir dos resultados, analistas financeiros entrevistados pelo jornal afirmam que o governo britânico será capaz de chegar à redução do déficit do país em 2012 para 127 bilhões, ou 8,4% do PIB, contra 136 bilhões do ano anterior.

Eles têm a expectativa que a próxima estimativa do PIB britânico, que será anunciada nesta quarta, revelará crescimento negativo de 0,1% entre outubro e novembro.

Fonte: Folha

EM PLENA CAMPANHA, OBAMA PEDE MAIS IMPOSTOS PARA OS RICOS

Em plena campanha à reeleição, o presidente Barack Obama fez do terceiro discurso sobre o Estado da União proferido em seu governo, na noite de terça-feira, uma oportunidade para marcar o tom da disputa contra os republicanos.

Obama: nada é mais importante que manter vivo o sonho americano

De olho na principal preocupação dos eleitores, a economia, Obama relembrou os recentes sinais de recuperação registrados nos Estados Unidos, com uma leve queda no desemprego, e apresentou sua visão de combate à desigualdade e defesa da classe média.

Muitos dos temas já haviam sido abordados no discurso do ano passado e em outros pronunciamentos anteriores mas, segundo analistas políticos americanos, o tom do presidente está mais desafiador.

"Uma prévia do que vai soar enquanto busca um segundo mandato em novembro", escreveu o analista Chris Cillizza, do jornal The Washington Post.

Momento em que tradicionalmente os presidentes americanos fazem um balanço das conquistas do ano que passou e apresentam suas propostas para os próximos doze meses, o discurso do Estado da União é transmitido ao vivo pela TV e assistido por milhares de americanos.

Diante dessa oportunidade de falar a milhares de eleitores – e de um Congresso cada vez mais dividido –, Obama fez questão de ressaltar as diferenças entre seu governo e a oposição republicana.

O apelo por união ainda esteve presente, mas o presidente avisou que vai continuar a adotar medidas para ajudar a economia "com ou sem o Congresso".

Impostos

Um dos pontos de atrito entre Obama e os republicanos é a questão dos impostos, retomada pelo presidente em um momento em que o assunto voltou a ganhar destaque na campanha eleitoral.

Nos últimos dias, republicano Mitt Romney, que lidera as pesquisas para ser o indicado de seu partido para concorrer contra Obama na votação de 6 de novembro, viu-se envolvido em uma polêmica sobre sua declaração de impostos.

Milionário, Romney admitiu que paga taxa de apenas 15%, bem menos do que a classe média americana.

No discurso, Obama voltou a defender a prorrogação de cortes de impostos na folha de pagamento que beneficiam a classe média e o fim de cortes para milionários.

O presidente usou como exemplo a secretária do magnata Warren Buffet, que estava na plateia e paga uma taxa de impostos mais alta que a do patrão. O próprio Buffet defende a mudança.

"Vocês podem chamar isso de guerra de classes o quanto quiserem", disse Obama, referindo-se a uma crítica comum feita pelos republicanos, que são contra o fim dos cortes.

"Mas pedir a um bilionário que pague pelo menos o mesmo que sua secretária em impostos? A maioria dos americanos vai chamar isso de bom senso."

Convidado brasileiro

Muitas cidades americanas estão sofrendo com desemprego e economia em declínio

Entre os convidados para assistir ao discurso no camarote da primeira-dama, Michelle Obama, estava o brasileiro Mike Krieger, que ilustra dois dos pontos abordados pelo presidente: inovação e imigração.

Nascido em São Paulo, Krieger é cofundador do Instagram, um aplicativo de compartilhamento de fotos que, segundo a Casa Branca, é o que mais cresce nos Estados Unidos, com mais de 15 milhões de usuários registrados.

De acordo com uma minibiografia distribuída pelo governo americano, Krieger mudou-se para a Califórnia em 2004, onde estudou na Universidade de Stanford, e depois de formado trabalhou com seu visto de estudante, até receber o visto para trabalhadores especializados. Agora, espera por um Green Card, para poder ficar nos EUA permanentemente.

Apesar de não citar diretamente Krieger no discurso, Obama defendeu leis que permitam regularizar a situação de imigrantes que, assim como o brasileiro, chegam aos EUA para estudar e, após receber o diploma, muitas vezes pela dificuldade de conseguir ficar no país permanentemente, acabam voltando para casa "para inventar novos produtos e criar novos empregos em algum outro lugar".

Medidas para facilitar a permanência de estrangeiros altamente qualificados são uma preocupação do governo americano. Há, ainda, a questão dos cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais no país, entre eles muitos levados aos EUA ainda crianças, mas sem perspectiva de regularizar sua situação.

Em seu discurso, o presidente admitiu que, em um ano eleitoral, o Congresso dificilmente irá aprovar uma reforma ampla das leis de imigração – promessa de campanha não cumprida por ele.

No entanto, pediu "pelo menos um acordo para parar de expulsar jovens responsáveis que querem trabalhar em nossos laboratórios, começar novos negócios e defender esse país".

"Me enviem uma lei que dê a eles a oportunidade de conquistar sua cidadania. Eu assino imediatamente", disse.

Fonte: BBC Brasil

PALMEIRAS DEVE 220 MILHÕES DE REAIS

Em votação realizada pelo COF (Conselho de Orientação Fiscal), pelo placar de 9 a 8, as contas do Palmeiras de 2011 foram reprovadas. O presidente do clube, Arnaldo Tirone, que inícia o segundo ano de sua gestão em 2012, esteve presente no encontro. Segundo conselheiros, Tirone, no entanto, pouco falou a respeito da decisão. Nos primeiros dias deste ano, o COF já havia reprovado o orçamento de 2012. O balancete do clube aponta uma dívida que gira em torno dos R$ 220 milhões.

Os números da gestão de Tirone ainda serão analisados em nova reunião, dessa vez, do Conselho Deliberativo do time alviverde, marcada para esta quinta-feira, na Academia de Futebol. Apesar do otimismo dos aliados do presidente, caso as contas não sejam aprovadas novamente, mostrará que o trabalho de Tirone possui pouco respaldo entre os conselheiros. No entanto, silêncio de Tirone não deve ser repetido nesta reunião. O presidente deve tomar a palavra para defender a gestão.

Em 2011, o Conselho Deliberativo reprovou as contas de 2010, ano da gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo, que não conseguiu colocar um substituto na eleição seguinte, quando Tirone foi eleito.

PROTESTO

A reunião desta quinta-feira deve ser movimentada. Além da análise a votação sobre as contas do clube, é esperada uma manifestação contra o vice-presidente, Roberto Frizzo, para que ele seja retirado do comando do futebol do Palmeiras.

Fonte: Estadão

ROMENOS PEDEM A RENÚNCIA DE PREMIÊ

Milhares de romenos saíram às ruas em Bucareste nesta terça-feira para exigir que o governo renuncie por causa das duras medidas de austeridade, o último ato de uma onda de protestos que levaram a algumas concessões, mas não a uma mudança na política.

Manifestantes protestam na praça Victoriei, em frente à sede do governo da Romênia, no centro da capital Bucareste, nesta terça-feira. 24/01/2012 REUTERS/Bogdan CristelAs dificuldades causadas pelas medidas de austeridade, aprovadas em 2010 para manter em vigor um pacote de resgate de 20 bilhões de euros do Fundo Monetário Internacional, provocara até recentemente pouca agitação na Romênia em comparação à testemunhada em países como a Grécia.

A popularidade do partido da situação despencou a meses de uma eleição parlamentar, em novembro, e a fúria em relação a empregos públicos e cortes de salários, assim como sobre um aumento no imposto sobre as vendas, aumentou.

Nos comícios na semana passada na Praça da Universidade de Bucareste, um dos locais da revolução anticomunista de 1989, a polícia disparou gás lacrimogêneo e os manifestantes atiraram tijolos e coquetéis Molotov.

Mais cedo na terça-feira, cerca de 2.000 sindicalistas, professores, enfermeiras e militares aposentados se reuniram em frente à sede do governo para exigir a renúncia do primeiro-ministro, Emil Boc, e de seu aliado, o presidente Traian Basescu.

"Quero recuperar minha dignidade, quero que essa ditadura formada pelo presidente e pelo primeiro-ministro caia", disse Otilia Dobrica, professora de educação infantil e secretária em meio período que ganha 1.400 leis (420 dólares) por mês.

Protestos reunindo estudantes, aposentados, funcionários públicos e outros profissionais se espalharam pelo país nas duas últimas semanas.

Na noite de terça-feira, cerca de 1.000 manifestantes reuniram-se na Praça da Universidade, um dos maiores comparecimentos em 12 dias seguidos de protestos em Bucareste.

Boc fez algumas concessões, demitindo seu ministro das Relações Exteriores por fazer comentários insultantes sobre os manifestantes, e renomeando uma popular autoridade da área de saúde, cuja demissão levou as pessoas às ruas. Mas ele e Basescu continuam sob pressão.

Tentando manter a unidade de seu gabinete, Boc nomeou Cristian Diaconescu, membro de um partido júnior membro da coalizão que havia servido anteriormente em governos de centro e de esquerda, como seu novo ministro do Exterior.

Diaconescu, 52, ex-ministro da Justiça e das Relações Exteriores, vai substituir Teodor Baconschi, ex-assessor de Basescu e membro do partido PDL de Boc, que foi demitido na segunda-feira por chamar os manifestantes de "ineptos e favelados violentos".

Fonte: Reuters

ESPECIALISTA DA ONU VÊ VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS EM AÇÃO NO PINHEIRINHO

O processo de remoção dos moradores da comunidade Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), é uma "violação drástica" do princípio básico da moradia adequada, na avaliação de um alto especialista da ONU para o tema.

Em entrevista à BBC Brasil, o arquiteto brasileiro Cláudio Acioly, coordenador do programa das Nações Unidas para o Direito à Habitação e chefe de política habitacional da ONU-Habitat, criticou a condução da operação e afirmou que, segundo a experiência internacional, remoções forçadas "criam mais problemas (que soluções) para a sociedade".

A intervenção policial no Pinheirinho começou na manhã do último domingo.

A polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar protestos dos moradores.

Durante os confrontos, carros foram incendiados e pelo menos três pessoas ficaram feridas.

O especialista questionou a atuação com base no Estatuto das Cidades e na Constituição, que veem "função social" e protegem propriedades menores de 250 m² que permaneçam ocupadas pacificamente por um período de cinco anos ou mais.

Tanto a Secretaria de Segurança Pública quanto o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo discordam da avaliação de Acioly (veja quadro).

Leia a seguir trechos da entrevista com Acioly, que também já atuou como consultor do Banco Mundial e do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Outro lado

O juiz assessor da Presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rodrigo Capez, acompanhou a reintegração de posse no Pinheirinho no domingo e na segunda-feira.

Segundo ele, apesar de muitos moradores ocuparem o terreno há mais de cinco anos, era impossível considerar judicialmente que eram proprietários por usucapião, porque a empresa reivindicou a posse do local continuamente desde o início da ocupação.

"A juíza Márcia Loureiro estava cumprindo o que a lei determina, que é que o proprietário tem o direito de reaver seu imóvel. Ela não pode, a despeito de que existe um problema social, deixar de cumprir a lei. A resolução do problema social é um encargo do poder Executivo e do Legistativo", disse à BBC Brasil.

Capez afirmou ainda que a operação policial foi planejada com antecedência e que não avisar aos moradores a data exata da reintegração era parte da estratégia para reduzir a resistência. "Foi exatamente a surpresa da operação que minimizou o risco de mortos e de feridos", disse.

De acordo com ele, estava previsto que os moradores fossem obrigados a deixar o local e que retornariam acompanhados pela polícia para recolher seus pertences, que foram marcados pela polícia. "Agora o Executivo, em todos os níveis, tem que atender a demanda da população por abrigo", concluiu.

Procurada pela BBC Brasil, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo disse que o domingo foi escolhido como parte de um planejamento que buscava causar o menor dano possível aos moradores da comunidade.

A Secretaria nega ainda que tenha havido resistência ou choques com a polícia no momento da reintegração. Confrontos teriam sido registrados apenas em um momento posterior à ação.

BBC Brasil – Na sua experiência internacional, quais são os efeitos das remoções forçadas nas cidades onde ocorrem?

Cláudio Acioly – O que a gente vê em outras cidades é que essas remoções criam mais problemas para sociedade e principalmente para as famílias diretamente afetadas. Nessas áreas vivem pessoas que trabalham, pagam aluguel, têm uma renda e vivem aí decentemente, por pura falta de opção. Para onde vai essa população depois do desalojo? Vai alugar casa mais caro em outro lugar, muitas vezes em situação de superpopulação, morando e vivendo uns em cima dos outros. Ou então vai promover ocupações irregulares em outros locais: embaixo da ponte, na rua, de maneira fragmentada. Recentemente encontramos uma figura morando em uma árvore no centro da cidade na Tanzânia.

BBC Brasil – O senhor crê que houve cuidados no caso do Pinheirinho para evitar isso? Por exemplo, só agora o governo começou a cadastrar as famílias afetadas.

Acioly – Houve uma série de erros graves no processo. Eu já trabalhei no Brasil com urbanização de favelas e programas de reassentamento em Brasília. A gente tinha como ponto de partida o cadastramento das famílias, a numeração das casas, a documentação dos moradores, havia um banco de dados. E havia uma data a partir da qual quem chegasse não teria direito a uma moradia alternativa. Brasília sempre foi notória pela maneira de realizar seus desalojos e reassentamentos, porque era uma cidade planejada.

BBC Brasil – Qual é a maneira correta de se fazer remoções?

Acioly – Eu queria deixar bem claro que a ONU não promove nem defende essas políticas. Nós reconhecemos a realização do direito à habitação adequada, tal qual definem os instrumentos internacionais. Mas se remoção for necessária e inevitável, é preciso seguir o devido processo: informar e comunicar suficiente e antecipadamente a população afetada; promover o envolvimento da comunidade; prover compensação e uma alternativa de habitação que elimine os prejuízos e o impacto físico, econômico e psicológico nas populações; e acompanhar as populações para que as pessoas não sejam colocadas em situação de pobreza por causa da realocação.

BBC Brasil – O senhor acredita que algum desses pontos foi respeitado no caso brasileiro?

Acioly – Você não pode simplesmente botar o trator e desrespeitar os direitos adquiridos a partir do princípio da função social da residência. A ocupação do Pinheirinho começou em 2004. Isso significa que cinco anos já se passaram e muitas pessoas que estão ali já estão estabelecidas. Pelo que tenho lido, está havendo uma violação clara do direito à habitação, que inclui o direito de não ser desalojado forçosamente. Está havendo uma violação drástica do princípio de habitação adequada.

Além disso, a ação de desalojo ocorreu no domingo – você não faz uma ação dessas no domingo, tem de haver uma participação da comunidade. Mesmo sendo uma decisão da Justiça, ela tem de ser aplicada de forma humana. O Estado tem um dever para com essas pessoas e deve reconhecer que possuem direitos como cidadãos brasileiros. Pelo que eu vi isto não está acontecendo.

BBC Brasil – Em abril de 2011, a relatora independente da ONU para o direito à habitação adequada, Raquel Rolnik, criticou formalmente o governo brasileiro pelas evidências que recolheu de “um padrão de falta de transparência, consulta, diálogo, negociação justa e participação das comunidades afetadas” nos processos de remoção relacionados às obras para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Acioly – Há organizações, como a Anistia Internacional, e a própria relatora independente da ONU alertando sobre desalojos no Brasil. Nós não temos como dizer que não pode haver reassentamentos. Mas não pode haver uma remoção forçada, em desrespeito ao princípio de que as pessoas não devem sair dali em situação pior que a que estavam. Se a autoridade olímpica acha que é melhor para a cidade e para a população que haja determinadas realocações, e há uma negociação, uma consulta e um entendimento, é uma situação em que todos ganham. Se não, temos um problema sério.

BBC Brasil – Se os governos agem em desacordo com esses direitos, há maneira de fazê-los prestar contas?

Acioly – A ONU não tem o poder de apontar o dedo para os governos e dizer o que e que eles têm de fazer. Quando temos um diálogo com o governo brasileiro sobre os seus programas, o que costumamos é relembrar esse princípio e os compromissos assumidos internacionalmente com eles. Além disso, a cada cinco anos os governos precisam fazer sua revisão periódica de políticas de direitos humanos no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Agora, os países têm que prestar com a sua sociedade civil, porque eles firmaram esses convênios e tratados sobre os direitos dos seus cidadãos.

Fonte: BBC Brasil