sexta-feira, 2 de setembro de 2011

NOIVOS E FORMANDOS EM SALVADOR LEVAM GOLPE DE R$ 200 MIL

Dezenas de noivos, formandos e aniversariantes de Salvador foram vítimas de golpes praticados por sócios de uma empresa de cerimonial que cobrava adiantado e não oferecia as festas.

Os responsáveis pela empresa Cerimonial Antonius Serviços de Buffet, foragidos desde maio, foram presos nesta quinta-feira (1) em Itaquaquecetuba (Grande São Paulo), onde estavam escondidos em um imóvel alugado.

Vítimas começaram a denunciar os golpes a partir do verão deste ano. A empresa exigia pagamento antecipado - metade ou integral - e não prestava o serviço, em alguns casos. Segundo a Polícia Civil, que abriu cinco inquéritos para apurar as queixas, o esquema pode ter rendido até R$ 200 mil aos estelionatários.

Entre as pessoas lesadas estão, por exemplo, 16 estudantes de engenharia elétrica da Unifacs (Universidade Salvador), que só descobriram na véspera que a festa de formatura havia sido cancelada por falta de pagamento, pelo cerimonial, ao espaço que abrigaria o evento. A festa custara R$ 4.200 por estudante.

Houve ainda o caso de uma noiva que, ao descobrir o golpe na última hora, teve que recorrer à ajuda de outros bufês para conseguir organizar a festa. A empresa, registrada em nome da mãe e de uma cunhada de Costa, cobrava, em média, de R$ 10 mil a R$ 12 mil pelas festas de casamento.

Em março, após denúncias de irregularidades crescerem, testemunhas acompanharam quando os sócios Antônio Carlos Assis Costa, 37 anos, e José Dirceu Alves dos Santos, 33 anos, retiraram móveis, documentos e dinheiro da sede da empresa, em Salvador.

Transferido para a capital baiana, Costa foi apresentado pela Polícia Civil baiana nesta sexta-feira (2). A polícia busca agora saber o destino do dinheiro roubado das vítimas. O sócio Santos estaria com problemas de saúde, o que será verificado, e permanecerá por enquanto sob custódia em São Paulo. Ambos foram indiciados por suspeita de estelionato, crime que prevê até cinco anos de prisão.

Fonte: IG

ESTADOS UNIDOS PROCESSARÃO BANCOS POR PERDAS DE US$ 41 BILHÕES

O órgão regulador americano responsável por financiamentos imobiliários processou 17 bancos nesta sexta-feira por conta de perdas de mais de US$ 41 bilhões em bônus subprimes de hipotecas. O processo pode dificultar um acordo mais amplo de hipotecas do governo com os bancos, esperado para as próximas semanas. 

A FHFA (Agência Federal de Financiamento Imobiliário) acusou as instituições de vender bônus atrelados a hipotecas que nunca deveriam ter sido incluídas no pacote de títulos. Os 17 bancos processados são: Ally Financial; Bank of America; Barclays Bank; Citigroup; Countrywide Financial; Credit Suisse Holdings; Deutsche Bank; First Horizon National; General Electric; Goldman Sachs; HSBC North America; JPMorgan Chase; Merrill Lynch/First Franklin Financial; Morgan Stanley; Nomura Holding America; Royal Bank of Scotland; e Societe General.

No processo, a FHA argumenta que os bancos, ao agrupar hipotecas para poder emitir valores baseados nesses ativos, não averiguaram devidamente a confiabilidade dos contratos hipotecários, como exigem as leis das bolsas de valores.

Quando a "bolha" imobiliária explodiu no final de 2008, diante da falta de pagamento das hipotecas por parte de muitos prestatários, a cotação destes títulos hipotecários caiu muito.

Como consequência, Fannie Mae e Freddie Mac perderam mais de US$ 30 bilhões, perdas que foram cobertas sobretudo pelos cofres federais.

Na ação movida contra o Bank of America, a agência alega que o banco vendeu títulos que “continham frases equivocadas ou materialmente falsas e omissões.” A companhia e alguns banqueiros citados como réus “atestaram falsamente que os empréstimos de hipotecas ocultos estavam em conformidade com certas diretrizes e padrões subscritas, incluindo exposições que significantemente exageravam a habilidade dos emprestadores de pagar os empréstimos de hipoteca”, afirma o processo.

Fannie Mãe e Freddie Mac compraram US$ 6 bilhões em títulos bancários entre setembro de 2005 e novembro de 2007.

“Baseando-se em nossa análise, a FHFA sustenta que os empréstimos tinham características diferentes e mais arriscadas do que as descrições contidas nos materiais de marketing e venda fornecidos sobre esses títulos”, informou a agência em um comunicado à imprensa.

A ação legal abre uma frente ampla em uma tentativa crescente de forçar os bancos a pagar dezenas de bilhões de dólares por contribuir para o estouro da bolha imobiliária. Foi o colapso do mercado imobiliário que ajudou a iniciar a crise financeira de 2008, e a ressaca ainda está sendo sentida no setor imobiliário, assim como na economia inteira. 

O processo também marca um esforço mais intenso do governo federal de perseguir a indústria de serviços financeiros por sua suposta má-fé em relação às hipotecas. A administração Obama, assim como reguladores como o Fed (banco central americano), foram criticados por pegar muito leve com os bancos, que se beneficiaram de um pacote de resgate de US$ 700 bilhões pouco depois do colapso do Lehman Brothers, também em 2008.

Muito desse dinheiro foi pago novamente pelos bancos – mas o resgate de gigantes hipotecárias como Fannie e Freddie já custou aos contribuintes US$ 153 bilhões, e o governo federal estima que o esforço poderia custar US$ 363 bilhões até 2013.

Fonte: IG

FALHA DE TRANSMISSÃO PROVOCA APAGÃO EM 4 ESTADOS DO NORDESTE

Uma falha no sistema de transmissão da energia da usina de Itaipu provocou um apagão por 30 minutos nesta sexta-feira nos Estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso e em parte dos Estados das regiões Sul e Sudeste, informou o Operador Nacional do Sistema (ONS). A falha do sistema provocou o desligamento de quatro circuitos de transmissão entre a Usina de Itaipu e a subestação de Foz do Iguaçu (PR).

A ONS informa que houve perda substancial de geração de energia proveniente da Usina de Itaipu, provocando o abaixamento da frequência e o consequente acionamento automático do Esquema Regional de Alívio de Carga (Erac). Esse sistema funciona preventivamente a fim de evitar um colapso no sistema como um todo.

Todo o sistema de geração de energia de Itaipu na sua parte brasileira foi interrompido, provocando a queda na oferta de energia de 5,7 mil megawatts às 16h43. Outras usinas entraram com suprimento extra de energia pelo Erac e o ONS constatou perda total de 3 mil MW. A totalidade da oferta de energia foi reconectada até 17h13. De acordo com o operador, ainda não se sabe o que causou o apagão.

Segundo a Itaipu Binacional, companhia que controla a produção de energia na usina, todo o problema ocorreu na transmissão de energia, o que não é de responsabilidade da empresa.

Estados

Em São Paulo, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), informou que, entre 16h43 e 17h, 147 mil clientes foram atingidos em algumas cidades que são atendidas pela empresa. Foram atingidas as cidades de Santos, Sorocaba, Jundiaí, Araçatuba, Americana, Praia Grande, São Vicente, Mococa, Pedreira, Itaí e Agudos, no estado de São Paulo; e Gravataí e Lagoa Vermelha, no Rio Grande do Sul.

Em Minas Gerais, a falha na transmissão de energia atingiu menos de 5% da carga de energia, segundo a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). As pessoas afetadas ficaram cerca de 20 minutos sem energia elétrica. A empresa afirma, em nota, que o problema ocorreu às 16h43 e os afetados tiveram a energia restabelecida de forma gradativa, conforme autorização do Operador Nacional do Sistema (ONS)

Outros apagões

Em fevereiro deste ano, mais de 13,5 milhões de clientes foram afetados por um apagão que deixou os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe sem energia elétrica. Em novembro de 2009, 18 Estados brasileiros ficaram sem energia depois da queda de três linhas de transmissão que recebem energia produzida pela usina hidrelétrica de Itaipu e a transmite às regiões Sul e Sudeste.

Fonte: IG

ECONOMIA BRASILEIRA DESACELERA

Dois dias depois do surpreendente corte do juro básico pelo Banco Central, o IBGE mostrou que a economia brasileira desacelerou no segundo trimestre deste ano, para 0,8 por cento na comparação com os primeiros três meses do ano, quando a expansão havia sido de 1,2 por cento.

Foto de arquivo de operários em fábrica da Renault em São José dos Pinhais, no Paraná, em dezembro de 2009. REUTERS/Luiz Costa
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística também informou nesta sexta-feira que o Produto Interno Bruto (PIB) entre abril e junho cresceu 3,1 por cento em relação a igual período de 2010.

Foi o pior resultado na comparação anual desde o terceiro trimestre de 2009, quando houve retração de 1,8 por cento. E, segundo o IBGE, foi o mais baixo entre os países do chamado Bric --formado além de Brasil por Rússia (crescimento de 3,4 por cento), Índia (7,7 por cento) e China (9,5 por cento).

Ainda que os números tenham vindo em linha com o esperado pelo mercado --na mediana das expectativas de expansão de 0,8 por cento na comparação trimestral e de 3,2 por cento na anual--, a expectativa agora não é otimista.

"Para os próximos meses, nossa previsão é de continuidade de um menor dinamismo, não vemos espaço para recuperar com esse cenário de câmbio (valorizado)", afirmou o economista da Tendências Rafael Bacciotti.

A questão do câmbio foi ressaltada pela própria economista do IBGE que comentou o resultado do PIB, Rebeca Palis, que disse que na média do segundo trimestre o dólar ficou em 1,60 real contra 1,79 real no primeiro segundo de 2010.

DESACELERAÇÃO GENERALIZADA

A desaceleração foi generalizada e quase todos os resultados, mesmo que positivos, foram os piores desde 2009, ano abalado pela crise mundial do sub-prime.

Como nos últimos trimestres, o PIB de abril a junho foi ancorado pela demanda interna, mas o dólar baixo favoreceu a importação para abastecer consumidores e os próprios investimentos.

O consumo das famílias cresceu 1,0 por cento no segundo trimestre --acima do 0,7 por cento visto no primeiro trimestre--, enquanto o consumo do governo aumentou 1,2 por cento. Na comparação anual, as expansões foram de 5,5 e 2,5 por cento, respectivamente.

"A demanda interna puxou o crescimento nesse segundo trimestre e parte desse consumo e da própria formação bruta de capital fixa veio dos importados", disse a economista do IBGE destacando que as importações avançaram 6,1 por cento em relação ao primeiro trimestre e 14,6 por cento frente a 2010.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida dos investimentos, cresceu 1,7 por cento no segundo trimestre, em comparação com o primeiro trimestre, sendo que na comparação anual o avanço foi de 5,9 por cento.

Se por um lado o dólar baixo ajuda a abastecer o mercado interno, além de segurar a inflação, por outro, afeta a indústria nacional

"Você às vezes tem aumento de produção, mas não necessariamente consumo, por conta da formação de estoques e, além disso, a demanda é suprida por importações", destacou a economista do IBGE.

"A importação de máquinas e equipamentos desse trimestre foi mais forte que a construção civil, que é investimento, mas cresceu só 2,1 por cento", argumentou.

A indústria registrou alta de 0,2 por cento no segundo trimestre sobre o primeiro, e de 1,7 por cento sobre abril e junho de 2010, enquanto o setor de serviços cresceu 0,8 por cento entre abril e junho passados, sobre o primeiro trimestre, e na comparação anual, 3,4 por cento. Na comparação trimestral, a indústria de transformação, a mais pesada do segmento, ficou estagnada.

Já a agropecuária teve retração de 0,1 por cento no segundo trimestre deste ano e ficou estável na comparação anual, por conta, basicamente, de resultados ruins da silvicultura e pecuária.

"O embargo a carne brasileiro na Rússia afeta, mas há também uma maior preocupação com o desmatamento no país e com o lado ambiental e isso afeta a exploração florestal e a próprio pecuária que precisa de pastos", avaliou Palis.

Fonte: Reuters

IBOVESPA CAI QUASE 3% APÓS PÉSSIMO RESULTADO DOS ESTADOS UNIDOS

A recuperação da bolsa brasileira, que já durava cinco dias, foi interrompida nesta sexta-feira após dados decepcionantes sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos em agosto.

Os investidores preferiram embolsar lucros, especialmente em setores mais beneficiados pelo corte de juros desta semana, antes de uma semana com feriados nos EUA e no Brasil.

O Ibovespa fechou em baixa de 2,73 por cento, a 56.531 pontos. O giro do pregão foi de 7,1 bilhões de reais.

Na semana, o índice acumulou alta de 5,96 por cento.

A geração de emprego nos Estados Unidos ficou estagnada em agosto, com o pior resultado desde setembro de 2010. Além disso, a abertura de vagas de junho e julho foi revisada para mostrar 58 mil postos de trabalho a menos.

Em Nova York, os índices Dow Jones e Standard & Poor's 500 caíram mais de 2 por cento nesta sexta.

Entre as ações de maior liquidez, a preferencial da Petrobras caiu 3,18 por cento, a 20,37 reais, e a da Vale recuou 1,56 por cento, a 40,35 reais.

"Se o mercado continuar em queda e os juros (futuros) não subirem, podemos ter uma boa oportunidade de compra nos próximos dias", disse o estrategista-chefe da CM Capital Markets, Rafael Espinoso.

Empresas que haviam se beneficiado do corte de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros, como construtoras e varejistas, estiveram entre as principais quedas.

A varejista online B2W, após valorização de 25 por cento desde sexta-feira passada, caiu 7,76 por cento, a 16,05 reais. A construtora Rossi Residencial recuou 6,94 por cento, a 12,20 reais.

Na contramão estavam empresas de perfil mais defensivo, como as elétricas, que haviam perdido terreno na semana. Cesp subiu 1,02 por cento, a 29,85 reais.

A companhia aérea TAM teve a maior alta, 2,6 por cento, a 35,40 reais. Na véspera, uma fonte afirmou que foi rejeitada por um tribunal do Chile uma queixa contra a fusão da TAM com a LAN.

"Baseado nos preços de 1o de setembro, o spread entre as ações da LAN e da TAM era de 0,74. Isso deixa espaço para uma alta de 16 por cento da TAM, com base na relação de troca de 0,9", afirmaram os analistas Sara Delfim, Murilo Freiberger e Roberto Otero, do Bank of America Merrill Lynch.

"Nesse momento, consideramos baixa a probabilidade de que o acordo seja cancelado pelas agências antitruste".

A BM&F Bovespa anunciou a entrada de mais duas empresas no índice Ibovespa a partir de segunda-feira: a administradora de shopping centers BR Malls e a varejista de vestuário Hering. A carteira, que irá vigorar até 29 de dezembro, totalizou 68 ativos de 63 empresas.

Fonte: Reuters

TURQUIA EXPULSA EMBAIXADOR DE ISRAEL

A Turquia afirmou que vai expulsar o embaixador israelense no país, em resposta a dados divulgados por um relatório da ONU sobre o ataque de Israel, em 2010, a uma frota de embarcações que rumava à Faixa de Gaza.

Ahmet Davutoglu, chanceler turco (AP)
À expulsão do embaixador – medida que tem forte simbolismo diplomático – se somará a suspensão de acordos militares com Israel.

As embarcações levavam ativistas pró-palestinos, que tentavam furar o bloqueio israelense a Gaza e entregar suprimentos à região, em maio do ano passado. Uma ofensiva militar israelense contra a frota deixou nove ativistas turcos mortos – o que estremeceu as relações entre Turquia e Israel, consideradas chave na estabilidade do Oriente Médio.

Uma investigação da ONU sobre o episódio derivou em um relatório, que será divulgado nesta sexta-feira. Segundo uma cópia do documento obtida antecipadamente pelo New York Times, os militares israelenses usaram força excessiva ao enfrentar a frota naval civil.

Mas a conclusão do relatório vazado ao NYT é de que o bloqueio marítimo israelense a Gaza – criado sob a justificativa de evitar a entrega de armas ao grupo islâmico Hamas – é "legítimo".

O documento afirma, porém, que "nenhuma explicação satisfatória foi provida por Israel para nenhuma das nove mortes", e provas forenses apontam que "a maioria dos mortos foi alvejada várias vezes, nas costas ou à queima roupa".

O chanceler da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse nesta sexta que algumas das conclusões apresentadas no relatório são "inaceitáveis" e anunciou a "redução de nível" das relações diplomáticas bilaterais.

Ancara exige um pedido de desculpas de Israel, que se nega a fazê-lo, alegando que seus militares agiram em defesa própria ao serem atacados pelos civis da frota.

Em comunicado obtido pela BBC, uma fonte do governo israelense diz que Israel aceita o relatório da ONU "com reservas", alegando que seus soldados invadiram a frota a Gaza "com meios não letais".

"Israel lamenta a perda de vidas (de ativistas pró-palestinos), mas não pedirá desculpas por atos de defesa própria", prossegue o comunicado, que alega que o governo israelense "fez tentativas recentes de resolver a disputa com a Turquia. Infelizmente essas tentativas não foram bem-sucedidas".

Laços deteriorados

O episódio provocou forte reação internacional no ano passado e forçou Israel a aliviar as restrições à entrada de produtos em Gaza. Mas o bloqueio marítimo permaneceu em vigor, e outras frotas foram criadas recentemente para tentar furá-lo.

O correspondente da BBC em Istambul, Jonathan Head, explica que as relações turco-israelenses, congeladas desde o incidente de 2010, estão agora em seu pior nível possível.

A ONU, por sua vez, diz, no mesmo relatório, que os dois países deveriam "retomar as relações diplomáticas plenas, por interesse na estabilidade no Oriente Médio e da segurança e paz internacional".

Uma autoridade sênior do governo israelense disse à agência AP, em condição de anonimato, que seu país acredita que a Turquia está propositadamente deteriorando suas relações com Israel para melhorar sua percepção perante países árabes e islâmicos.

Fonte: BBC Brasil

JUROS E IMPOSTOS PODEM BAIXAR, AFIRMA MANTEGA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que o Brasil ainda tem espaço para reduzir juros e impostos para garantir um crescimento de 5% do PIB no ano que vem, mesmo com a deterioração da economia mundial.

Guido Mantega. Reuters
"Nós temos um arcabouço de medidas na área monetária e fiscal que podem ser tomadas para uma eventual recuperação da economia", disse o ministro, em uma teleconferência à imprensa estrangeira, pouco após o IBGE ter divulgado que o PIB brasileiro desacelerou e cresceu 0,8% no segundo trimestre em relação ao período anterior.

Segundo o ministro, o terceiro trimestre deste ano ainda terá crescimento fraco. O governo avalia, no entanto, que as medidas já adotadas serão suficientes para estimular a economia no último trimestre.

Mantega afirmou que a economia brasileira deve crescer por volta de 4% neste ano, contrariando a estimativa anterior que era de 4,5%. Para 2012, o ministro espera um crescimento de 5%.

"A economia americana trabalha com uma taxa de juros de 0,25%, então eles não têm mais como fazer estímulos através da política monetária. O Brasil tem a mais alta taxa de juros no mundo e o maior nível de depósitos compulsórios do mundo. Portanto nós temos muito espaço para utilização da política monetária, se necessário for, para estimular a economia num período de dificuldades. Se necessário for, temos também condições de usar estímulos fiscais porque nossas contas estão sólidas e temos acumulado poupança pública", disse.

O ministro fez questão de frisar que, embora tais medidas estejam à mão, o governo não planeja, por ora, adotá-las.

"Mas se a economia não tiver o desempenho esperado, poderemos usar, como já usamos no passado, para alcançar as taxas de crescimento de 5% no próximo ano", disse Mantega.

Inflação

Mantega disse que não vê necessidade de medidas adicionais de contenção da inflação para contrabalancear as ações de estímulo à economia que o governo vêm tomando.

"A inflação no Brasil está em uma trajetória descendente depois de termos tido uma pressão inflacionária mais forte no fim do ano passado e no início desse ano", disse.

"Se olharmos para a inflação para os próximos 12 meses, nós estaremos caminhando para o centro da meta em algum momento do ano que vem", disse.

Mantega observou que, em 2008, o Brasil conseguiu passar pela turbulência financeira internacional em melhores condições do que outros países porque os fundamentos da economia estavam firmes. Segundo ele, essa condição persiste, em um momento em que o mundo está em momento de instabilidade.

"O Brasil possui algumas vantagens que já nos permitiram superar a crise de 2008", disse, afirmando que o país é "um mercado consumidor bastante dinâmico", tem uma situação fiscal sólida "com a dívida caindo e um deficit fiscal mais baixo que a maioria dos países."

Real

Mantega disse que o real está se estabilizando, após um período de grande volatilidade no seu valor.

O ministro voltou, no entanto, a acusar os Estados Unidos promoverem uma "guerra cambial", criticando a estratégia americana de utilizar o valor do dólar como instrumento para resolver seus problemas econômicos.

"Os Estados Unidos continuarão trabalhando para a desvalorização do dólar, o que traz problemas para o Brasil. Excesso de liquidez internacional dignifica uma tendência de valorização do real em relação ao dólar e portanto continuaremos a ter uma guerra cambial sendo travada durante esse período", disse o ministro.

"Infelizmente os EUA adotaram a política monetária como único instrumento, como única arma, para combater a sua crise econômica e essa estratégia cria problemas na economia mundial e particularmente para os países que como o Brasil tem um mercado interno maior e um crescimento melhor."

O ministro disse que, se necessário, o Brasil pode tomar novas medidas para conter a sobrevalorização do real, mas afirmou que o país não tem uma meta para o valor de sua moeda.

"Não trabalhamos com uma meta para o valor da taxa de câmbio no Brasil. Só trabalhamos para evitar o excesso de flutuação da moeda.

Fonte: BBC Brasil