segunda-feira, 26 de abril de 2010

REVOADA DE TUCANOS EM VÔO CEGO

Pode não ser - e até concedamos o benefício da dúvida, de que é puro acaso - mas parece de encomenda, feita para esconder as divergências dos tucanos, a matéria publicada no Estadão de hoje. O título "Oposição tenta corrigir erros para voltar ao poder" já é exemplar nessa linha de arranjo. O texto esbanja elogios ao candidato da oposição ao Planalto, José Serra (PSDB-DEM-PPS) que é outro depois das eleições de 2002 e 2006 e agora, segundo o jornal, soube conciliar com os ex-governadores tucanos Aécio Neves (MG), Geraldo Alckmin (SP) e com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), além de se compor com o DEM.
De acordo com a análise do Estadão, Serra conseguiu agora proeza oposta a 2006, quando disputou a indicação à candidatura presidencial tucana com Alckmin, demorou a se decidir, queria ser ungido e não foi candidato; e a 2002 quando saiu candidato, mas dividiu o PSDB. Naquele ano, não teve o apoio de Tasso, além de perder o do PFL - hoje DEM. O jornal não diz abertamente que Serra perdeu o PFL depois de ter sabotado a pré-candidatura de Roseana Sarney, ação de conhecimento público e notório hoje, ainda que não assumida pelo tucano. A matéria afirma apenas que os pefelistas "enxergaram a mão" de Serra na inviabilização da candidatura Roseana.
Agora, segundo O Estado de S.Paulo, tudo é diferente: Serra afaga Aécio e o ex-presidente Itamar Franco (PPS), posiciona-se contra a reeleição, vai a Minas, etc. etc. etc... A reportagem só não diz que os palanques dos três partidos (PSDB-DEM-PPS) estão em guerra no Rio, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e que em São Paulo, no PSDB, há dois candidatos ao Senado, quando a coligação só dispõe de uma vaga, já que a outra (o Senado se renova em 2/3 e nessa eleição elege-se dois senadores por Estado) foi dada ao ex-governador Orestes Quércia (PMDB) em 2008, em troca do apoio deste à reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM-PSDB).

Situação é oposta à mostrada pelo Estadão

A situação é oposta à dessa "unidade" apregoada na matéria. Em São Paulo, por exemplo, Kassab não quer Alckmin candidato a governador e o líder tucano na Câmara, deputado José Aníbal não aceita o deputado Aloysio Nunes Ferreira Filho candidato a senador. Aníbal quer ser o candidato ao Senado pela coligação, sem contar que abandonaram na rua a candidatura à reeleição do aliado, senador Romeu Tuma (PTB-SP).
O próprio ex-prefeito carioca, César Maia (DEM), que fala na reportagem, não tem sua candidatura a senador aceita na coligação PSDB-DEM-PPS-PV no Rio e se vê às voltas com o deputado Fernando Gabeira (PV) a toda hora ameaçando retirar a candidatura a governador se Maia integrar mesmo a aliança.
Isso sem falar que Aécio Neves, ao contrário do que propala o Estadão, deixa claro que não perdoou Serra pela não realização das prévias que propôs e pela campanha suja na mídia até contra sua vida pessoal. Mas, vamos em frente, coisas de nossa imprensa que não contente em esconder as mazelas tucanas, ainda inventa qualidades em seu candidato presidencial que não existem e uma unidade que passa longe da aliança demo-tucana.

Deu no blog do Zé Dirceu

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