segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

SUDÃO DO SUL FICARÁ INDEPENDENTE AFIRMA OMAR HASSAN AL BASHIR

O ditador sudanês, Omar Hassan al Bashir, disse nesta segunda-feira que aceita a decisão de independência da Região Sul do país num referendo que está prestes a criar um novo país na África e dar início a um novo período de incertezas em uma região crescentemente volátil. A previsão é de divulgação no final desta segunda-feira do resultado final da votação, realizada em 9 de janeiro, mas dados preliminares mostraram que 98,83% dos eleitores do sul optaram pela separação do norte.

O referendo estava previsto em um acordo de 2005 que encerrou décadas de guerra civil entre o norte e o sul do país. A expectativa agora é que o país se divida em dois em 9 de julho.

– Hoje nós recebemos estes resultados. Nós aceitamos e recebemos bem esses resultados porque eles representam o desejo do povo do sul – disse Bashir em um pronunciamento na TV.

Bashir havia dito anteriormente a jornalistas que sabia que o resultado era favorável à secessão.

Centenas de pessoas começaram a se aglomerar nesta segunda-feira, sob o forte calor, na capital do sul, Juba, para celebrar o resultado oficial. As declarações de Bashir devem aplacar temores de que o norte estaria relutante em permitir a independência do sul, uma região rica em petróleo.

A maior parte das reservas petrolíferas sudanesas fica no sul, mas a infraestrutura está no norte, o que obrigará a uma cooperação econômica entre os dois países e deve tornar um conflito armado prejudicial para ambos os lados.

Depois do anúncio oficial do resultado do referendo, governos de todo o mundo e entidades multilaterais como a União Africana e a ONU devem reconhecer a independência do sul do Sudão, a qual deve ser formalizada em 9 de julho.

Bashir deixou claro que ninguém terá dupla nacionalidade (do norte e do sul), apesar de esse princípio estar permitido na Constituição – o que mostra a relação desconfortável que os dois países terão após a separação.

Ainda há disputas bilaterais a respeito da demarcação da fronteira –área na qual há grandes reservas de petróleo–, de concessão de cidadania, de divisão dos preciosos recursos hídricos do Nilo e das reservas de petróleo, e da posse da região de Abyei, reivindicada por ambas as partes.

Motim

Mais de 50 pessoas morreram neste fim de semana, quando um motim do Exército do Sudão se espalhou por várias cidades no Estado produtor de petróleo do Alto Nilo, reavivando tensões enquanto o sul do país se prepara para a independência, disseram autoridades no domingo. Os intensos combates, com tanques e metralhadoras, começaram na quinta-feira na cidade de Makalal, quando parte de uma unidade do Exército se recusou a trasladar-se com armas ao norte, parte de um processo de separação de forças antes da cessão ao Sudão do Sul.

As lutas se estenderam de Makalal, a capital do Alto Nilo, aos assentamentos de Melut e Paloich. A violência é um elemento preocupante na separação dos Exércitos do norte e do sul do Sudão antes da cessão prevista para 9 de julho.

A maioria dos habitantes do sul rico em petróleo votou a favor da separação do norte num referendo em janeiro, segundo resultados preliminares divulgados esta semana. Os resultados finais da votação, prometida num acordo de paz de 2005 que terminou com décadas de guerra civil, serão anunciados na segunda-feira.

– A luta em Malut provocou a morte de 19 pessoas e deixou 18 feridos (…) Em Paloich 11 morreram e oito ficaram feridos – disse Akuoc Teng Diing, funcionário do condado de Melut. Todos os mortos eram soldados, acrescentou.

Autoridades disseram previamente que outras 20 pessoas morreram em Malakal, incluindo duas crianças e um motorista sudanês da agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), a UNHCR, pegos no fogo cruzado.

Makalal é atualmente patrulhada por uma unidade do Exército formada pelas Forças Armadas do Sudão do Norte (SAF) e o Exército de Liberação do Povo do Sudão (SPLA), uma força que de acordo com a ONU estava em processo de divisão antes da independência do sul.

Fonte: Correio do Brasil

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