terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

VIDA POLÍTICA DE BERLUSCONI NAS MÃOS DE TRÊS JUÍZAS

Três mulheres decidirão se o premiê italiano, Silvio Berlusconi, 74, é culpado ou inocente das acusações de abuso de poder e prostituição de menores que pesam contra ele, no julgamento que terá início no dia 6 de abril, na Itália.

Segundo informou nesta terça-feira (15) a imprensa italiana, a juíza Giulia Turri presidirá o colégio de magistradas responsáveis pelo caso, composto também pelas as juízas Carmen D’Elia e Orsola de Cristofaro.

O jornal católico "Famiglia Cristiana" foi um dos primeiros a comentar esta composição feminina do conselho. “A sentença está nas mãos de três mulheres. Vem logo à cabeça a ideia de nêmeses”, escreveu Giorgio Vecchiato, utilizando um termo que remonta à deusa da vingança e da retaliação. “Você, Berlusconi, das mulheres se serviu, e de mau modo. As mulheres mesmas farão justiça”.

Por sua vez, o “Corriere della Sera” explicou que o sistema que define os juízes que participarão de cada julgamento é automático e computadorizado, segundo uma lógica interna do sistema jurídico italiano, o que excluiria a hipótese de manipulação supostamente prejudicial ao premiê.

"Julgamento imediato"

A juíza Cristina di Censo, envolvida nas investigações preliminares, decidiu nesta terça-feira pelo "julgamento imediato" para Berlusconi.

Com esta decisão, Di Censo vai contra todos os argumentos apresentados pela defesa de Berlusconi e declara competente a Promotoria de Milão na sua investigação do político, realizada com base em escutas telefônicas.

A hipótese de delito de concussão (abuso de poder) se refere ao telefonema feito por Berlusconi em 27 de maio a uma delegacia milanesa pedindo a liberação da jovem marroquina Ruby, detida por um pequeno furto. O premiê pediu que ela fosse entregue à conselheira da Lombardia Nicole Minetti, alegando que Ruby seria sobrinha do então presidente egípcio Hosni Mubarak.

Com relação ao delito de incitação à prostituição de menores, a Promotoria acredita que Ruby manteve relações sexuais com Berlusconi em troca de presentes e dinheiro, quando ainda era menor de idade. Ambos negam que houve qualquer contato sexual.

O código penal italiano contempla pena entre quatro e 12 anos de prisão para o delito de abuso de poder e de seis meses a três anos de reclusão para prostituição de menores.

A juíza Di Censo indica o Ministério do Interior italiano e a própria Ruby como partes prejudicadas, respectivamente, pelo suposto abuso de poder e a prostituição de menores cometidos por Berlusconi.

Além disso, a juíza para as investigações preliminares declarou como parte danificada pela possível concussão os funcionários da delegacia de Milão que supostamente tiveram de acatar as exigências do governante.

Reações

Em uma primeira reação publicada pela imprensa italiana, o advogado de Berlusconi, Piero Longo, garantiu que não esperava "nada diferente" à decisão da juíza Di Censo e afirmou em referência às magistradas que julgarão Berlusconi que "as senhoras são bem-vindas e em algumas vezes agradáveis".

Os principais partidos da oposição de centro-esquerda, o Partido Democrata (PD) e Itália dos Valores (IDV), exigiram nesta terça-feira a Berlusconi que vá aos tribunais como cidadão comum, após renunciar, não como primeiro-ministro.

Excluindo a possibilidade de renúncia, o ministro da Justiça Angelino Alfano destacou a existência "da presunção de inocência" até a última instância judicial.

O bilionário magnata das comunicações não é obrigado a assistir ao processo, mas desde a revogação parcial de uma lei que lhe dava imunidade penal ele está obrigado a justificar cada vez que tiver um "impedimento legítimo" que inviabilize sua presença.

O Rubygate é o terceiro escândalo sexual no qual Berlusconi se envolveu. Em maio de 2009, houve o caso Noemi, uma menor com quem o político se encontrava e que acabou levando a mulher do chefe de governo a pedir o divórcio; e, em junho de 2009, o caso D'Addario, uma prostituta que tornou pública uma suposta noite tórrida com Berlusconi.

Fonte: UOL

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