segunda-feira, 28 de março de 2011

CRISE NO CAPITALISMO DIMINUI, MAS AINDA EXISTE

Diante dos desafios impostos pela crise do capitalismo internacional, na China, maior país comunista do mundo, o crescimento de capital e crédito está de acordo com as metas e uma política econômica prudente ainda é necessária para manter a inflação sob controle, disse o Banco Central chinês nesta segunda-feira. Em comunicado após a reunião de política monetária do primeiro trimestre, o Banco do Povo chinês também disse que as bases da recuperação econômica global não são sólidas. O BC repetiu a promessa de melhorar o mecanismo da taxa de câmbio do yuan, uma linguagem habitualmente usada para deixar que as forças de mercado tenham um papel um pouco maior no valor da moeda.

Na Europa, o índice dos principais indicadores da zona do euro continuou apontando para recuperação da economia em fevereiro, no quarto mês de alta, informou o grupo de pesquisa Conference Board nesta segunda-feira. O indicador subiu 0,9%, para 108,9, comparado a altas de 0,7% em janeiro e de 0,8% em dezembro. O índice visa indicar os movimentos econômicos de até seis meses à frente, agregando oito dados que medem atividade. O componente de atividade econômica atual ficou estável em fevereiro, em 103,0, após subir 0,2% em janeiro.

Um dos países mais afetados pela crise capitalista, a Inglaterra impõe fortes medidas de reajuste econômico. Membro do Banco da Inglaterra, Adam Posen disse que a inflação pode cair para 1,5% até meados de 2012, conforme as medidas de austeridade do governo e uma economia fraca ajudem a conter o gasto do consumidor. Posen disse em entrevista ao jornal britânico The Guardian que o núcleo da inflação não sugere que a economia esteja superaquecendo e que seria custoso adotar uma postura de esperar para ver na elevação do juro se houver risco de uma espiral inflacionária. A inflação atingiu máxima em 28 meses no mês passado, a 4,4%, alimentando especulações de que o BC não irá esperar mais muito tempo para elevar o juro.

Gastos nos EUA

País de origem da crise capitalista mundial, os EUA patinam há três anos, sem conseguir alcançar níveis sólidos de crescimento. O gasto do consumidor norte-americano, no entanto, subiu ligeiramente mais do que o esperado em fevereiro, marcando o oitavo mês seguido de alta, enquanto a inflação acelerou no maior ritmo desde junho de 2009. O Departamento de Comércio dos EUA informou nesta segunda-feira que o gasto pessoal aumentou 0,7%. A alta de janeiro foi revisada de 0,2 para 0,3%. Economistas consultados pela agência inglesa de notícias Reuters previam que o gasto subiria 0,6% em fevereiro. Ajustado para inflação, o gasto pessoal subiu 0,3%, depois de ficar estável no mês anterior.

Após a maior alta em quatro anos registrada nos últimos três meses de 2010, o gasto dos norte-americanos deve desacelerar no primeiro trimestre, com a escalada dos preços de energia e alimentos reduzindo o consumo em outros setores. No quarto trimestre do ano passado, o gasto teve alta anual de 4%, ajudando a impulsionar o crescimento econômico dos EUA para 3,1%, ante 2,6% entre julho e setembro. Os preços de alimentos e energia elevaram a inflação no mês passado. Segundo o Departamento de Comércio, o índice de preços PCE subiu 0,4%, a maior taxa desde junho de 2009, após subir 0,3% em janeiro.

A medida de inflação preferida pelo Federal Reserve — o núcleo do PCE, excluindo alimentos e energia — subiu 0,2%, mesma taxa de janeiro. Nos 12 meses até janeiro, o núcleo do PCE avançou 0,9%, maior ganho em quatro meses, após subir 0,8% em janeiro. Até agora, o Fed considera transitória a inflação elevada de alimentos e energia, mas o chairman Ben Bernanke disse que agirá para garantir que as pressões inflacionárias não fiquem arraigadas.

A renda pessoal nos EUA cresceu 0,3% no mês passado, após uma alta de 1,2% em janeiro. Economistas esperavam um ganho de 0,4%. Com o consumo superando o crescimento de renda, a taxa de poupança caiu de 710,5 bilhões de dólares em janeiro para 676,7 bilhões de dólares em fevereiro.

Reação ao risco

Nesta segunda-feira, as bolsas de valores da Ásia fecharam em baixa nesta segunda-feira, com os conflitos no Oriente Médio e a crise nuclear no Japão deixando os investidores avessos a ativos de maior risco. Investidores asiáticos realizaram lucros com ações de bancos em Hong Kong, fabricantes de computadores em Taiwan e mineradoras da Austrália, pressionando os mercados de ações da região após esses setores fecharem com ganhos fortes na semana passada. Porém, a maioria dos analistas acredita que os mercados asiáticos vão se recuperar por demanda estrangeira, com o fim do primeiro trimestre e do ano fiscal no Japão.

– Ainda há espaço para alta, pois a compra estrangeira em momentos de baixa deve continuar, mas as operações podem não ter uma direção comum antes do fim do ano fiscal – disse Hajime Nakajima, operador da Cosmo Securities em Tóquio.

Em Tóquio, o índice Nikkei encerrou em baixa de 0,6%. Às 7h46 (horário de Brasília), o índice da região Ásia-Pacífico exceto o Japão caía 0,34%. Junto com os ganhos contra o euro, o dólar também subia contra o iene, ajudado por comentários de uma autoridade do banco central dos Estados Unidos. Na sexta-feira, um membro do Federal Reserve disse que a política de juros baixos deve começar a ser retirada em um “futuro não muito distante”, para conter a inflação.

Os ataques aéreos ocidentais sobre a Líbia e as tensões na Síria, no Iêmen e no Barein continuavam alimentando a incerteza dos investidores sobre interrupções de fornecimento do petróleo vindo do Oriente Médio e do norte da África, algo que impulsionava investimentos considerados mais seguros, como o ouro.

Em Hong Kong, o mercado caiu 0,39% e a bolsa de Taiwan retrocedeu 0,67%, enquanto o índice referencial de Xangai ganhou 0,21%.

Cingapura encerrou em baixa de 0,44% e Sydney fechou com perda de 0,19%.

Fonte: Correio do Brasil

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