quarta-feira, 16 de março de 2011

RADIAÇÃO EM FUKUSHIMA É EXTREMAMENTE ALTA

A piscina de armazenamento de combustível usado no reator 4 da usina nuclear japonesa Fukushima não tem mais água, o que gera níveis de radiação "extremamente altos", disse o chefe da Comissão Reguladora Nuclear americana (NRC) nesta quarta-feira.

Segundo especialistas, a evaporação da água da piscina de combustíveis reciclados --que está quase ao ar livre-- poderia liberar dejetos radioativos da mesma intensidade que Tchernobil, na Ucrânia, em 1986.

As barras (varetas) de combustíveis usados, que continuam liberando muito calor, se encontram em uma piscina situada na parte superior do reator parado para manutenção desde bem antes do terremoto de magnitude 9 e do tsunami da sexta-feira (11).

Após dois incêndios no prédio que comporta o reator, a piscina ficou "quase ao ar livre" e uma grande radiação escapa do local, destacou também um dirigente do Instituto francês de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN), Thierry Charles.

A temperatura da água também começou a subir. Ao invés de registrar cerca de 30ºC de costume, o tanque atingiu os 80ºC. O risco, com a evaporação, é de que as barras, ainda um pouco isoladas do exterior pelo líquido, deixem de estar submersas. Se mais água de resfriamento não for colocada rapidamente, as barras de combustíveis vão se desgastar e emitir dejetos muito radioativos diretamente na atmosfera.

Com o combustível em fragmentos, diretamente ao ar livre, "estaríamos no mesmo nível de exposição que em Tchernobil", afirmou o especialista.

O possível cenário "catastrófico" se definirá em 48 horas. "Uma evaporação completa do reator poderia acontecer daqui a um dia ou dois dias, com enormes emissões já no dia seguinte", explicou Charles.

Diante da situação crítica, as autoridades japonesas cogitam utilizar um caminhão-pipa com canhão de água para molhar o reator, após uma tentativa frustrada de recorrer a um helicóptero. Logo acima da piscina, a dose de radioatividade já estaria muito elevada até mesmo para o piloto.

Na pior das hipóteses, se o combustível degradado se encontrar ao ar livre, a radiação seria tanta que "seria necessário interditar o acesso ao lugar em seguida, incluindo a entrada dos outros seis reatores ao redor", disse Charles.

RETIRADA

Preocupada com a potencial exposição à radiação, o Exército dos Estados Unidos não vai permitir que soldados entrem em um raio de 80 km que circunda a usina nuclear de Fukushima, segundo informou o porta-voz do Pentágono, David Lapan, nesta quarta-feira.

A embaixada dos EUA em Tóquio também está aconselhando aos cidadãos norte-americanos para que evacuem a área, caso isso seja possível.

Mesmo com a determinação de distância mínima dos reatores nucleares da usina, operadores de helicópteros do país norte-americano estão tomando as primeiras doses de iodeto de potássio, a fim de ajudar a proteger a glândula tireoide de uma possível exposição à radiação.

"A decisão de aplicar iodeto de potássio] foi ocasional, baseada nas circunstâncias", disse Lapan, acrescentando que se tratou de uma medida preventiva.

O porta-voz disse ainda que o governo japonês não pediu para que os EUA enviassem soldados a fim de ajudar a conter o superaquecimento nos reatores da usina. Caso o pedido fosse feito, entretanto, Washington consideraria uma exceção e ultrapassaria a zona de exclusão.

Oito navios militares americanos, incluindo o porta-aviões "Ronald Reagan" e sua escolta, participam das operações de resgate no nordeste do Japão.

O "Ronald Reagan" é usado como plataforma para abastecer os helicópteros do exército e da guarda costeira japoneses que participam das operações de resgate.

Já os aparelhos do porta-aviões realizam missões de reconhecimento e abastecimento das vítimas do desastre, segundo o Pentágono.

Fonte: Folha

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