domingo, 10 de abril de 2011

DILMA NA CHINA

A presidenta Dilma Rousseff desembarca nesta segunda-feira, em Pequim, para uma visita à China, onde permanece até o dia 18. É a terceira viagem internacional da presidenta e a primeira à Ásia. Em pauta, discussões econômicas e comerciais, assim como política internacional e direitos humanos, além de questões sociais. Um dos esforços de Dilma é ampliar e diversificar o acesso de produtos brasileiros na China – a segunda maior economia do mundo.

Dilma visita a China acompanhada por uma comitiva de ministros e de 250 empresários que representam distintos setores da economia, inclusive, o de ciência e tecnologia. Na China, Dilma terá reuniões com o presidente Hu Jintao, e o primeiro-ministro Wen Jiabao. Para os empresários brasileiros, o mercado chinês é fundamental, mas eles também cobram limites para as importações oriundas da China.

Segundo os empresários, os baixos preços dos produtos chineses impedem a competição dos produtos nacionais. Em 2009, a China superou os Estados Unidos como parceiro comercial do Brasil. Nos últimos dois anos, houve um aumento de 45% nas relações comerciais entre os dois países.

Em 2010, as exportações do Brasil para a China atingiram US$ 30,7 bilhões. Em geral, as exportações do Brasil para a China são baseadas nos recursos minerais e na soja registrando superávit – em favor do Brasil – de US$ 5 bilhões.

De acordo com os negociadores brasileiros, uma das expectativas é aumentar a exportação de carne para a China. O Brasil é o maior exportador de carne do mundo. Porém, a tendência, segundo eles, é ampliar as negociações relativas aos produtos de valor agregado do Brasil. Paralelamente, os países que integram o Bric – Brasil, Rússia, Índia e China – têm reuniões na China.

Na semana passada, o porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena Soares, disse que a expectativa da viagem é que as conversas levem à abertura de oportunidades em vários setores do comércio na China. Baena Soares citou áreas que envolvem carne de porco, frutas e outros.

Conselho de Segurança

A expectativa da presidenta Dilma Rousseff de obter apoio da China em favor da reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e do ingresso do Brasil como membro permanente do órgão pode ser parcialmente frustrado. O embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, disse que a falta de consenso em torno da proposta deve adiar quaisquer decisões sobre o tema. Segundo Xiaoqi, o assunto ainda precisa de mais tempo para discussão.

– Da parte da China, acreditamos que, enquanto houver divergências, será preciso ter mais diálogo e consultas. (A precipitação) vai afetar a solidariedade e a unidade dos membros da ONU e isso não vai beneficiar a parte alguma – disse.

Ao passar pelo Brasil, no mês passado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ser favorável à reforma do Conselho de Segurança, mas não sinalizou que apoiará o pleito brasileiro. O assunto deve ser tema da reunião de Dilma com o presidente chinês, Hu Jintao, e o primeiro-ministro Wen Jiabao.

No Conselho de Segurança, os cinco membros permanentes são Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra. Os que detêm assentos rotativos são Brasil, Turquia, Bósnia Herzegovina, Gabão, Nigéria, Áustria, Japão, México, Líbano e Uganda. Há várias propostas para a reforma do órgão em discussão. Para o Brasil, o ideal é aumentar de 15 para 25 vagas – das quais 11 deverão ser ocupadas de forma permanente.

Raro déficit comercial

No campo econômico, a presidenta brasileira desembarca na China em um momento em que o país registrou um raro déficit comercial no primeiro trimestre do ano, em um contexto de vigor na economia doméstica e aumento global nos preços das commodities. O Brasil é um dos maiores fornecedores de matérias-primas para os chineses. Segundo informações da administração aduaneira chinesa, divulgadas neste domingo, de janeiro a março as importações chineses superaram as exportações em 1,02 bilhão de dólares, fazendo com que o país tivesse seu primeiro déficit comercial trimestral desde 2004.

Os números do comércio exterior mostram que a economia da China pode estar evoluindo para uma direção mais sustentável, por se tornar menos dependente das exportações, disse Isaac Meng, economista do BNP Paribas, em Pequim.

Em março, isoladamente, a China teve um pequeno superávit de 140 milhões, enquanto em fevereiro o déficit havia sido de 7,3 bilhões. As exportações chinesas cresceram 35,8% em março em relação ao mesmo mês no ano passado, enquanto as importações aumentaram 27,3% na mesma comparação.

O déficit comercial chinês no primeiro trimestre tem um componente sazonal, uma vez que as exportações normalmente são mais fracas no início do ano.

Fonte: Correio do Brasil

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