quarta-feira, 27 de abril de 2011

MÉDICO ORIENTA PROMOTORA A FORJAR LOUCURA

Documentos e imagens obtidos pelo jornal Estado de São Paulo revelam como a promotora de Justiça Deborah Guerner, presa desde a semana passada em Brasília, contou com a colaboração de médicos de São Paulo para simular doença mental e atrapalhar as investigações sobre seu envolvimento com o esquema de corrupção no Distrito Federal, conhecido como "mensalão do DEM".

Gravações de encontros dela com o psiquiatra paulista Luis Altenfelder Silva Filho, captadas pelo circuito interno da casa da promotora e apreendidas com autorização da Justiça, mostram detalhes da armação para que ela fosse considerada doente por peritos judiciais. Deborah foi afastada em dezembro de suas funções no MP do DF. Além das ações na Justiça, ela responde a um processo disciplinar no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que pode aprovar sua demissão do serviço público. Ela ainda recebe salário.

"Posso falar eufórica?", pergunta Deborah durante uma "aula" cujo objetivo era treiná-la para ser reprovada num teste de sanidade mental. "Pode. Muito excitada, eufórica e com o pavio muito curto", responde o médico. "Não tem erro, e qualquer residente de primeiro ano de psiquiatria, ouvindo você, vai falar assim: ‘essa menina é bipolar’", diz o psiquiatra. O marido dela, o empresário Jorge Guerner, que também está preso, acompanhava tudo. As "lições" foram dadas na sala da casa de Deborah em Brasília e ganharam o apelido de "teatro da loucura" nos bastidores da investigação.

VEJA TRECHOS DOS DIÁLOGOS

Diálogo 1

O que falar aos peritos da Justiça

Psiquiatra: Aí o que você faz, segura (incompreensível) meu pai é tudo pra mim... você tem que falar com espontaneidade: "Com o falecimento do meu pai, que era tudo pra mim. Me senti desamparada..." Você estava com que idade mais ou menos ?

Psiquiatra: Que com o falecimento do seu pai, aí sua vida mudou!

(...)

Jorge Guerner: Eles podem querer perguntar alguma coisa paralela ?

Psiquiatra: Podem, eles podem perguntar: "mas se tinha época que você ficava muito eufórica ?". Você (Deborah) vai falar: "Tinha sim! Tinha época que parecia que de repente desaparecia tudo isso ! Sabe e aí meu marido até reclamava... que eu ia pro shopping, comprava demais, sabe? Reclamava das minhas roupas...".

(...)

Deborah Guerner: Posso falar eufórica ?

Fonte: Estadão

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