terça-feira, 3 de maio de 2011

PORTUGAL ANUNCIA ACORDO DE AJUDA NO VALOR DE EU$ 78 BILHÕES

O gabinete do primeiro-ministro demissionário de Portugal, José Sócrates, confirmou nesta terça-feira que o país chegou a um acordo de ajuda financeira no valor de 78 bilhões de euros.

O pacote de resgate foi negociado com a União Europeia (UE), o Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI).

"O montante da ajuda externa é de 78 bilhões de euros", afirmou o gabinete de Sócrates em uma breve nota.

José Sócrates está atuando em caráter interino desde que renunciou no mês passado após a rejeição de seu mais recente plano de austeridade fiscal por parte de partidos de oposição no parlamento.

Pouco antes, Sócrates havia se dirigido ao país em um discurso transmitido pela televisão para anunciar que chegara a um "bom acordo" com as delegações da UE e do FMI responsáveis pela negociação do programa de ajuda financeira.

De acordo com o plano de ajuda de três anos, o país poderá reduzir o seu déficit público de forma "mais gradual" do que o previsto, caindo dos 5,9% do PIB deste ano para 4,5% em 2012 e 3% em 2013, disse Sócrates.

Mais cedo o porta-voz da Comissão Europeia para os temas econômicos, Amadeu Altafaj, disse em entrevista ao jornal português "Público" que as discussões se alongaram durante o dia e que um acordo era esperado.

"Esperamos uma conclusão em breve e chegar a um acordo satisfatório o mais rápido possível", completou Altafaj, que destacou a importância de obter a "aprovação dos partidos políticos".

Após o pedido de ajuda financeira de Portugal, uma missão internacional integrada por membros da UE, FMI e BCE está há dias em Lisboa tentando negociar os termos do acordo.

NEGOCIAÇÃO

Ainda no dia 20 de abril representantes da UE, BCE e FMI encarregados de negociar o resgate financeiro de Portugal começaram a se reunir com associações patronais no Ministério das Finanças em Lisboa.

Antes disso, os chefes da missão internacional se encontraram com várias autoridades políticas, tanto do governo socialista quanto da oposição, assim como das duas principais confederações sindicais.

FINLÂNDIA

Durante o período de negociação, um partido político da Finlândia chegou a ameaçar bloquear o pacote de ajuda do bloco europeu a Portugal.

O Verdadeiros Finlandeses obteve um disputado terceiro lugar em eleições realizadas em abril.

"O pacote que está lá [...] não acredito que permanecerá", disse Timo Soini, líder do Verdadeiros Finlandeses.

Pode levar semanas até que se saiba se o partido Verdadeiros Finlandeses pode concretizar sua ameaça, mas seu sucesso na eleição apresenta um risco potencial enorme para Lisboa, que declarou que em junho ficará sem fundos para manter o país funcionando.

Caso a aprovação do resgate financeiro tivesse sido adiada, a União Europeia teria que buscar outros meios para resgatar Portugal, país de 10,5 milhões de habitantes que vinha sendo alvo de investidores durante a crise da zona do euro por conta de seus altos níveis de endividamento e uma economia pouco competitiva.

PEDIDO DE AJUDA

Após meses de resistência, o primeiro-ministro demissionário José Sócrates anunciou no dia 6 de abril o pedido de socorro financeiro à União Europeia.

O pedido ocorreu após protestos em diversas cidades do país pedindo por novas políticas econômicas e depois de o próprio premiê renunciar ao cargo, no dia 23 de março, acuado pela crise da dívida.

O fim de seu governo foi acelerado pela rejeição do Parlamento português ao seu plano de ajuste fiscal. O pacote havia sido elaborado para evitar o resgate internacional. A ajuda externa estará condicionada ao país cumprir duras exigências de ajuste econômico.

Portugal se torna, assim, o terceiro país da zona do euro a pedir ajuda aos parceiros europeus, após a Grécia e a Irlanda.

Fonte: Folha

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