sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ECONOMIA BRASILEIRA DESACELERA

Dois dias depois do surpreendente corte do juro básico pelo Banco Central, o IBGE mostrou que a economia brasileira desacelerou no segundo trimestre deste ano, para 0,8 por cento na comparação com os primeiros três meses do ano, quando a expansão havia sido de 1,2 por cento.

Foto de arquivo de operários em fábrica da Renault em São José dos Pinhais, no Paraná, em dezembro de 2009. REUTERS/Luiz Costa
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística também informou nesta sexta-feira que o Produto Interno Bruto (PIB) entre abril e junho cresceu 3,1 por cento em relação a igual período de 2010.

Foi o pior resultado na comparação anual desde o terceiro trimestre de 2009, quando houve retração de 1,8 por cento. E, segundo o IBGE, foi o mais baixo entre os países do chamado Bric --formado além de Brasil por Rússia (crescimento de 3,4 por cento), Índia (7,7 por cento) e China (9,5 por cento).

Ainda que os números tenham vindo em linha com o esperado pelo mercado --na mediana das expectativas de expansão de 0,8 por cento na comparação trimestral e de 3,2 por cento na anual--, a expectativa agora não é otimista.

"Para os próximos meses, nossa previsão é de continuidade de um menor dinamismo, não vemos espaço para recuperar com esse cenário de câmbio (valorizado)", afirmou o economista da Tendências Rafael Bacciotti.

A questão do câmbio foi ressaltada pela própria economista do IBGE que comentou o resultado do PIB, Rebeca Palis, que disse que na média do segundo trimestre o dólar ficou em 1,60 real contra 1,79 real no primeiro segundo de 2010.

DESACELERAÇÃO GENERALIZADA

A desaceleração foi generalizada e quase todos os resultados, mesmo que positivos, foram os piores desde 2009, ano abalado pela crise mundial do sub-prime.

Como nos últimos trimestres, o PIB de abril a junho foi ancorado pela demanda interna, mas o dólar baixo favoreceu a importação para abastecer consumidores e os próprios investimentos.

O consumo das famílias cresceu 1,0 por cento no segundo trimestre --acima do 0,7 por cento visto no primeiro trimestre--, enquanto o consumo do governo aumentou 1,2 por cento. Na comparação anual, as expansões foram de 5,5 e 2,5 por cento, respectivamente.

"A demanda interna puxou o crescimento nesse segundo trimestre e parte desse consumo e da própria formação bruta de capital fixa veio dos importados", disse a economista do IBGE destacando que as importações avançaram 6,1 por cento em relação ao primeiro trimestre e 14,6 por cento frente a 2010.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida dos investimentos, cresceu 1,7 por cento no segundo trimestre, em comparação com o primeiro trimestre, sendo que na comparação anual o avanço foi de 5,9 por cento.

Se por um lado o dólar baixo ajuda a abastecer o mercado interno, além de segurar a inflação, por outro, afeta a indústria nacional

"Você às vezes tem aumento de produção, mas não necessariamente consumo, por conta da formação de estoques e, além disso, a demanda é suprida por importações", destacou a economista do IBGE.

"A importação de máquinas e equipamentos desse trimestre foi mais forte que a construção civil, que é investimento, mas cresceu só 2,1 por cento", argumentou.

A indústria registrou alta de 0,2 por cento no segundo trimestre sobre o primeiro, e de 1,7 por cento sobre abril e junho de 2010, enquanto o setor de serviços cresceu 0,8 por cento entre abril e junho passados, sobre o primeiro trimestre, e na comparação anual, 3,4 por cento. Na comparação trimestral, a indústria de transformação, a mais pesada do segmento, ficou estagnada.

Já a agropecuária teve retração de 0,1 por cento no segundo trimestre deste ano e ficou estável na comparação anual, por conta, basicamente, de resultados ruins da silvicultura e pecuária.

"O embargo a carne brasileiro na Rússia afeta, mas há também uma maior preocupação com o desmatamento no país e com o lado ambiental e isso afeta a exploração florestal e a próprio pecuária que precisa de pastos", avaliou Palis.

Fonte: Reuters

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