sábado, 15 de outubro de 2011

G20 PROMETE AJUDAR A EUROPA, MAS PEDE RESPOSTA RÁPIDA

Os países do G20 se comprometeram em uma reunião neste sábado, em Paris, a dotar o Fundo Monetário Internacional (FMI) de "recursos adequados" para ajudar a Europa a solucionar a crise das dívidas soberanas, que ameaça a economia mundial.

Reunião do G20. Reuters
"Compartilhamos a constatação de que no contexto de desaceleração da economia mundial, o FMI deverá ter os recursos adaptados para enfrentar a crise", afirmou o ministro francês das Finanças, François Baroin.

Há, no entanto, uma condição, imposta pelo G20, para que os recursos do FMI possam ser aumentados: os europeus devem propor soluções concretas para resolver os problemas das dívidas soberanas da zona do euro e da recapitalização dos bancos do continente.

A pressão para que os europeus resolvam rapidamente a crise foi grande por parte dos demais países do G20 durante os dois dias da reunião ministerial em Paris.

"Primeiro é preciso que os europeus resolvam seus problemas para depois nós entrarmos com os recursos", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em uma coletiva após o encontro.

Por este motivo, a expectativa da comunidade internacional é grande em relação à reunião de líderes europeus no dia 23 de outubro, onde são esperadas soluções para lidar com a dívida grega e a recapitalização dos bancos.

O comunicado divulgado após a reunião de ministros das Finanças do G20 em Paris não dá, no entanto, nenhum detalhe, como já era esperado, em relação a montantes nem às modalidades da capitalização do FMI.

O texto vago em relação ao aumento no capital do FMI é decorrente da falta de consenso em relação à questão.

Emergentes

A ideia de reforçar os recursos do fundo para permitir socorrer a Europa e outras economias se a crise se agravar, é defendida por grandes emergentes como o Brasil, China e Índia, e também conta com o apoio da França, que preside atualmente o G20.

Mas a iniciativa encontra resistências por parte de países como os Estados Unidos, principal doador do fundo, e a Alemanha, que estimam que o FMI já possui recursos suficientes, da ordem atualmente de US$ 400 bilhões.

O Brasil defende a ideia de que a contribuição com recursos para o FMI pode ser voluntária, mas, em contrapartida, o país doador deverá ganhar mais poder na instituição internacional.

"Os países que quiserem colocar dinheiro podem, mas é claro que isso deve se traduzir em novas cotas (que correspondem a direitos de votos)", defende Mantega.

O aumento dos recursos do FMI continuará sendo discutido pelos ministros das finanças do grupo nas próximas semanas e será apresentado na reunião de líderes do G20 nos dias 3 e 4 de novembro, em Cannes.

Uma das propostas estudadas é a utilização de acordos bilaterais, onde o país doador funcionaria como uma garantia do empréstimo solicitado.

"Não significa colocar necessariamente dinheiro no fundo. É possível abrir créditos com acordos bilaterais", disse Mantega.

‘Economia piora’

A diretora-gerente do FMI, Christina Lagarde, alertou neste sábado que a situação da economia mundial se deteriorou após a última reunião do fundo, em setembro, e disse que a crise afeta agora também os emergentes.

Mantega declarou que "o fantasma do Lehman Brothers voltou a nos assombrar", referindo-se à quebra do banco americano em 2008, que detonou a crise financeira mundial.

O ministro afirmou, no entanto, que os europeus estão dando sinais fortes de que irão resolver seus problemas e disse estar mais confiante.

"O mundo espera que a resposta seja dada na reunião de Cannes (de líderes do G20). Apesar da situação ter se tornado mais complicada, há uma luz no fim do túnel", disse Mantega.

Fonte: BBC Brasil

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