sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ABRIGOS EM SALVADOR PODEM SER FECHADOS POR FALTA DE RECURSOS

Nove abrigos para crianças e adolescentes de Salvador correm o risco de não pagar as contas que vencerão no início do mês de fevereiro. Isso porque o convênio com a Secretaria Municipal do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão (Setad), vencido em 31 de dezembro, ainda não foi renovado. As unidades cuidam de 600 meninos e meninas de até 17 anos.

Lar Pérola de Cristo, em Tubarão, atende 128 crianças
O titular da Setad, Ocimar Torres, diz que analisa os planos de trabalho enviados pelos abrigos. Segundo ele, os que estiverem de acordo com as exigências terão a renovação até 31 de janeiro. Vera Guimarães, 44, gestora do Abrigo Pérola de Cristo, em Paripe, reclama do aviso tardio sobre ajustes. “Fomos informados esta semana. Como organizar tudo antes de vencer as contas?”, preocupa-se.

E esta não é a única queixa da gestora. Estado, município e União repassam, juntos, até R$ 425,50 por abrigado, valor sem reajuste desde 2008. O secretário diz que possíveis reajustes serão examinados em reunião no dia 30 de janeiro com entidades municipais, estaduais e Ministério Público baiano (MP-BA).

Dificuldades

Os abrigos correm contra o tempo para evitar uma crise maior. No Pérola de Cristo, que atende 128 meninos e meninas, os problemas são sanados pela solidariedade. E as despesas não são poucas. “É difícil fechar as contas com os R$ 6.800 mensais do convênio que temos com a prefeitura e que são destinados só para a alimentação. Só de carne são R$ 4.800, a cada 30 dias. E as pessoas não costumam doar carne”, explica Vera. “Agora mesmo, faltam itens perecíveis”, acrescenta.

Alheio às dificuldades financeiras, o pequeno João Vítor, cinco meses, sorri de tudo. Basta um carinho na testa e colo. “Ele é viciado em carinho. Na verdade, todos são”, relata a gestora. O menino foi abandonado pela mãe aos três meses. Isso e a solidariedade de adeptos à causa fortalecem a administradora. Há um ano, a procuradora de justiça Rita Vanelli construiu, no terreno do abrigo, uma casa adaptada, só para as crianças pequenas. 
“Ela é um anjo que surgiu para essas crianças. Rezo todos os dias para que Deus ilumine o caminho dela”, reconhece Vera.

No espaço, 12 crianças, de recém-nascidos até os 2 anos, são cuidadas por três funcionárias. É lá onde Jonatas, de 1 ano, engatinha de um lado ao outro. Trinta minutos depois, cansa e pede colo. A criança vive no abrigo desde o nascimento. Em outubro do ano passado, a guarda dele foi entregue à mãe. “Dois meses após, retornou! Voltamos a recebê-lo com amor. Este é meu projeto de vida”, diz Vera.

Fonte: A Tarde

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