quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

ESPERA POR INFORMAÇÕES DE SOBREVIVENTES É TENSA EM HONDURAS

Centenas de hondurenhos estão no entorno da Penitenciária Nacional de Comayagua, a cerca de 80 km ao norte da capital, Tegucigalpa, esperando por informações sobre parentes, mais de 24 horas depois do incêndio que matou pelo menos 350 detentos. Os números mais recentes dão conta de 358 mortos. Autoridades afirmam que há 400 presos sobreviventes em tendas dentro da penitenciária. Na prisão, com capacidade para 400 internos, havia cerca de 800.

Bombeiros trabalham para retirar feridos e mortos
Trata-se do pior desastre do gênero em mais de um século e do maior incêndio em uma prisão latino-americana.

Prisioneiros feridos e corpos ainda são retirados da penitenciária enquanto peritos tentam descobrir as causas do fogo. Uma autoridade hondurenha teria dito que o incêndio foi provocado, enquanto bombeiros apontam para uma falha elétrica.

Ativistas de direitos humanos, no entanto, culpam a superlotação e as más condições das instalações. A professora Dinah Sheldon, da presidente Comissão Interamericana de Direitos Humanos, acusou a policia hondurenha de ter mantido os presos dentro da penitenciária mesmo depois do início do incêndio.

Na tarde de quarta-feira, o presidente Porfírio Lobo anunciou a demissão de vários funcionários do governo responsáveis pelo setor prisional. Ele prometeu uma investigação transparente sobre tragédia.
Sistema em colapso

Centenas de hondurenhos estão no entorno da Penitenciária Nacional de Comayagua esperando por informações sobre parentes, mais de 24 horas depois do incêndio que matou pelo menos 350 detentos (AFP/Getty)
Comayagua fica entre a movimentada capital, Tegucigalpa, e San Pedro Sula, região urbana com uma das mais elevadas taxas de homicídios do mundo.

O ministro da Segurança de Honduras, Pompello Bonilla, reconhece que por ora há poucas alternativas para realojar os prisioneiros que sobreviveram ao incêndio, uma vez que o sistema penitenciário do país está em colapso.

"Somos um país pobre. E nos últimos anos o crime organizado aumentou. Isso impediu uma resposta cabal ao problema" das prisões, disse Bonilla.

Fuga pelo telhado

As 24 prisões do país sofrem severo problema de superlotação, caso de Comayagua, que abrigava o dobro de sua capacidade.

"Todos dormem como periquitos, sem organização, em um mesmo beliche que chega ao alto. Brincava com meu filho que ele um dia tocaria o teto e fugiria pelo telhado, e foi isso que ele teve que fazer na terça-feira”, contou a mãe de um sobrevivente.

Alguns dos sobreviventes de escaparam quebrando o telhado e saltando do alto do prédio, segundo familiares que foram para o local tentar conseguir notícias. As autoridades temem que muitos dos prisioneiros tenham fugido em meio à confusão.

Josué Garcia, porta-voz dos bombeiros de Comayagua, descreveu cenas "infernais" dentro da prisão e disse que muitos prisioneiros ou morreram carbonizados ou foram sufocados pela fumaça. O incêndio evidenciou as carências em protocolos de emergência. Alguns sobreviventes denunciaram que ninguém abriu as celas quando as chamas começaram, as saídas estavam bloqueadas e que foi necessário derrubar paredes para escapar.

"Não conseguíamos chegar até eles, pois não tínhamos as chaves e não conseguimos encontrar os guardas que tinham as chaves", afirmou Garcia.

"A situação é grave. A maioria morreu sufocada", confirmou o diretor do sistema prisional do país, Daniel Orellana, à agência de notícias AFP.
Problema elétrico

Hector Ivan Mejia, da Secretaria de Segurança de Honduras, disse a jornalistas que um curto-circuito no sistema elétrico na prisão pode ter causado o incêndio. Mas a imprensa hondurenha divulgou informações sobre uma rebelião na prisão de Comayagua pouco antes do início do incêndio.

No entanto, Daniel Orellana negou esta possibilidade.

"Temos duas hipóteses. Uma é de que um prisioneiro incendiou um colchão e outra é que houve um curto-circuito no sistema elétrico", disse o diretor do sistema prisional à agência de notícias Reuters.

Em 2003 e 2004 houve incêndios com mortos nas prisões das cidades de Ceiba e San Pedro Sula.

Fonte: Terra

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