quarta-feira, 18 de abril de 2012

AÇÃO DO GOVERNO SURTE EFEITO E BANCOS JÁ REDUZEM OS SPREADS

A ofensiva do governo federal para reduzir os spreads bancários, usando como instrumentos os estatais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, surtiu efeito e fez com que instituições financeiras privadas diminuíssem suas taxas de juros.

Itaú Unibanco e Bradesco, os dois maiores bancos privados do Brasil, foram os últimos entre os grandes do setor a anunciar, na manhã desta quarta-feira, que cortariam os juros em linhas de crédito pessoal e a empresas.

"Com a redução dos spreads, acreditamos que damos mais uma contribuição para o processo de transformação e desenvolvimento nacional", afirmou em nota o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal.

O movimento acontece pouco mais de uma semana depois de a Febraban, federação que representa os bancos, ter apresentado 20 demandas ao governo para acelerar a queda dos spreads bancários -diferença entre os custos de captação e a taxa efetivamente cobrada dos clientes nos financiamentos.

Após reuniões com a Febraban, em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, endureceu o discurso e afirmou que havia margem para reduzir os juros, para que os bancos brasileiros deixassem de ser os "campeões de spread no mundo".

A ação de pressionar os bancos privados por taxas de juros menores orquestrada pelo governo federal ganhou mais força no início do ano, em meio aos esforços para estimular a fraca economia.

Efetivamente, o BB deu partida ao processo duas semanas atrás, ao revelar o programa batizado de "Bompratodos" com promessa de corte médio de 45 por cento no juro para financiamento ao consumo.

Em seguida foi a vez de a Caixa fazer o mesmo, com juro até 88 por cento menor no caso da linha de cartão de crédito para clientes que recebem salário no banco.

BB e Caixa já informaram que houve aumento expressivo da demanda por empréstimos após as reduções dos juros.

No BB, em particular, o banco tem atraído empresas que não eram suas clientes, seduzidas pela chance de trocar dívida mais cara em outros bancos por condições melhores e menos custosas.

"Na primeira semana do novo posicionamento, cerca de 1,74 mil clientes pessoas jurídicas contrataram novos empréstimos no banco, totalizando 108,7 milhões de reais, para liquidar seus financiamentos em outras instituições"", disse o BB em nota.

Antes de Itaú e Bradesco, HSBC e Santander Brasil promoveram reduções nos juros em algumas linhas.

Investidores receberam com cautela os primeiros anúncios de cortes de juros por BB e Caixa e venderam ações de bancos na bolsa brasileira.

Nesta sessão, as ações de Itaú e Bradesco operavam no vermelho, com queda inferior a 1 por cento nos dois casos. Santander Brasil e BB exibiam valorização, no mesmo sentido do Ibovespa, que tinha variação positiva de 0,7 por cento às 15h58.

RISCOS

A maioria dos bancos reduziu taxas em linhas consideradas de menor risco, caso do crédito consignado.

No Itaú, empréstimos com desconto em folha a beneficiários do INSS terão a taxa mínima mensal reduzida para 0,89 por cento e a máxima, para 2,20 por cento. No Bradesco, a taxa caiu de 1,32 por cento para a partir de 0,90 por cento ao mês.

Mas as instituições financeiras também estão cortando juros em áreas onde a inadimplência é maior, como no crédito a veículos.

De acordo com o Itaú, no financiamento a veículos a taxa mínima cairá 8 por cento, passando a 0,99 por cento ao mês para correntistas há mais de um ano, em operações com 50 por cento de entrada e parcelamento em até 24 meses.

Já o Bradesco vai disponibilizar 6 bilhões de reais adicionais de limite de crédito à disposição dos bancos ligados a montadoras.

Mal anunciaram as novas taxas e os bancos poderão ter que mexer em suas taxas já a partir de quinta-feira. O Banco Central decide no fim desta quarta-feira sobre a taxa básica de juro Selic e a expectativa ampla no mercado é de corte em 0,75 ponto percentual, para 9 por cento ao ano.

Fonte: Reuters

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