sábado, 2 de abril de 2011

ESCUTAS MOSTRAM POLICIAIS PEDINDO PROPINA PARA SOLTAR BANDIDOS

Um relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro apontou indícios da existência de um esquema de corrupção envolvendo supostamente policiais e traficantes das favelas de Antares e do Rola, em Santa Cruz, na zona oeste da capital fluminense.

O documento traz transcrições de diversas interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça feitas entre julho e novembro do ano passado. Elas integram um inquérito da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais) que apurou o tráfico na região e sua relação com as comunidades de Manguinhos, do Juramento e do Complexo do Alemão, na zona norte.

Nas gravações, há várias conversas entre traficantes em que eles mencionam que comparsas foram presos e policiais pedem propina para soltá-los. Nas transcrições os bandidos falam de pelo menos dez supostas extorsões que teriam ocorrido no período com valores variando entre R$ 1 mil e R$ 80 mil.

Em apenas uma das supostas extorsões, suspeitos foram identificados. Três PMs do batalhão de Santa Cruz (27º BPM) foram denunciados e acabaram presos em dezembro.

De acordo com o Ministério Público, os policiais foram acusados de sequestrar três criminosos da comunidade do Rola e exigir R$ 20 mil para soltá-los. Os bandidos ficaram em poder dos PMs durante dez horas. 

No final, um deles acabou liberado mediante o pagamento de R$ 10 mil. Os outros dois, entre eles um menor de idade, foram levados para a delegacia do bairro (36ª DP). Na semana passada, a Justiça revogou a prisão dos três sob alegação de que eles não ofereciam risco a uma das testemunhas do processo que ainda não foi ouvida.

Propina de R$ 20 mil baixou para R$ 7 mil

A primeira interceptação que indica suposto pedido de propina ocorreu no dia 7 de julho. Na ocasião, em uma conversa gravada, os traficantes comentam que PMs em uma Blazer detiveram os bandidos conhecidos pelos apelidos de Xandoca e Gula e estavam exigindo R$ 80 mil para liberá-los.

O relatório menciona também uma conversa gravada no dia 8 de novembro em que os criminosos falam sobre a prisão de um traficante conhecido como Rafa ou Gordão e que policiais pediram R$ 20 mil.

No documento, há ainda uma transcrição de uma conversa do dia 16 do mesmo mês em que os traficantes citam que o comparsa conhecido como Nandinho foi preso e que, por sua liberdade, teriam que pagar R$ 20 mil a policiais não identificados. A escuta captou ainda diálogos entre os bandidos falando que não teriam a quantia exigida e que acabaram conseguindo baixar o valor da suposta propina para R$ 7 mil.

No dia seguinte, uma outra gravação mostrou bandidos falando sobre a prisão de um criminoso conhecido como Orelha e que supostos policiais teriam cobrado R$ 10 mil por sua liberação.

O iG teve acesso ainda a um trecho de uma conversa gravada no dia 3 de novembro em que os criminosos falam sobre a prisão do traficante Beiço e que o mesmo vai pagaria R$ 1,5 mil de "arrego" (propina) sendo R$ 500 para cada equipe de plantão. Ele buscaria o dinheiro na boca de fumo onde vendia papelotes de cocaína a R$ 10. Em uma conversa gravada no dia seguinte, há menção sobre a prisão de um bandido chamado de Moisés e sua libertação custaria R$ 2 mil.

Fonte: IG

Nenhum comentário:

Postar um comentário