terça-feira, 12 de abril de 2011

OLLANTA HUMALA SAI NA FRENTE NO PRIMEIRO TURNO NO PERU

Ollanta Humala, candidato nacionalista de esquerda, venceu o primeiro turno das eleições presidenciais no Peru no domingo e a parlamentar de direita Keiko Fujimori ficou em segundo lugar com pequena vantagem sobre o terceiro colocado, mostraram três pesquisas de boca-de-urna após o fim do pleito. A sondagem Datumdeu a Humala 33,8% dos votos, seguido de Fujimori com 21,3%.

Humala deverá concorrer em segundo turno com a representante da direita
O ex-primeiro-ministro Pedro Pablo Kuczynski teve 19,5% e o ex-presidente Alejandro Toledo, 15,2%. Pesquisa do instituto Ipsos mostrou Humala com 31,6%, Fujimori com 21,4%, Kuczynski com 19,2% e Toledo, 16,1%. Sondagem CPI deu Humala com 33%, Fujimori com 22% e Kuczynski em terceiro com 19%.

Se nenhum candidato obtiver 50% dos votos, os dois líderes disputarão o segundo turno em 5 de junho.

Maioria no Parlamento

A coalizão Ganha Peru, do candidato à Presidência que segue na liderança das urnas apuradas no Peru, Ollanta Humala, deverá conquistar a maioria no Congresso peruano com 396.441 votos, segundo um boletim oficial parcial, com 11% dos votos contabilizados. O resultado contraria as pesquisas de opinião. Em segundo lugar está a coalizão Força 2011, com 333.585 votos. Sua candidata à Presidência, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), assim como a bancada, segue na segunda posição.

Segundo uma pesquisa divulgada na última semana de março, o partido de direita – liderado pelo ex-presidente atualmente preso – deveria obter a maioria no Congresso, com 130 parlamentares. De acordo com a Companhia Peruana de Pesquisa de Mercado (CPI), eles teriam 12,8% de representação no Legislativo, seguido de Peru Possível, com 11,55 % eGanha Peru, com 10,4%. A aliança Peru Possível, do candidato Alejandro Toledo, ex-presidente de 2001 a 2006, está no terceiro lugar, com 231.583 votos.

Colômbia isolada

Para a professora de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Miriam Gomes Saraiva, uma possível vitória do candidato da coalizão Ganha Peru favoreceria uma aproximação com os governos da Bolívia e da Venezuela.

– Provalmente, se o Humala vencer, ele vai buscar aproximação com os países que compõem a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba): Venezuela, Equador e Bolívia, e outros da América Central, e vai isolar a Colômbia – argumenta a especialista, apontando as prováveis mudanças na política exterior peruana.

Isso porque o atual governo peruano, do presidente Alan García, adotou o sentido contrário e tornou-se aliado dos Estados Unidos, tendo até firmado um Tratado de Livre Comércio (TLC), o que levou a Venezuela a anunciar seu desligamento do bloco econômico Comunidade Andina (CAN) em 2006.

– A Venezuela saiu da Comunidade Andina não apenas por causa do Peru, mas também da Colômbia, pois buscaram Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos – destaca Saraiva.

A professora, no entanto, afirma que, caso o pleito tenha o candidato e ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), da coligação Peru Possível, como vencedor, “talvez haja uma sequência no quem vem acontecendo” na gestão de García.

Influência do Brasil

A eleição presidencial no Peru tende a determinar o futuro do processo de integração na América do Sul, também de acordo com especialistas consultados pela agência italiana de notícias Ansa. Sobre os diálogos entre Brasil e Peru, Saraiva acredita que continuará igual, independente do resultado das eleições, pois “o governo brasileiro tem boas relações com governos como Evo Morales e Chávez”.

Para o secretário-geral da embaixada do Brasil no Peru, César Augusto Bonamigo, o diálogo bilateral é “da melhor qualidade”. Segundo ele, isso é decorrente, entre outras coisas, do processo de integração na América do Sul, que se desenvolveu e avançou nos últimos anos, principalmente com a atuação do Mercosul e da Unasul.

– O diálogo é muito fluído. Eu arrisco a dizer que não tem como melhorar – comenta Bonamigo, destacando que os últimos oito anos, referentes ao mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi o período mais intenso na consolidação das relações.

Para ele, como a presidente Dilma Rousseff é vista como a continuidade de Lula, não devem surgir, por parte do governo brasileiro, novos desafios em relação à integração física e econômica com o Brasil.

Fonte: Correio do Brasil

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