terça-feira, 24 de janeiro de 2012

FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA AUMENTA NÚMERO DE AUTUAÇÕES EM BELO HORIZONTE

Instalação de sensores para vigilância de faixas de ônibus e sinais luminosos na capital faz explodir número de multas nessas modalidades. Especialista critica ausência de agentes

Flagrantes de desrespeito ao semáforo cresceram 76% em um ano graças a detectores, agora instalados também na Afonso Pena

A implantação de novos equipamentos de fiscalização em Belo Horizonte mudou o perfil das multas aplicadas contra motoristas infratores. Instalados em junho do ano passado, os aparelhos de registro de avanço do sinal vermelho computaram 61.358 infrações desse tipo, número 76% maior do que o total de 2010, quando 34.859 ocorrências foram notificadas. O descumprimento da regra saltou de sexto lugar, há dois anos, para quarto no ano passado no ranking de multas na capital. No topo da lista estão os casos de velocidade superior à máxima permitida em 20% (482.552), as multas por dirigir falando ao celular (128.494) e o estacionamento irregular em áreas de rotativo (78.818). 

No ano passado, o comportamento indevido dos motoristas no trânsito da capital somou 1.253.088 multas, número 8,7% maior do que o total de 2010, quando foram expedidas 1.152.261 notificações. De acordo com a coordenadora de Infrações e Controle do Condutor do Detran, delegada Inês Borges Junqueira, a situação está relacionada ao aumento da frota na capital e ao incremento no número de condutores habilitados. Entre 2010 e 2011, a quantidade de veículos circulando na cidade cresceu 7%, passando de 1,33 milhão para 1,42 milhão de carros. No mesmo período, o percentual de crescimento nas habilitações foi de 5%, quantidade que saltou de 920,2 mil para 965,7 mil. 

Apesar dos números, a delegada faz uma ressalva importante: “O reforço na fiscalização eletrônica na cidade foi fundamental para o salto nas infrações. Infelizmente, o condutor precisa ser multado para mudar de comportamento no trânsito. E, no ano passado, a fiscalização com uso de equipamentos passou a ser mais rigorosa”. Segundo a BHTrans, empresa que administra o trânsito na capital, 32 detectores de avanço de semáforo entraram em operação na cidade no ano passado. Os aparelhos fazem parte de um pacote de 40 equipamentos licitados.

Disparada 

A fiscalização eletrônica também foi responsável por uma explosão nas multas relacionadas à invasão de faixa exclusiva para ônibus, infração que ocupou em 2011 o quinto lugar no ranking. Atualmente, quatro aparelhos que registram esse tipo de irregularidade estão instalados na Avenida Nossa Senhora do Carmo. Somente eles flagraram 61.034 infrações no ano passado, contra 676 registradas por guardas municipais ou pela Polícia Militar em 2010. O salto nesse caso foi de 9.000%. Ao todo, 12 equipamentos de registro de invasão de faixa exclusiva foram licitados para BH. Os demais devem ser implantados nas avenidas Antônio Carlos e Cristiano Machado, mas, devido às obras do BRT, eles ainda não entraram em operação. 

Apesar dos resultados na mudança de comportamento do infrator, o advogado especialista em trânsito e transporte Cláudio Abreu, ex-assessor jurídico do Detran-MG, critica a modalidade de fiscalização eletrônica. “O problema da fiscalização eletrônica é que ela vem substituir a presença ostensiva do agente de trânsito, que também é muito importante. A tecnologia é moderna, eficiente, mas não pode se sobrepor à presença de representantes do Estado nas vias púbicas”, afirma. Segundo ele, a figura do policial ou do guarda de trânsito tem papel fundamental na prevenção de acidentes e infrações, além de melhorar as condições de circulação na cidade. “A multa registra o problema, mas a sociedade não aprende coletivamente com isso. Quando a autoridade policial se faz presente, o respeito às leis de trânsito é muito maior”, diz. 

Estado

Em Minas Gerais, as irregularidades do ano passado também subiram mais que o número de novos motoristas nas ruas no mesmo período. Com 3.008.048 infrações registradas em 2011, Minas teve 8% mais multas em relação a 2010, ano em que 2.783.847 autos foram lavrados. No mesmo intervalo de tempo, as novas habilitações passaram de 4.755.658 para 5.091.702, crescimento de 7%. Os dados mostram que nos dois anos mais da metade dos motoristas praticaram alguma irregularidade no trânsito e foram flagrados pela fiscalização eletrônica ou por agentes.

Fonte: Estado de Minas

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