terça-feira, 17 de abril de 2012

ECONOMIA GLOBAL CRESCE LENTAMENTE SEGUNDO FMI

O crescimento global está melhorando lentamente, conforme a recuperação nos Estados Unidos ganha força e os perigos provenientes da Europa diminuem, mas os riscos continuam elevados e os ganhos ainda são muito frágeis, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira.

Outra escalada da crise da dívida soberana da zona do euro ou um forte aumento dos preços do petróleo por causa de incertezas geopolíticas pode facilmente minar a confiança e atrapalhar a melhora no crescimento da economia mundial, disse o FMI.

"Com o passar da crise e algumas boas notícias sobre a economia dos EUA, um certo otimismo voltou. Isso deve continuar moderado", disse Oliver Blanchard, economista-chefe do FMI, no mais recente relatório Perspectiva Econômica Mundial.

"Mesmo sem outra crise europeia, a maioria das economias avançadas ainda enfrenta grandes freios ao crescimento. E o risco de outra crise ainda está muito presente e poderia muito bem afetar tanto as economias avançadas quanto as emergentes", acrescentou.

A economia global está no caminho para uma expansão de 3,5 por cento este ano e de 4,1 por cento em 2013, ligeiramente acima dos 3,3 por cento e dos 3,9 por cento, respectivamente, que o FMI havia previsto em janeiro, quando a preocupação do mercado era de que a Grécia poderia dar um calote e Itália e Espanha enfrentavam crises orçamentais.

Desde então, a Grécia reestruturou sua dívida, Itália e Espanha estão adotando duras medidas fiscais e os líderes da zona do euro concordaram em ampliar seu fundo de resgate, reduzindo as tensões nos mercados financeiros.

Os Estados Unidos, neste meio tempo, estão gradualmente ganhando fôlego, enquanto a China e outras economias emergentes parecem estar no caminho de uma desaceleração gradual sem quebrarem, afirmou o relatório.

Mas os ganhos são precários. No caso de a crise de zona do euro estourar mais uma vez, isso poderia desencadear uma ampla venda de ativos de risco e tirar 2 por cento do crescimento mundial ao longo de dois anos e 3,5 por cento da zona do euro, alertou o FMI.

Além disso, um aumento de 50 por cento no preço do petróleo também reduziria a produção global em 1,25 por cento, acrescentou o FMI.

Para garantir a recuperação global, o FMI insistiu que os bancos centrais nos Estados Unidos, zona do euro e Japão estejam prontos para oferecer mais afrouxamento monetário, os governos sejam cautelosos com o ritmo de cortes no orçamento dentro do possível e a Europa considere utilizar recursos públicos para recapitalizar os bancos.

ZONA DO EURO INSTÁVEL, EUA MELHORAM

Embora os líderes europeus tenham feito "grandes progressos" na criação de ferramentas de proteção contra o contágio financeiro, a região enfrenta um equilíbrio complicado entre cortar a dívida pública e restabelecer a competitividade sem sufocar excessivamente o crescimento, advertiu o Fundo.

Os bancos europeus também estão desalavancando, o que reduzirá o balanço deles em 2,6 trilhões de dólares nos próximos dois anos e cortará cerca de 1 por cento de crescimento este ano.

"Más notícias no front macroeconômico ou político ainda carregam o risco de provocar o tipo de dinâmica que vimos no outono (do hemisfério norte) passado", disse o FMI.

A zona do euro provavelmente deve passar por uma recessão leve este ano, encolhendo 0,3 por cento e, em seguida, crescendo 0,9 por cento em 2013, disse o FMI. Essa é uma pequena melhora em comparação à contração de 0,5 por cento em 2011 seguida de 0,8 por cento de crescimento, previsto em janeiro.

Os Estados Unidos, entretanto, estão "saindo do fundo do poço por conta própria" à medida que as condições domésticas melhoram, disse o FMI, embora o ritmo de crescimento permaneça limitado pelos consumidores endividados, pelo alto desemprego e por um mercado imobiliário fraco.

O FMI elevou sua previsão para os EUA para 2,1 por cento este ano, acima do 1,8 por cento em janeiro. Para 2013, a previsão subiu para 2,4 por cento, de 2,2 por cento. O Fundo vê o desemprego este ano mantendo-se em seu nível atual de 8,2 por cento, e caindo levemente para 7,9 por cento em 2013.

ECONOMIAS EMERGENTES RESILIENTES

O FMI está otimista sobre as perspectivas para a China, mantendo as previsões de crescimento em 8,2 por cento este ano e 8,8 por cento em 2013. O investimento interno forte e o consumo crescente à medida que a classe média se expande estão dando suporte ao crescimento e contrabalançando a desaceleração das exportações.

Economias emergentes e em desenvolvimento em geral devem crescer 5,7 por cento este ano e 6 por cento no próximo ano, uma ligeira revisão para cima ante à previsão de 5,4 por cento e 5,9 por cento feita em janeiro.

O desafio dessas nações é evitar o superaquecimento enquanto mantêm espaço para estímulo fiscal e monetário caso haja riscos provenientes da zona do euro ou os altos preços do petróleo se espalhem, disse o FMI.

Fonte: Reuters

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