quarta-feira, 13 de junho de 2012

PROBLEMA DOS BANCOS ESPANHÓIS PODE AFETAR A ZONA DO EURO

"Horrível". Foi assim que o economista Paulo Gala, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), classificou a ajuda de cerca de € 100 bilhões aos bancos espanhóis, anunciada no último sábado (9) pela Zona do Euro. Segundo o especialista, o aporte financeiro não resolverá os problemas do setor, e a liberação do montante pode fazer com que outros países também peçam ajuda, aprofundando a crise.

O rebaixamento da nota de mais 18 bancos pela agência Fitch, apenas um dia depois da instituição ter diminuído a avaliação do Santander e do BBVA, também aumentou as suspeitas do problema de liquidez do setor como um todo.

O ministro das finanças da Espanha, Luis de Guindos, afirmou que o aporte não está condicionado a mudanças macroeconômicas, pois não se trata de um resgate, mas de um empréstimo. No entanto, Gala duvida que a Zona do Euro não vá exigir mudança na política econômica do país.

"Eles (eurogrupo) devem estar condicionando sim algumas metas, algumas contrapartidas que a Espanha não vai ter como cumprir. O próprio mercado não está acreditando muito nesta ajuda", analisa.

Uma das grandes preocupações é que esta ajuda possa contaminar o setor em outros países que também enfrentam problemas de liquidez, como a Itália. Para o economista, se as políticas econômicas atuais persistirem, o futuro do velho continente será "sombrio".

"Eu acho que eles estão indo por um caminho muito ruim, com este tipo de medida, que são apenas paliativas. A volta do crescimento só será atingida com gastos públicos, investimento, que não é a política econômica atual da zona. O aumento do salário na Alemanha para gerar demanda também pode ser importante", explica. 

Mudanças políticas

A vitória de François Hollande, na França, animou alguns especialistas de que as prioridades econômicas poderiam mudar, com aumento no investimento e nos gastos públicos, já que esta foi a bandeira levantada pelo atual presidente durante sua campanha. Porém, Gala afirma que estas questões podem piorar ainda mais a situação do continente.

"Estas políticas atuais são promovidas pela Merkel (chanceler da Alemanha) e pelo menos o Sarkozy (ex-presidente francês) se submetia a ela, o que levava a uma certa harmonia econômica. Agora, o Hollande vai querer bater de frente, mas não acredito que ele vai ter poder político para isso, o que deverá deixar o ambiente ainda mais instável", acredita. 

O economista se mostra muito pessimista com o futuro da Zona do Euro. "Há meses estamos falando da mesma coisa, dos mesmos problemas e eu não vejo solução. A cada dado que eu recebo, mais pessimista eu fico", finaliza.

Fonte: Jornal do Brasil

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