quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

EL BARADEI VOLTA AO EGITO NO TERCEIRO DIA DE MANIFESTAÇÕES

Policiais enfrentaram manifestantes na quinta-feira em duas cidades do leste do Egito, e o político reformista Mohamed El Baradei, Prêmio Nobel da Paz, regressou ao país para aderir a um grande protesto na sexta-feira contra o regime do presidente Hosni Mubarak.

Um manifestante beduíno foi baleado e morto pelas forças de segurança na região do Sinai (nordeste), elevando a cinco o total de mortos em três dias da atual onda de protestos, inspirada na rebelião popular que derrubou o governo tunisiano neste mês.

Em sinal de que o desafio a governos autoritários está se espalhando pela África e o Oriente Médio, policiais também entraram em confronto com manifestantes no Iêmen e no Gabão.

Em Suez, no leste do Egito, policiais usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos de água contra centenas de manifestantes que exigem a renúncia de Mubarak, no poder há 30 anos. Os participantes do protesto atiraram pedras e bombas incendiárias contra as barreiras policiais. Houve confrontos também em Ismailia, outra cidade do leste egípcio.

Pelo Facebook, os organizadores convocaram protestos ainda maiores para sexta-feira, dia que é parte do fim de semana egípcio.

"Vou participar", disse El Baradei ao embarcar para o Egito. Ele vive em Viena, onde até 2009 dirigiu a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), cargo no qual recebeu o Nobel.

"Eu gostaria que não tivéssemos de sair às ruas para pressionar o regime a agir", disse El Baradei, ao defender a renúncia de Mubarak. "Ele serviu ao país por 30 anos, e é hora de que se aposente", afirmou.

El Baradei eventualmente é criticado no Egito por passar muito tempo fora do país, mas analistas dizem que ele pode servir como líder para o movimento de protesto. O canal de TV Al Arabiya informou, em um breve letreiro exibido na tela, que El Baradei se disse "pronto para assumir o poder durante um período transitório se as ruas exigirem isso." 

A exemplo dos tunisianos, os egípcios se queixam do desemprego, da corrupção e do autoritarismo. Um funcionário do governo norte-americano disse que os protestos são "uma grande oportunidade" para que Mubarak, um dos principais aliados dos EUA na região, promova reformas políticas. O subassessor de Segurança Nacional Denis McDonough também pediu que governo e manifestantes evitem a violência.

A Al Arabiya disse que 40 egípcios estão sendo processados por tentarem "derrubar o regime". Na manhã de quinta-feira, um posto policial foi incendiado em Suez. Na véspera, outras instalações do governo e do partido oficial haviam sido atacadas na cidade. O governo disse que precisou intervir contra o "vandalismo". Três manifestantes e um policial haviam morrido na terça-feira, primeiro dia da onda de distúrbios.

No Facebook, uma página anunciando o novo protesto na sexta-feira ganhou mais de 55 mil adesões em menos de 24 horas. "Muçulmanos e cristãos do Egito sairão para lutar contra a corrupção, o desemprego, a opressão e a ausência de liberdades", escreveu um ativista no Facebook, site que, junto com o Twitter, tem sido crucial para convocar os protestos.

A principal Bolsa de Valores do Egito sofreu na quinta-feira a segunda maior queda em um só dia na sua história, e as cotações de duas ações ligadas ao Egito também despencaram na Bolsa de Londres.

Fonte: Reuters

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