domingo, 13 de fevereiro de 2011

EGITO COMEÇA A VOLTAR A NORMALIDADE

O Egito começa a recuperar o ritmo normal de suas atividades econômicas, quase paralisadas desde o final do mês passado, com o início neste domingo de sua primeira semana de trabalho após a revolução que derrubou o presidente Hosni Mubarak.


Soldados ajudam na retirada das barracas - Foto: AFP
Como uma indicação desse retorno gradativo à normalidade, a praça Tahrir, epicentro dos protestos contra o regime de Mubarak, foi reaberta parcialmente ao tráfego, embora ainda houvesse tendas de campanha de grupos de manifestantes.

Muitas lojas fecham tradicionalmente aos domingos, mas a maioria das empresas privadas e as repartições públicas iniciam sua semana laboral, e já desde as primeiras horas desta manhã se via que o Cairo recuperava seu ritmo normal.

O primeiro-ministro do governo provisório, Ahmed Shafiq, que se mantém em suas funções após ter sido nomeado por Mubarak no dia 29 de janeiro, convocou a imprensa na sede do gabinete.

Para Shafiq, um general da Força Aérea que vai se aposentar, será a primeira vez que comparece perante os jornalistas desde a renúncia de Mubarak, na sexta-feira passada. Até agora, os únicos anúncios oficiais partiram das Forças Armadas.

O Conselho Supremo das Forças Armadas, ao qual Mubarak entregou o poder, anunciou neste sábado que todos os membros do governo anterior à revolução, assim como os governadores provinciais, se mantêm em seus postos. Mas seu mandato é provisório, "até que seja formado um novo governo", segundo anunciou em seu comunicado número 4 o Conselho.

Nessa nota, os militares egípcios se comprometeram a uma "transição pacífica de autoridade" e entregar o poder a autoridades civis que sejam escolhidas em eleições livres e que tenham a missão de "construir um estado livre e democrático".

Foto Reuters
Mas para esse compromisso não estabeleceu datas, e também se desconhece que passos concretos os militares adotarão quanto às outras instituições, como o Parlamento, e a reforma da Constituição e outras leis fundamentais.

Após 18 dias de protestos, Mubarak renuncia

Começou no dia 25 de janeiro - uma data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet, com o uso da hashtag #Jan25 no Twitter. Naquela terça-feira, os egípcios começaram uma jornada que durou 18 dias e derrubou o presidente Hosni Mubarak. Naquele momento, o líder que estava no poder há 30 anos ainda tinha poderes. No dia 28, ele cortou o acesso à internet e declarou toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não iria renunciar. Em pronunciamento, disse apenas que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população.

No dia 29, uma nova administração foi anunciada. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. A repressão continuou, e Mubarak colocou a polícia antimotins nas ruas novamente. Nada adiantava. A população aderia em número cada vez maior às manifestações, e a oposição começava a se movimentar. A nova cartada do líder de 82 anos foi anunciar que não participaria das próximas eleições. Mais uma vez sem sucesso. No dia 2 de fevereiro, manifestantes pró e contra Mubarak travaram uma batalha campal na praça Tahrir com pedras, paus, facas e barras de ferro. Depois, houve perseguição a jornalistas.

Os dias subsequentes foram de diálogo e protestos pacíficos. No 17º dia de protestos, centenas de milhares receberam no centro do Cairo a notícia de que o líder poderia, finalmente, renunciar. O esperado pronunciamento se transformou em um balde de água fria quando Mubarak disse que não renunciaria, apesar de passar alguns poderes ao vice, Omar Suleiman. A fúria tomou conta da praça Tahrir, e ninguém levantou acampamento. Por fim, no final da tarde da sexta-feira, dia 11 de fevereiro, Suleiman, em um rápido pronunciamento na TV estatal, informou que Mubarak renunciava, abrindo um novo capítulo na história do Egito.

Fonte: Terra

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