segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

RONALDO PÕE UM FINAL EM SUA CARREIRA DE JOGADOR

A carreira do maior artilheiro da história das Copas do Mundo, com 15 gols marcados em três mundiais, chegou ao final nesta segunda-feira. Extremamente emocionado, o atacante Ronaldo anunciou, no CT Joaquim Grava, do Corinthians, o fim da sua trajetória no futebol profissional. O jogador não escondeu a emoção e decretou a aposentadoria como "a primeira morte".

Leia os melhores momentos da coletiva de Ronaldo:

O anúncio

"Ai, ai... Então, como vocês devem imaginar, ouviram falar neste final de semana, eu estou aqui para - fiz até uma cola tremenda -, falar que estou encerrando a minha carreira como jogador profissional. Tenho que dizer que essa carreira foi linda, maravilhosa, emocionante, de muitas derrotas, infinitas vitórias. Fiz muitos amigos, não me lembro de ter feito nenhum inimigo e, enfim, estou antecipando o fim da minha carreira por alguns motivos importantes. Todos sabem daqui do meu histórico de lesões. Tenho tido nos últimos dois anos uma sequência muito grande de lesões que vão de um lado para o outro do corpo, de uma perna para a outra, de um músculo para o outro. Essas dores me fizeram aqui antecipar o fim da minha carreira.(...) Eu perdi para o meu corpo e esse é o momento e farei outras coisas."

Hipotireoidismo

"Há quatro anos, no Milan, eu descobri sofria com um distúrbio que se chama hipotireoidismo, que desacelera o metabolismo. Para controlá-lo, precisaria tomar hormônios os quais não são permitidos. Muitos repórteres devem estar arrependidos de fazerem chacota com meu peso, com comentários maldosos. Não guardo nenhuma mágoa, só queria explicar isso no último dia da minha carreira. (...) O Corinthians sempre soube de tudo. O hipotireoidismo desacelera o teu metabolismo e é isso, mas sempre quis jogar. Banquei todo o sacrifício que quis fazer para voltar a jogar."

Corinthians

"Em um café da manhã, no Rio de Janeiro, onde o Fabiano Farah, que durante nove anos foi meu agente, discutia com o Rosenberg (vice de marketing do Corinthians), eu e presidente Andrés Sanchez tomamos um café, apertamos a mão e falamos que naquele momento eu seria do Corinthians, independente do acordo que fosse e que poderia até assinar em branco. (...) Quero agradecer toda a torcida brasileira que vibrou comigo, torceu comigo, chorou comigo quando chorei, que caiu comigo quando cai, mas dessa torcida brasileira, quero agradecer em especial a torcida do Corinthians. Eu nunca vi uma torcida tão empolgante, tão apaixonada, tão entregue a um time de futebol. Às vezes, a falta de resultados faz essa torcida um pouco agressiva, um pouco fora do controle. Eu falei que eu não imaginava ter vivido sem o Corinthians, e não consigo imaginar. Quero agradecer ao presidente e pedir desculpas publicamente por ter fracassado no 'projeto Libertadores'. A história foi linda, maravilhosa. Continuarei ligado e vinculado ao clube da maneira que você quiser. Muitas vezes vocês irão me ver no estádio. Eu estava muito mais emocionado na hora em que fui falar os jogadores. Eu agradeci a todos eles (jogadores), ao Tite, por cada minuto e segundo que tive com eles e que, como sempre fiz desde que cheguei aqui, continuarei fazendo: nos momentos mais difíceis vou entrar na frente deles para receber todo e qualquer bombardeio, farei isso do lado de fora, talvez com menos força, porque minha força sempre foi responder tudo dentro de campo.(...) Estou até com saudades de concentração. Vou pegar a família e ir pra Itu (risos)."

"Primeira morte"

"Parecia que eu estava quebrado (chora). Essa semana depois de mais uma lesão no adutor eu refleti muito e decidi que era o momento. Sempre dei o máximo, que nunca imaginei que poderia chegar, no sacrifício. A partir de quinta-feira, quando decidi, parecia que estava em uma UTI em estado terminal e que esse anúncio é a minha primeira morte. É muito duro você abandonar algo que te fez tão feliz, que você se doou tanto e que poderia ainda seguir, porque psicologicamente ainda quero muito, mas também tenho que assumir algumas derrotas."

Dores diárias

"Não tenho elevador dentro da minha casa. Sinto dores para subir uma escada. Todos que falei sobre a possibilidade de me aposentar, todos me entenderam e na primeira vez que falei me apoiaram. Eu doei minha vida ao futebol, fiz todos os sacrifícios, os mais duros, impensáveis, e não me arrependo de nada. Foi lindo demais, maravilhoso demais, foi difícil demais, lógico. (...) Fiz um esforço de memória e esse último ano, de 2010, foi péssimo, muitas lesões. E já começar o ano assim, foi duro. A minha cabeça pensava assim: vou driblar o zagueiro e ganhar na corrida. Mas, não conseguia fazer isso, o que acabou me motivando a parar"

Família

"Minha família estava viajando e quinta-feira, quando eu decidi parar, vi que as dores me possuíam, consumiam-me, e não conseguia pensar em mais nada. Eu expliquei para eles (filhos) ontem (domingo). O Ronald entende mais, o Alex, vocês (jornalistas) estão vendo, não está muito ligado nisso. Também quando o Washington anunciou a carreira com os filhos achei lindo."

Momentos mais importantes

"Com a Seleção Brasileira foi na Copa de 2002, que foi o título mais importante da minha carreira. O segundo momento foi ter visto esse 'bando de loucos'. Só de ter convivido com eles, ter me tornado um deles, foi lindo, demais. Esses dois foram os momentos mais importantes da minha carreira."

Futuro

"Trabalhar em comissão técnica não, em direção também não. Eu serei uma espécie de um embaixador institucional do Corinthians, levando o nome do Corinthians mundo a fora e ajudar cada vez mais patrocínio."

Queda para o Tolima

"Temos que assumir tudo para ser um grande campeão, todas as derrotas. Tenho minha parcela de culpa pela eliminação, e ela foi muito grande, mas sou humilde suficiente para assumir qualquer erro que eu tenha cometido. Sempre faço as coisas tentando ser o mais correto possível para mim e para os outros, sou assim e fui o primeiro a falar isso com o presidente."

Missão cumprida

"Não faria nada diferente. Se minha história voltasse uns 15, 20 anos, com a medicina mais avançada, meus problemas, em um momento futuro, poderiam ser resolvidos de uma forma mais rápida e mais fácil. Minha carreira foi linda, digna, sempre tudo que fiz foi maravilhoso. Sentirei muita saudade. Já estou com saudade de voltar a jogar, aquela sensação de competição, protagonismo quando você faz um gol da vitória, mas, enfim, deu a hora e temos que olhar para frente.(...) Só faltou a Libertadores."

Céu e inferno

"O brasileiro valoriza seu ídolo, idolatra, talvez menos que outros lugares, mas o brasileiro trata bem seus ídolos. (...) Em nenhum momento, quando pensava nessa decisão, pensei nos protestos, que jamais podem ser violentos."

Primeiro momento do último anúncio

"Eu não classifico as minhas derrotas. Classifico as minhas vitórias. As derrotas vêm para ensinar sempre. Você aprende mais perdendo do que ganhando, foi bom ter perdido bastante que me ensinou muito e principalmente como homem, me comportar. A derrota para o Tolima me fez repensar. Eu começei a pensar na aposentadoria no dia seguinte à eliminação da Libertadores. E isso foi só aumentando".

Fonte: Terra

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