terça-feira, 21 de junho de 2011

INFLAÇÃO DESACELERA, MAS AINDA EXIGE CUIDADO

Índices de inflação de meados de junho mostraram forte arrefecimento, confirmando as expectativas de um quadro inflacionário mais benigno no mês, mas o detalhamento dos dados ainda aponta algumas pressões e ressalta que a batalha não foi vencida.

Os indicadores divulgados nesta terça-feira reforçam a expectativa de que o ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central ainda não acabou, levando as projeções de juros futuro a subir após vários dias perto da estabilidade.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,23 por cento em junho, menor taxa desde agosto do ano passado, frente a 0,70 por cento registrada em maio.

Analistas consultados pela Reuters previam inflação de 0,17 por cento, segundo a mediana das projeções .

Também divulgado nesta manhã, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) teve deflação de 0,21 por cento na segunda prévia de junho, ante alta de 0,66 por cento em igual período de maio .

"Esperamos outro declínio na inflação pelo IPCA até o fim do mês (IPCA fechado de junho), para cerca de 0,05 por cento, embora o resultado de hoje coloque um viés para cima nessa previsão", avaliou o Citigroup em relatório.

No mercado futuro, as projeções de juros subiam com o IPCA-15 acima da mediana das previsões.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) janeiro de 2012 projetava 12,43 por cento ao ano, contra 12,42 por cento no ajuste da véspera. O DI janeiro de 2013 estava em 12,54 por cento, ante 12,49 por cento.

LADO RUIM

O arrefecimento dos índices deveu-se, em grande parte, à queda dos preços de alimentos --que vinham subindo fortemente e agora revertem esse movimento, além de incorporar o recuo das commodities-- e dos transportes --com a normalização da safra da cana-de-açúcar tirando a pressão dos combustíveis.

Assim, a desaceleração deve ser temporária, segundo analistas.

A partir de agosto, os índices devem voltar a subir, apesar de não tanto quanto no primeiro quadrimestre do ano, quando uma série de reajustes de preços administrados e monitorados e pressões pontuais pressionaram a inflação.

Prova disso é o detalhamento do IPCA-15. O índice de difusão ficou quase estável, passando de 62,8 por cento em maio para 62,5 por cento em junho. A média dos três núcleos teve alta de 0,56 por cento, o que em termos anualizados mostra inflação de 6,9 por cento, segundo o Citigroup, acima do teto da meta de inflação do ano, que é de 6,5 por cento.

"O alto nível de difusão e do núcleo indica que as pressões inflacionárias continuam espalhadas pela economia", acrescentou o banco.

Entre os IGPs, o movimento deve ser similar. Os índices fechados de junho devem ter deflação, mas será temporária.

"A queda da inflação é bem-vinda e importante... (mas) é um um quadro que ainda exige cautela, vigilância", disse Zeina Latif, economista sênior para América Latina do RBS.

O Banco Central adotou medidas de contenção de crédito e também vem elevando a taxa básica de juro para conter a inflação. Analistas esperam novo aumento da Selic em julho, de 0,25 ponto para 12,50 por cento ao ano.

"É desnecessário dizer que acreditamos que maior aperto na política monetário é necessário para melhorar o comportamento dos preços no médio prazo", disse Flávio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank.

Por enquanto, a expectativa é de que o aperto em julho seja o último, mas esse cenário pode ser revisto caso a inflação e a economia não mostrem a contenção desejadas.

O IPCA-15 mediu os preços de 14 de maio a 13 de junho, enquanto o IGP-M apurou entre 21 de maio e 10 de junho.

Fonte: Reuters

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