quarta-feira, 4 de abril de 2012

MARCONI PIRILLO É PRESSIONADO A DEIXAR O CARGO

Com as investigações da Polícia Federal sobre o relacionamento que parte do governo de Goiás manteria com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, complica-se a situação do governador daquele Estado,Marconi Perillo (PSDB), e a maioria que nutre na Assembleia Legislativa é ameaçada pela série de movimentos públicos que teve início nesta quarta-feira, nas redes sociais da internet. Na principal delas, o Facebook, a página intitulada “Movimento Fora Marconi” permanece no ar desde o dia 7 de fevereiro. Outras convocam, para a semana que vem, uma série de manifestações e protestos no centro desta capital.

Segundo assessor parlamentar afirmou ao Correio do Brasil, na condição de anonimato, “a maioria do governador na Assembleia é esmagadora, mas os parlamentares não são loucos o suficiente de ir contra o próprio eleitor”.

– E o povo, aqui em Goiás, está muito aborrecido com essa sequencia de escândalos envolvendo o senador Demóstenes Torres e o governadorMarconi Perillo. Movimentos sociais, organizações não governamentais (ONGs), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), um grupo cultural muito respeitado em Goiânia, a própria Federação do Comércio estão mobilizados para pressionar o governo a se explicar e, caso não consiga convencer a opinião pública, até mesmo deixar o cargo – disse.

O deputado estadual petista Luiz Cesar Bueno iniciou, nesta manhã, a colheita de assinaturas para que o governador Perillo seja chamado a depor perante a Assembleia, mas “a chance de isso acontecer é muito remota”, resigna-se o assessor.

Ligações perigosas

Um relatório da Polícia Federal a que jornalistas tiveram acesso mostra as ligações entre a chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Eliane Pinheiro, pessoa próxima e da inteira confiança de Perillo, passava informações sigilosas sobre operações policiais ao contraventor. Segundo o Ministério Público Federal, as informações foram repassadas para envolvidos em ações criminosas, o que prejudicou as investigações.

Eliane Pinheiro, que renunciou ao cargo nesta quarta-feira, recebeu informações de Cachoeira e avisou um prefeito que ele era alvo daOperação Apate, da PF, que investiga uma evasão fiscal calculada em R$ 200 milhões, segundo o relatório policial. A operação também investigou, ao longo de 2011, fraudes tributárias em prefeituras do interior goiano.

Pinheiro negou envolvimento no vazamentos de informações. Disse que não avisou o prefeito e que os telefonemas grampeados pela Polícia Federal e o envolvimento dela na investigação estão errados:

– Trata-se de outra pessoa – disfarçou.

Ainda segundo o relatório da Operação Monte Carlo, também conduzida pela PF, Cachoeira e Eliane Pinheiro trocaram telefonemas e mensagens por um telefone encriptado, do mesmo modelo que o senador Demóstenes Torres (sem partido) recebeu de presente do contraventor. Num dos trechos das gravações realizadas com autorização judicial, Cachoeira pergunta a Eliane se ela falou “pro maior”. Ela respondeu que sim, e acrescentou:

– Estou com ele aqui. Tá aqui. Imagina como que tava.

Não ficou claro se “o maior” a que ela se referia era o próprio governador.

Pede para sair

Na carta de exoneração escrita por Eliane Pinheiro, ela afirma que é vítima da imprensa, que insiste em envolvê-la no caso. “A imprensa foi implacável e de todas as maneiras tentou me envolver, destacando as suas suspeitas em letras garrafais, no alto das páginas, e só corrigindo, após os meus esclarecimentos, em letras miúdas, em um canto qualquer das edições”.

Nas explicações da ex-chefe de gabinete, a Eliane que aparece nas gravações não é ela, e sim outra pessoa. “Fui também vítima de um grande equívoco pela coincidência do meu nome com o de uma outra Eliane, que desconheço, e que protagoniza conversas telefônicas grampeadas na investigação”, disse a carta da ex-assessora.

Eliane Pinheiro alega ter sido pré-julgada e acusada, sem o devido processo legal. “Em qualquer país civilizado, somente os tribunais aplicam penas e, mesmo assim, após um processo de apuração de culpas e mediante o exercício do direito de defesa.” Ela afirmou, ainda, ter sido tragada pela “histeria coletiva” que teria tomado conta do país.

A ex-assessora de Marconi Perillo acrescenta que se afasta do cargo porque não pretende colaborar para “transformar o governo do Estado, a que servi com dedicada abnegação, em alvo de especulações da mídia”.

Fonte: Jornal do Brasil

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