sábado, 12 de março de 2011

NORTE DA ÁFRICA PREOCUPA GUTERREZ

A situação no norte da África pode piorar e a transição da Tunísia para a democracia vai levar tempo e exigir apoio de outros países, como aconteceu com Portugal depois da revolução dos cravos, disse o ex-primeiro-ministro português Antonio Guterrez, em Genebra, agora Alto Comissário da ONU para os Refugiados, de volta de uma viagem de avaliação da situação na fronteira da Tunísia com a Líbia.

Antonio Guterrez, ex-primeiro-ministro português, esteve na fronteira da Tunísia com a Líbia, com o dirigente da Associação Internacional de Migrações, Wiliam Swing, e ambos fizeram, em Genebra, na ONU, um relato do que viram e disseram o que temem.

Dessa avaliação destacam-se a preocupação de ambos pelo risco de uma agravação da crise, com a já existente guerra-civil na Líbia, e com os milhares de tunisianos, que fogem da Líbia, para se tornarem desempregados no seu país.

Ambos destacaram a maneira solidária como o povo e autoridades locais tunisianas têm recebido os refugiados e as organizações de ajuda. Chamou a atenção de William Swing o fato de que todos que chegam da Líbia preferirem voltar para seus países e não pedirem refúgio em outro país.

Cerca de 250 mil pessoas já passaram a fronteira e 130 mil já foram enviadas aos seus países. Existem tendas e barracas suficientes, mas os vôos de repatriamento custam caro, 300 mil dólares cada, o que tem implicado numa despesa diária de três milhões e seiscentos mil dólares. Sem contar a alimentação dos refugiados nas barracas. Para se aumentar a cadência dos repatriamentos, disse William Swing, será preciso mais dinheiro.

O antigo primeiro-ministro português, Antonio Guterrez, destacou para os países reunidos em torno da avaliação permitida por sua viagem ao local, haver ainda muitos imigrantes na Líbia que ficaram lá dentro com medo de sair e serem confundidos seja com mercenários ou com revoltados contra Kadhafi.

Antonio Guterrez destacou a solidariedade dos tunisianos para com os refugiados, mas teme que as coisas se compliquem nos próximos dias e semanas com um fluxo maior de pessoas, entre elas os próprios líbios contrários a Kadhafi em fuga, o que exigirá a acolha de milhares de pessoas a serem distribuídas entre diversos países, pois a Tunísia não poderá acolher todos os refugiados líbios.

Para ele a revolução do jasmim lembrou a dos cravos, e que Portugal precisou de dois anos para encontrar o equilíbrio, por isso a Tunísia, assim como os outros países vão precisar de apoio, nessa transição. Uma transição que poderá levar alguns anos até se chegar a uma normalização, acentuou Guterrez.

Fonte: Correio do Brasil

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