terça-feira, 17 de maio de 2011

CHEVRON POLUI MAR DE LÂNDANA, DESEQUILIBRA MEIO AMBIENTE E DIFICULTA A VIDA DOS PESCADORES EM ANGOLA

A pesca artesanal na vila de Lândana, município de Cacongo, 45 quilômetros  ao norte da cidade de Cabinda, está praticamente paralisada, em virtude da diminuição de peixes, provocada pelos sucessivos derrames de petróleo, informou o Jornal de Angola.  

Os derrames, que frequentemente ocorrem naquela zona, além de causarem poluição no mar, matam e afugentam os peixes e reduzem os níveis da sua captura. 

André Mavinga, pescador há mais de 25 anos, salientou que antes do surgimento dos derrames de petróleo no mar de Lândana, os níveis de captura de pescado foram sempre grandes e sem ter que navegar muitas milhas para pescar.

Para o pescador, as empresas petrolíferas que operam na província são responsáveis ou cúmplices pelos derrames e ainda exigem que os pescadores fiquem longe das suas plataformas.

A pesca é a principal atividade das comunidades ribeirinhas de Lândana. André Mavinga diz que está prestes a abrir falência e muitos pescadores da região estão na mesma situação. A vida econômica e social dos pescadores e das suas famílias está estrangulada. 

"A única coisa que sabemos fazer é pescar. A pesca é a nossa fonte de sustento e com o desaparecimento do peixe a nossa vida vai piorar. As petrolíferas têm de acabar com os derrames de petróleo no mar porque estão nos matando de fome", disse André Mavinga.

Os pescadores de Lândana decidiram retirar as redes do mar, para evitar desgaste físico, já que as suas embarcações são ao remo. Fazer grandes esforços a remar e a lançar as redes para nada pescar, não vale a pena, disse André Mavinga.

"Mas também paramos a nossa atividade para não contrairmos doenças provocadas por inalação de gases produzidos por substâncias oleosas que estão a boiar no mar". No mar de Lândana, só este ano, já se registaram três derrames de petróleo, situação que continua a afetar a actividade de pesca e se reflete no aumento da pobreza nas comunidades de pescadores.

André Mavinga lamentou igualmente a atitude da empresa petrolífera Chevron: "eles dão-nos indemnizações ridículas e às vezes apenas nos entregam redes de pesca que ficam cheias de óleo".

Dias piores

O coordenador da atividade piscatória de Lândana, Manuel Filipe, que desempenha a função desde 1982, afirmou que as fracas capturas de peixe na região começaram há 20 anos.

Manuel Filipe perspectiva piores dias para os pescadores da vila de Lândana, porque mesmo pescando num raio de mil metros já ninguém consegue capturar 50 quilos de peixe como acontecia antigamente. 

Pescador desde 1958, Manuel Filipe manifesta preocupação pelos sucessivos derrames de petróleo que ocorrem no mar de Lândana e que matam ou afugentam o peixe. O presidente da Associação dos Pescadores de Cacongo, José dos Santos, encorajou os seus associados a terem esperança em dias melhores, uma vez que existem projectos em carteira para inverter o quadro das dificuldades que os pescadores de Cabinda e de Landâna estão a enfrentar. 

José dos Santos pediu à todos os pescadores e associados para aderirem à iniciativa, pois ela visa acudir às dificuldades que enfrentam, sobretudo no que se refere aos instrumentos de trabalho. 

Para José dos Santos, os pescadores não devem somente interessar-se em receber dinheiro das indenizações, mas sim exigir apoios que garantam a continuidade da atividade. 

José dos Santos pediu ao Governo Provincial é à Chevron para apoiarem os pescadores: "a melhor forma de nos apoiarem é acabarem com os derrames de petróleo no mar". O responsável da associação de pescadores informou que a Chevron tem um projecto denominado "tuende tuavuba" cujo significado em português é "vamos pescar" que visa apoiar os pescadores da província.

Fonte: Jornal de Angola

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